Há 60 anos, aos 16 anos de idade, o então pianista João Carlos Martins, apresentou-se pela primeira vez em Manaus. Após várias apresentações no palco do Teatro Amazonas, na última sexta-feira (25), o agora maestro fez um concerto que celebra os 40 anos da Moto Honda Amazônia e os 120 anos do maior símbolo da cidade, localizado no Centro da capital do Amazonas. “Se um artista brasileiro não se apresenta no Teatro Amazonas fica faltando alguma coisa na vida dele”, declarou ao Portal Amazônia.
Defensor da popularização da música erudita, o maestro afirma que a ação depende dos artistas. “Basta todos os artistas clássicos de ponta saírem das torres de marfim e irem de encontro à todos os segmentos da sociedade, como nós fazemos. Essa é a razão pela qual, nos últimos 12 anos, atingimos ao vivo 14 milhões de pessoas”, comentou.
O maestro destacou que o que falta é conhecimento técnico, uma vez que muitas músicas clássicas são populares, mesmo que as pessoas não saibam o nome ou quem as criou. “Eu falo para aquelas pessoas que vou tocar o primeiro compasso de uma música e ela vão cantar o segundo, sem combinar nada. Então toco uma música e eles completam, muitas vezes sem saber que ela tem, por exemplo 250 anos”, exemplificou.
O maestro paulista iniciou os estudos aos oito anos. Aos treze iniciou a sua carreira no Brasil e aos 18 no exterior. A vida do artista, porém, é marcada por problemas. Em 1965 sofreu uma queda no Central Park, em Nova Iorque, e perfurou o braço direito na altura do cotovelo, o que provocou atrofia em três dedos. Anos depois desenvolveu distúrbios osteomusculares e afastou-se novamente da música. Estes foram apenas os primeiros percalços da carreira de Martins. Mesmo com tantas sequelas, o maestro se descreve como teimoso e afirma que a perseverança não pode acabar. “Dois por cento é o dom de Deus. Mas 98% é disciplina”, afirmou, em tom de conselho aos músicos.