Discos de vinil ganham novo fôlego em Manaus com artistas recentes

A qualidade de som pode até não ser a mais tecnológica, mas as sensações que ouvir um disco de vinil proporcionam são daquelas que não tem comparação. Acompanhar as letras das músicas com o encarte em mãos é completamente diferente de colocar os fones nos ouvidos, não é?

O disco de vinil, conhecido simplesmente como vinil ou ainda LP (Long Play), é uma mídia que nasceu na década de 1940. Feito de plástico vinil, o ‘bolachão’ precisa de um toca-discos para reproduzir seus sons diferenciados por causa das ranhuras por onde a agulha passa para reproduzir as canções. 

Tudo isso soa ultrapassado? Mas não é bem assim. Em Manaus, muitas pessoas têm se dedicado à colecionar vinis e não apenas de artistas antigos, como o internacional David Bowie ou a popular Legião Urbana. Atualmente discos de artistas como Lady Gaga e até Justin Bieber, tem feito sucesso com a nova geração e deu um novo folego ao mercado. 

Um exemplo é a iniciativa das empresárias Danyelle Cenoura e Raquel Omena, da loja Sonora Studio, em Manaus, que oferece vinis e tocadores tanto para compra quanto para ‘degustação’ na própria loja. Apaixonadas por música, buscaram levar ao público manauara discos de vinil clássicos, como Elis Regina ou, mais recente, Amy Winehouse.

Danyelle explica que a nova geração, tanto de artistas quanto de consumidores, ainda investe pouco nesse mercado. “O comprador de vinil é mais sudosista mesmo. É aquele que vai buscar o som raiz, mais antigo mesmo. O [comprador] da cultura pop é bem mais restrito, até porque essa geração gosta do disco novo, de ter p prazer de não só colocar a música no rádio do carro, as pessoas gostam de ver, de ter o prazer de pegar o disco e colocar”, explica. 

Na contramão, o cantor carioca Cícero Lins optou por gravar discos de todos os seus quatro álbuns como uma forma de democratizar suas produções. “Acho que todas as mídias possíveis são legais de fazer. Não só o vinil, mas também o CD, o download, o streaming. É legal estar em todos os lugares para chegar em mais pessoas”, justifica o cantor. 

Foto: Clarissa Bacellar/Rede Amazônica
“O vinil é um formato de música que já se mostrou duradouro. O CD com o tempo descasca, a fita cassete mofa, o streaming muda de plataforma. Já o disco está aí, tem discos de quase um século que estão tocando. Eu acho legal e fiz de todos os meus álbuns”, completou. 

Para o jornalista Diego Toledano, colecionador ávido da nova geração desde 2014, atualmente, com um acervo de mais de 350 discos, o que vale é a experiência que o formato proporciona. “Consumo de vinil me chama atenção porque sempre gostei muito de música. Mas sempre gostei de sentar e parar para ouvir o disco todo, para entender o objetivo do artista com aquela obra, fora que o som é mais perceptível”, comentou.

A sócia da Sonora Studio, Raquel Omena, concorda: “Não se ouve um disco de vinil como o CD. Tem que tirar o disco, limpar, colocar pra tocar. Acho que as pessoas gostam mesmo é da experiência”.

E para quem pensa que o amor dos manauaras pelo vinil fica só por aí, o servidor público Richard Cruz, que já foi até vocalista de uma banda, conta que sua coleção de mais de 500 discos e carinho por essa mídia, o fizeram encontrar outros apaixonados pelo Bolachão. Foi assim que surgiu o evento Garagem do Disco, em 2015.

“É uma feira, nos moldes nacionais, que junta expositores, quem gosta, como o pessoal dos sebos como o Império, Alienígena e o EdiPoeira. A gente junta tanto lojas, quanto colecionadores e realiza um evento”, explicou.

A próxima edição, Richard promete ser já no iníco deste ano, mas ainda sem data definida. E como ele disse, com a vontade de trazer mais adeptos ao formato, que ainda deve durar muito tempo. 
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