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Terça, 16 Abril 2024

Poluição do ar em Manaus está o dobro do aceitável pela OMS


Fumaça tomou conta de Manaus. Foto: Sílvia Pinho/Cedida

MANAUS – A nuvem de fumaça que tomou conta de Manaus há dois dias prejudica a qualidade do ar na cidade. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a poluição atmosférica na cidade está o dobro da considerada aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A situação se deve a quantidade de material particulado fino disponível no ar que forma a fumaça.

“O monitoramento do Inpe indica que, hoje (2), Manaus está com 60 a 80 microgramas por metro cúbico de material particulado fino na atmosfera. A OMS diz que o máximo aceitável é de 40, acima disso já começa a apresentar riscos a saúde. Não quer dizer que provoque mortes, mas prejudica as pessoas”, explica o pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe, Saulo Freitas.

Para se ter uma ideia, o pesquisador explica que na estação chuvosa a quantidade de partículas na atmosfera varia de 10 a 20 microgramas metro cúbico. No mapa abaixo, gerado pelo Inpe, as áreas em azul são as com qualidade do ar considerada 'boa' e as em marrom são as mais poluídas. Manaus apresenta cores amarelo e laranja, classificadas como ruim e péssimo. Na região oeste do Pará, de onde vem parte da fumaça, a área está em marrom, ou seja, em situação crítica e bastante poluída.
Monitoramento do Inpe mostra poluição em Manaus. Imagem: Reprodução/InpeO material particulado fino é o mais nocivo à saúde, pois a partícula é pequena e entra com mais facilidade no sistema respiratório. “Esse dado não quer dizer que em toda a cidade de Manaus o ar esteja igualmente poluído. O número é um valor médio calculado em 20 por 20 quilômetros. Em alguns lugares, a poluição pode estar maior ou menor que isso”, acrescenta.
Solução
O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Gustavo Ribeiro, explica que o vento e a chuva podem devolver a qualidade do ar à atmosfera local. “O ar só pode ser limpo de duas maneiras: pelo vento, que levaria a fumaça para outras áreas, ou pela chuva, que precipitaria todas as partículas de poluição – fumaça – com as gotas d'água”, explica. Mas destaca que, primeiramente, os focos de calor, que são as fontes de fumaça, devem ser extintos ou controlados.

E as previsões não são animadoras caso a fumaça persista. “Estudos indicam que em regiões de grandes queimadas, onde têm muita fumaça, há dificuldade na formação de nuvens. Isso acontece porque a radiação solar não atinge a superfície da terrestre. Assim as temperaturas ficam mais amenas, mas o ar mais seco por falta de chuvas”, diz.

Causas da fumaça

De acordo com o monitoramento do Inpe, dois processos que contribuem para a fumaça sobre Manaus. “No mapa, vemos que a poluição está vindo de focos de calor a Nordeste, no Pará e no Maranhão, e de locais próximos a Manaus”, diz Freitas. “O transporte de poluição de locais distantes é perfeitamente possível, explicado e comprovado pela Ciência. O vento transporta fumaça para longas distâncias e, no caso da capital do Amazonas, são os ventos alíseos que estão trazendo a fumaça do Pará do Maranhão”, conclui.

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