Seminário dá voz a mulheres para debate sobre efetividade da Lei Maria da Penha no Amazonas

Passados treze anos da sanção da Lei Maria da Penha, ainda existem barreiras para que a legislação que visa a proteção de mulheres contra a violência doméstica seja efetivamente cumprida. Para que as amazonenses discutam o tema, acontece em Manaus, no dia 12 de agosto, o seminário “A Lei é Para Todas – A aplicação da Lei Maria da Penha do ponto de vista do feminismo interseccional”.

O evento é promovido pela Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), e a Comissão da Mulher, da Família e do Idoso da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). Este mês, completam-se 13 anos da sanção da Lei Maria da Penha. No Brasil, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativas de estrangulamento nos últimos 12 meses, segundo o Senado.

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Ao longo do dia, mulheres negras, indígenas e transexuais vão debater os desafios do cumprimento da Lei Maria da Penha para estes grupos. A programação (veja abaixo) acontece no auditório da Escola do Legislativo (ALE-AM), na avenida Mário Ypiranga, nº 3950, Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul.

“No Amazonas, quando a mulher faz uma denúncia, não há a especificação se ela é negra, indígena ou transexual, por exemplo. Essas estatísticas fazem falta para a criação de políticas públicas que visem o combate da violência contra a mulher. O objetivo do seminário é, ao final das discussões, elaborarmos um documento com orientações para a elaboração de políticas para a efetivação da Lei Maria da Penha a partir das falas das mulheres”, explica a defensora pública Pollyana Vieira, que é coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem/DPE-AM).

Para a secretária da Sejusc, Caroline Braz, o evento é uma forma de evidenciar o lugar de fala feminino na sociedade, que hoje participa efetivamente na construção de políticas públicas de qualidade.

“Nesta gestão, o Governo do Amazonas está trabalhando o empoderamento das mulheres, de forma que elas conquistem o espaço tanto no mercado de trabalho como também de uma maneira geral, com seu devido lugar de fala”, destaca. “A proposta é que cada mulher seja protagonista na construção de sua própria história e esse seminário contribui para isso”, completa.

As inscrições para o evento podem ser feitas no link: http://bit.ly/LeiParaTodas. Os participantes vão receber certificados com carga horária de 9 horas emitidos pela Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (Esudpam). Universitários podem usar o documento para a contagem de horas complementares.

13 anos de Lei Maria da Penha

Publicada em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) tornou mais rigorosa a punição para agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico e familiar. O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia, que foi agredida pelo marido durante seis anos até se tornar paraplégica, depois de sofrer atentado com arma de fogo, em 1983.

Conforme a lei, os agressores poder ser presos em flagrante ou ter a prisão preventiva decretada, caso cometam qualquer ato de violência doméstica pré-estabelecido na legislação. A Lei Maria da Penha também trouxe a eliminação das penas alternativas para os agressores, que antes eram punidos com pagamento de cesta básica ou pequenas multas.

O agressor também pode ser condenado a três anos de reclusão, sendo que a pena é aumentada em um terço caso o crime seja praticado contra uma pessoa portadora de deficiência. A Lei Maria da Penha se aplica também para casais homoafetivos, formados por duas mulheres ou transgêneros (que se identificam com o gênero feminino).

PROGRAMAÇÃO

Palestras – a partir das 8h

– A Lei Maria da Penha e as Mulheres Negras – Luiza de Marilac (Fórum Permanente das Mulheres de Manaus)

– A Lei Maria da Penhas e as Mulheres Transexuais – Joyce Alves Gomes (Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (Assotram)

– A Lei Maria da Penha e as Mulheres Indígenas – Jaqueline Kokama (Povo Kokama)

Rodas de Conversa – a partir das 14h (simultâneas)

– Mulheres Negras

– Mulheres Indígenas

– Mulheres Transexuais

Debate final – 16h

Considerações das rodas de conversa para a elaboração do documento.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Dossiê “Amazônia contra o Antropoceno” aborda sociodiversidade da região

Na publicação constam nove artigos de arqueólogos, antropólogos e ecólogos, indígenas e não indígenas.

Leia também

Publicidade