O clipe faz um recorte histórico e político dos dias atuais. Segundo o vocalista Mencius Melo, o vídeo foi inspirado nas distopias que assumiram posições dramáticas no mundo, e, principalmente, no Brasil. “O clipe segue o roteiro ditado pela letra, que mostra a moderna história da loucura humana, que estamos vivendo no mundo e no Brasil”, destaca.
Ainda segundo ele, “O Fim do Mundo Aconteceu e Deus Esqueceu de Avisar” é um manifesto direto em defesa da cultura e de uma sociedade mais humana. “No Brasil atual, onde a arte e a educação viraram inimigos públicos, o Zona Tribal marca posição em defesa da liberdade de expressão”, declara o vocalista.
Roteiro e recortes
Os primeiros segundos do clipe “O Fim do Mundo Aconteceu e Deus Esqueceu de Avisar”, são marcados por introdução com imagens recortadas de índios, seringueiros e prédios históricos de Manaus, como o antigo Paço Municipal, hoje Museu da Cidade de Manaus, local que serve como cena central do clipe.
Já as imagens antigas em preto e branco são do documentário “No Paiz das Amazonas”, do cineasta Silvino Santos, gravadas há 100 anos. Os trechos foram cedidos pelo Museu da Imagem e do Som (Misam). Curiosamente o canto judaico da kedushá (santificação em hebraico) faz a trilha da abertura. “Usamos esse canto para criar uma atmosfera sacra e também para assinalar a presença judaica nessa Amazônia que um dia já foi vista como um paraíso, um idílio onde povos vieram em busca da promissão”, explica Mencius Melo.
Na sequência, vem a pegada roqueira da música, com frenéticos recortes de imagens que vão dos desenfreados consumismos, passando pelos inúmeros atos de terrorismo, tocando nas feridas do fanatismo, no sofrimento dos refugiados, nos símbolos da crise ambiental, com imagens de ditadores, ditaduras, resistência popular e claro, dos homens que ajudaram e ajudam a criar esse clima de loucura.
Estão lá figuras como Donald Trump, Hitler, Maduro, Kin Jong-Un e Jair Bolsonaro.
Questionado se o audiovisual pode criar polêmica, Mencius se diz tranqüilo. “A arte tem papel de divertir e informar, e se porventura alguém não gostar da proposta do clipe, é só não assistir”, observa. “É para isso que serve a liberdade”, finalizou.