Manaus (AM) está cravada no meio da Floresta Amazônica, próximo a dois dos maiores rio do mundo, o Amazonas e o Negro. Por essa razão, não é difícil encontrar animais silvestres em locais perto de grandes áreas verdes ou igarapés (cursos d’água). No último dia 31, alunos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foram surpreendidos com a presença de uma cobra dentro da sala de aula. A ocorrência é semelhante a outras 52 de animais resgatados no mês de janeiro, na capital amazonense e outras cidades do Estado, pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
A analista ambiental do Ipaam Yara Gonçalves diz que o problema que causa o aparecimento desses animais é o crescimento desordenado da cidade. “Os fragmentos florestais diminuem drasticamente não restando outra opção para os animais a não ser procurar outros lugares para se abrigar ou procurar alimentos, e geralmente são residências, igarapés, empresas”, avalia.
No caso da Ufam, o campus está localizado no maior fragmento florestal em área urbana do Brasil, com cerca de 700 hectares. A cobra encontrada na sala de aula foi removida pelos seguranças da universidade e deixada na mata. Por meio de nota, a assessoria da instituição explicou os procedimentos adotados nestes casos.
“A Ufam possui um procedimento padrão para casos de animais silvestres serem encontrados dentro ou próximo de espaços com fluxo de pessoas. Nesses casos, a Divisão de Segurança da Prefeitura do Campus Universitário deve ser acionada para captura e devolução do animal ao seu habitat. Nos casos mais complexos, biólogos da própria Universidade participam do procedimento, prestando os cuidados necessários, caso o animal esteja machucado”, diz a nota.
A Gerência de Fauna do Ipaam resgatou, em 2016, 510 animais silvestres. Entre as espécies mais resgatadas em 2016 estavam jiboias, frangos d’água, gaviões-carijó, preguiças-bentinho, preguiça-real, jacarés, camaleão, pariri (ave), murucututu (coruja) e macacos (especialmente sauim).
De acordo com Yara, estes animais geralmente são encontrados em residências, galpões de empresas, oficinas, vias públicas próximas a áreas verdes, reservatórios de água e estradas. “Nesse mês de janeiro tivemos poucos casos de animais machucados comparado ao mês anterior, mas ainda assim, registramos casos de animais eletrocutados, pássaros com asas machucadas e até com possível intoxicação proveniente dos igarapés (caso do frango d’água). Os jacarés resgatados quase sempre estavam em áreas ou residências próximas a igarapés”, exemplificou.
Yara informou que estes animais são, normalmente, conduzidos ao Refúgio Sauim Castanheiras ou ainda ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pois depende da condição do animal, que passam por cuidados médico-veterinários. “Quando reabilitados é realizado o procedimento de soltura na natureza”, disse.
O Ipaam recebe denúncias por meio do número (92) 2123-6729 e atua em resgates através do número (92) 2123-6774, dentro da área urbana. Além do Ipaam, o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb) também recebe denúncias e solicitações para resgate dos animais, que podem ser feitas pelos telefones 190 ou na linha direta (92) 98842-1547.
Reforço
Este ano, a prefeitura de Manaus irá reforçar o apoio do Batalhão Ambiental da Polícia Militar nas diversas ações de controle e fiscalização ambiental realizadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). Na manhã desta quinta-feira (2), o secretário da Semmas, Antonio Nelson de Oliveira Júnior, e o subcomandante da corporação, major Luiz Alberto Passos Navarro, se reuniram para dar início às tratativas que resultarão no reforço às ações conjuntas realizadas pelas duas instituições.
O major Luiz Navarro destacou a importância da parceria e lembrou que, além do trabalho de policiamento ostensivo, 24 horas, o Batalhão de Policiamento Ambiental também possui um núcleo de Educação Ambiental que desenvolve atividades nas escolas públicas e particulares, e pode estender o trabalho para os espaços protegidos da Prefeitura de Manaus, em conjunto com a Divisão de Educação Ambiental (DIEA) da Semmas.