Através da música, um projeto solidário leva um pouco de conforto a pacientes com câncer no Amapá. Segundo informações do G1 Amapá, com violão, jarron e pandeirola, pintados de palhaço ou não, cerca de 15 voluntários ganham os corredores e salas de procedimento de hospitais, e em uma apresentação de pouco mais de 40 minutos, despertam sorrisos e reações de alegria em quem sente as dores da doença.
Na ala de quimioterapia da Unidade de Alta Complexidade (Unacom), no Hospital de Clínicas Alberto Lima (Hcal), no Centro de Macapá, pelo menos uma vez por semana o grupo de jovens do projeto “Música Terapia” tem autorização para entrar na unidade.
A intervenção alegrou o coração do professor de matemática Almir Aragão Barbosa, de 53 anos. Na quinta-feira (12) ele fez a primeira, do total de quatro sessões de quimioterapia do tratamento. Escutar as músicas de Cazuza e Legião Urbana, interpretadas pelo grupo, fizeram-no recordar da juventude.
“Descobri que tinha câncer no estômago há quatro meses. A gente chega aqui pensando um monte de coisas, com medo e fragilizado. Aí chegam essas pessoas trazendo alegria. É muito bom. A doença me tirou a resistência, eu era um cara forte, agora o corpo está fraco e eu me emociono com qualquer coisa”, disse o professor.
Quem trabalha diretamente com os pacientes com câncer, garante que a música ajuda no tratamento. A enfermeira-chefe Beth Shelis de Oliveira trabalha há 9 anos na oncologia e conhece cada uma das pessoas em tratamento. Para ela, o projeto que já se desenvolve há oito meses na Unacom é um presente para todos.
“Nessa área que a gente trabalha tem muitos pacientes terminais. Por isso o projeto Música Terapia é muito importante para eles e para todos nós. Principalmente para os pacientes que estão iniciando o tratamento, porque eles têm medo do que não conhecem. Com a música eles se distraem e a gente consegue interagir melhor com eles”, destacou a profissional.
Aos 70 anos, Manoel Conceição Cardoso não escondeu a emoção. Foi a segunda vez que viu a grupo se apresentar e ele diz querer sempre.
“Eu já assisti duas vezes. As músicas me fazem lembrar de muitas coisas, ameniza a minha dor. Quando eu era jovem eu gostava de ouvir música e de dançar. Eu fico feliz, muito feliz mesmo com música. eu cantei com eles. A gente quer gente feliz ao nosso redor”, ressaltou o paciente, que está há dois meses em tratamento.
Ao ver os integrantes do grupo deixarem a sala de quimioterapia e passar pelo corredor, o filho de Manoel, Patrício Cardoso, parou um dos integrantes para agradecer ao ato de amor e dedicação ao próximo.
“Eu quero agradecer vocês. O problema que afeta o meu pai e, por vezes outras pessoas, é muito doloroso. A música ajuda o doente a esquecer um pouco a dor e dá impressão de que o tempo está correndo mais rápido e de forma mais amistosa. Meu pai chegou muito depressivo para fazer a segunda sessão de quimioterapia, e quando vocês começaram a cantar, ele sorriu”, agradeceu Patrício.
Para o músico Marcos Fernandes, de 34 anos, um dos integrantes do Música Terapia, o pagamento do trabalho voluntário vem em atitudes como a de Patrício, e em abraços e carinhos dos pacientes.
“O projeto vai além de simplesmente tocar, cantar, brincar com os pacientes, contar histórias. Começamos com apenas duas pessoas, hoje são mais de 15 voluntários. Acreditamos que um pequeno gesto como este pode ajudar na recuperação de quem busca pela sua saúde. Alegra o coração, a felicidade aparece no rosto e…nada paga o carinho que recebemos em troca”, finalizou Fernandes.