Uma pesquisa do Instituto Mamirauá apresenta um panorama do mercado de óleo de andiroba na região do Médio Solimões, Amazonas, estado que é um dos maiores fornecedores do produto no país.
“A produção de óleo de andiroba é uma alternativa econômica que, aliada a boas práticas de manejo, pode promover o uso sustentável da floresta”, afirmam as pesquisadoras Priscila Geroto e Emanuelle Pinto, que assinam o estudo.
O óleo da andiroba é um produto florestal não-madereiro, ou seja, é extraído sem a derrubada das árvores da espécie. Para incentivar a conservação ambiental e o trabalho de produtores locais, o Instituto Mamirauá analisa as áreas com potencial produtivo em andiroba e também o mercado que pode consumir o óleo. Uma fonte de renda a mais para quem vive dos recursos da natureza.
“Visto que esse óleo é produzido tradicionalmente na região do Médio Solimões e que há abundante recurso disponível, esse produto florestal não-madeireiro pode gerar retorno econômico complementar às comunidades extrativistas”, contam.
As pesquisadoras levantaram aspectos do mercado em quatro cidades da região, localizada no centro do estado do Amazonas: Tefé, Fonte Boa, Alvarães e Uarini. Para isso, visitaram feiras, pequenos estabelecimentos e casas que comercializavam a andiroba e entrevistaram os vendedores.
Confira, a seguir, algumas das descobertas da pesquisa:
Variedade e origem da andiroba
Os pontos de venda analisados vendem apenas o óleo da andiroba in natura, sem derivados do produto, como os famosos sabonetes, cremes e shampoos. Os únicos encontrados, em uma das feiras, vieram da capital, Manaus.
Para saber se a mercadoria é boa, os vendedores avaliam o óleo pelas qualidades “organolépticas (odor, cor, sabor) e a procedência”. Falando em origem, é comum que o vendedor e o produtor do óleo de andiroba sejam a mesma pessoa: em quatro locais a origem do óleo é própria, em sete a compra é feita diretamente do produtor e em uma das feiras há compra tanto com o produtor quanto com “atravessadores”, os revendedores do óleo.
Juruá, Jutaí, Coari, Fonte Boa e Alvarães e Uarini foram apontadas como os municípios de origem do óleo de andiroba vendido nos mercados pesquisados.
Preço
O estudo verificou que em nenhum dos locais de venda o produto é rotulado. Os volumes de venda variam em função do recipiente, foram encontrados frascos de 40 a 1000 mililitros (ml). Os preços de venda ao consumidor variam de R$ 30,00 a R$ 100,00 por litro, sendo os mais baixos encontrados em casas e os mais altos cobrados nas feiras. Os preços de compra pelo vendedor variaram entre R$ 20,00 e R$ 60,00 por litro de óleo.
“Com relação a variação de preços ao longo do ano e volume de compra e venda, não houve resposta consistente, porém todos foram unânimes em responder que todo o óleo disponível é vendido rapidamente”, relatam as pesquisadoras do Instituto Mamirauá.
Produto forte, mas pouco aproveitado
A pesquisa aponta que apesar da popularidade e grande procura, há pouca oferta do óleo de andiroba na região. Em Tefé, Fonte Boa e Alvarães e Uarini foram encontradas somente doze pontos de venda, com disponibilidade do óleo instável em boa parte delas.
De acordo com as pesquisadoras, existe “um caráter informal de comercialização do óleo produzido na região, a presença de casas como locais de venda reforça essa característica”. Para elas, “a transformação do óleo em produtos diversos também poderia gerar mais um complemento da renda aos vendedores, visto que há produtos desse tipo disponíveis, mas oriundos de Manaus”.
O Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), acompanha há anos o cenário e potenciais da produção de andiroba na região do Médio Solimões. Os resultados do estudo vão ser compartilhados com os produtores locais para o fortalecimento da comercialização do óleo de andiroba. “A qualidade e a tradição da produção são fatores importantes para a inserção do produto no mercado”, acreditam Priscila Geroto e Emanuelle Pinto.
Fundo Amazônia
As ações realizadas pelo Instituto Mamirauá contam com o investimento do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). As atividades fazem parte do projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC). Conheça mais sobre o projeto aqui: https://www.mamiraua.org.br/pt-br/biorec.
Os resultados dessa e outras experiências do projeto serão apresentados durante o 4º Seminário Anual do Projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação (BioREC), que acontecerá nos próximos dias 02 e 06 julho de 2018, na sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, Amazonas. O evento é gratuito e tem entrada livre.