DJs de Manaus falam sobre as principais mudanças da profissão

 
O DJ é responsável por manter o clima de descontração de festas, como aniversários, boates e casamentos. 
 
O DJ é responsável por manter o clima de descontração de festas, como aniversários, boates e casamentos. O Portal Amazônia conversou com DJ’s de Manaus que falaram sobre a evolução da carreira.
 
 
Para celebrar a data, o DJ Raidi Rebello decidiu fazer uma festa que pretende reunir todos os profissionais de Manaus. O evento acontece no domingo (12) a partir das 10h, no Clube da Ambev, localizado na Rua São João, sn – Alvorada I. A festa é aberta ao público. “É uma espécie de confraternização para os DJ’s que sempre deixam as famílias para tocar em festas, dessa vez eles vão poder curtir”, explicou um dos organizadores do evento Raidi Rebello.
 
DJ Raidi Rebello tocou nas principais casas noturnas de Manaus. Foto: Divulgação
 
A carreira de Rebello iniciou na década de 70. Ele teve a oportunidade de tocar em casas que fizeram sucesso em Manaus. O profissional lembra com carinho dos eventos que eram produzidos na cidade. “Midsom, Studio Tropical, Cheik Club, Mikonos e Spectron Disco foram algumas das boates que deixam saudades.  Os jovens daquela época eram conhecidos como ‘juventude dourada’. Lembro que tudo era uma novidade. A gente fazia festa até para a chegada de equipamentos”, disse.
 
 
Atualmente Rebello, que ganhou o prêmio de Melhor DJ de Flash Back do Brasil, comanda o Studio Disco ao lado do DJ Fernando Araújo. O profissional contou que muita coisa mudou, mas o público continua sendo fiel ao estilo que bombou nas décadas de 70, 80 e 90, o flashback. “As pessoas gostam de sentir essa nostalgia gostosa. O Studio Disco é um evento que é feito exclusivamente para os amantes da discoteca. Mas isso não excluiu os jovens, muito pelo contrário, a cada edição eu vejo pais e filhos confraternizando. É uma sensação boa”, afirmou.
 
 
Rabello já passou por vários períodos do cenário musical de Manaus, ele se diz preocupado com o futuro da profissão na região. “A evolução tecnológica permitiu que muitas pessoas entrassem para a carreira de DJ, mas isso fez com o que o mercado ficasse desvalorizado. Acaba tendo uma oferta grande que provoca uma redução financeira no cachê dos DJ’s”, explicou.
 
Pagar para tocar
 
Nem sempre a vida de um DJ foi fácil. Para Webster Sena, a profissão surgiu de uma paixão, mas ele precisou enfrentar muitos obstáculos para seguir na carreira. “Comecei em 1991 em festinhas de amigos. Naquela época, eu não era conhecido, então era preciso pagar para tocar em alguns eventos. A questão do equipamento também era muito complicada, como eu era iniciante e não possuía nenhum material acabava emprestando dos meus amigos, principalmente quando se tratava de discos”, revelou.
 
DJ Sena se apaixonou pela profissão. Foto: Arquivo Pessoal
 
Segundo o DJ Sena, seguir a profissão era uma incerteza até aquela noite de 1993. Ele teve a oportunidade de tocar na Juventus, localizado no bairro Santo Antônio. Pela primeira vez, Sena se apresentou para um grande público, a emoção tomou conta do DJ e o momento se tornou único. “Naquela época o lugar era referência. Lembro que o Carrapicho se apresentava lá quando explodiu para o Brasil todo. Naquele momento eu tive a certeza de que seguiria a carreira”, contou. 
 
 
Sobre a evolução dos equipamentos do DJ, Sena, afirmou que sempre existem dois lados, o positivo e o negativo. “A tecnologia veio para agregar, por exemplo, antigamente os DJ’s não possuíam um contato grande com o público, a gente precisava aproveitar aquele momento da festa para isso. Porém, o que ganhamos em interação, perdemos na questão do fator surpresa. Antes da internet, os DJ’s que traziam as novidades na questão musical, e hoje, as que nos indicam as canções. Uma faca de dois gumes”, destacou Sena.
 
Poder feminino
 
A DJ Layla Abreu iniciou a carreira aos 17 anos. Na escola, ela sempre organizava festas e bailes. Para se profissionalizar, a DJ decidiu investir. “Eu queria muito continuar no meio, mas no comando das pick-ups. Comecei a comprar os equipamentos necessários para iniciar uma carreira de DJ, mas não acreditava que isso se tornaria uma profissão”, contou.
 
DJ Layla toca em uma festa no interior do Amazonas. Foto: Arquivo Pessoal
 
No início, Layla sentiu muita resistência dos DJ’s, principalmente no início da carreira. “Aguentei muitos olhares tortos, principalmente pelo fato de ser menina, mas isso nunca me impediu de seguir meus objetivos. Depois de dois anos, a implicância dos colegas começou a se transformar em respeito e consegui me estabelecer no meio dos DJ’s profissionais”, falou a DJ.
 
 
Além de tocar em casas noturnas e festas da capital, a DJ viaja pelo interior do Amazonas. Ela garante que a experiência de levar música para os municípios do Estado é muito edificador. “A aceitação é boa. Eu procuro ser bastante eclética no repertório para que não cause estranheza por parte do público. No interior, as comunidades costumam a participar de todos os eventos, desde jovens até idosos, então gosto de mesclar esses dois universos”, garantiu Layla. 
 
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