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Sexta, 26 Abril 2024

Órgãos divergem sobre causas da fumaça que atingiu Manaus


Manaus amanheceu tomada por fumaça. Foto: Lorine Diogo/Cedida

MANAUS
– A capital do Amazonas amanheceu, nesta quinta-feira (1), encoberta por densa fumaça branca. O órgão responsável pelo controle o monitoramento ambiental do Estado, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) culpa os focos de calor na Amazônia Legal pela situação. No entanto, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o professor do curso de meteorologia e pesquisador da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Rodrigo de Souza, não vão tão longe para explicar a situação. “Essa situação é fruto de queimadas na Região Metropolitana de Manaus”, garante o professor.
De acordo com dados do monitoramento realizado pelo Inpe, nos últimos dias foram registrados 543 focos de queimadas na Região Metropolitana de Manaus. "Os municípios do Careiro [distante 88 quilômetros de Manaus] e de Manacapuru [a 68 quilômetros da capital] registraram 264 e 102, respectivamente, sendo os com maior número de ocorrências”, afirma o professor. No site do órgão consta que em setembro deste ano foram registrados 5.882 focos de incêndios e queimadas. No mesmo período do ano passado, foram 3.057.

Focos de calor na Amazônia Legal. Imagem: Ipaam/Divulgação

Por meio de nota, o Ipaam disse que “a fumaça é proveniente do mais de 47 mil focos de calor existentes em toda a Amazônia Legal, composta por nove estados. Do total, o Amazonas apresenta em torno de 5 mil. O sul do Estado é a região onde a situação é mais grave”.
Ainda de acordo com o órgão, a fumaça teve início na noite desta quarta-feira (30) e, por conta dos ventos, a maior parte teria origem no Oeste do Pará. O fenômeno El Nino também geraria uma inversão térmica que favorece a situação. 
Focos de queimadas na Amazônia Legal. Imagem: Ipaam/DivulgaçãoO meteorologista do Inmet, Gustavo Ribeiro, explica que é comum a ocorrência de queimadas nesta época do ano. O período que se estende de maio a novembro é conhecido como “verão amazônico” devido à redução da quantidade de chuva. “É comum a ocorrência de queimadas e, por consequência, fumaça em épocas secas, como é o caso de agora. Isso é comum em várias regiões do país e não está restrito às grandes cidades e capitais”, diz.
O professor da UEA concorda com Gustavo. “O período seco e as poucas chuvas favorecem que essa fumaça fique pairando sobre Manaus. Existem grandes chances que essa situação volte a se repetir até o fim de outubro e só se dissipe quando começar a chover, por volta de novembro”, opina.
Os dois especialistas descartam a influência do fenômeno El Niño no ocorrido. “Estamos com poucas chuvas e a circulação de ventos baixa, mas o El Nino apenas favorece a ocorrência de fumaça sobre Manaus, mas não é o culpado”, garante Rodrigo.
Consequências 
A situação afetou a rotina dos moradores da cidade. Nas ruas, pessoas usavam lenços para cobrir o nariz e respirar. A fumaça prejudicou o funcionamento do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Entre as 6h e as 8h43 da manhã, as operações foram realizadas por instrumentos, mas nenhum voo atrasou. O trânsito também foi afetado. Por volta de 6h30, o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) pediu cautela aos condutores que transitavam pela Avenida Torquato Tapajós, uma das principais vias da zona oeste da cidade, por causa da baixa visibilidade.

Imagem enviada pelo #minhaamazonia pelo internauta @nellodonto. Foto: Instagram/Reprodução

Combate e prevenção
O Ipaam diz que realiza desde setembro uma operação de combate às queimadas em parceria com outros órgãos para inibir focos incêndio no Sul do Estado. A ação, conforme o órgão, busca fiscalizar e punir os responsáveis quando identificados e sensibilizar a sociedade para a situação. Além do Sul do Estado, a Região Metropolitana também deve ser contemplada com as mesmas ações a partir da próxima segunda-feira (5).
Próximos dias
O Inmet prevê tempo estável nos próximos dias em Manaus, com poucas nuvens e pequena possibilidade de chuvas em áreas isoladas para o dia de amanhã (2). As temperaturas devem se manter altas, mínimas em torno dos 28°C e máximas em torno dos 37°C. “Se os focos que queimadas – fontes de fumaça – persistirem, provavelmente teremos mais dias parecidos como o de hoje”, alerta Gustavo Ribeiro.

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