Lixo na Amazônia: mudança de hábito pode ajudar na diminuição da produção de resíduos

Seja o orgânico, hospitalar, eletrônico, seletivo, reciclável, comercial ou industrial, não importa, se não tem mais utilidade e foi jogado fora, é lixo. No Brasil, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) anunciou que, só em 2017, cada brasileiro gerou 378 quilos de resíduos.

No Brasil, ainda segundo a Abrelpe, em 2017 também foram gerados 78,4 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), uma média de 214 toneladas por dia. E esse número só aumenta.

Os dados da associação, também mostram que a coleta de lixo é feita em 90% das cidades brasileiras, mas apenas 59% delas usam aterros adequados. E são pelo menos 1.610 cidades mandando lixo coletado para locais irregulares, que ficam conhecidos como os lixões.

Do montante de RSU produzido no Brasil, há pelo menos dois grandes problemas: a falta de reciclagem, que segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cerca de 40% desses resíduos teriam condições de serem reciclados, mas atualmente, apenas 3% é reaproveitado. E o segundo problema é onde está sendo depositado esse lixo todo.

A problemática do lixo é recorrente em cidades amazônicas, as capitais do Pará e do Amazonas também sofrem e não há programas públicos para reciclagem dos resíduos sólidos urbanos. Mas parceiros, catadores e ONGs ajudam no processo de reaproveitamento de parte desses resíduos, quando recolhidos através de coleta seletiva.

Lixo e lodo acumulado no Igarapé do 40, na Zona Sul de Manaus. Foto: Patrick Marques/Rede Amazônica

Em Manaus, segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) foram recolhidas quase 845 mil toneladas de resíduos sólidos, só em 2018, com um custo de R$ 208 milhões. Só dos igarapés da cidade, foram retiradas 9,6 mil toneladas de lixo no ano passado, uma média de 26,4 toneladas por dia.

Ainda de acordo com a Semulsp, 99,03% do lixo é encaminhando ao aterro da cidade, que tem uma área de 66 hectares, e fica na na altura do km 19, da rodovia AM-010. Do montante, apenas 0,05% vai para reciclagem, e 0,92 para compostagem.Em Belém, segundo a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), a coleta de lixo cobre 95% da cidade, de onde foram coletadas em 2018, cerca de 330 mil toneladas de lixo, que são destinados à área conhecida por lixão do Aurá.

Há uma ação coordenada pela Sesan junto à cooperativas de catadores que coletam mais de 270 toneladas de RSU para reciclagem, e já representa 8% do volume total de lixo produzido por Belém.

Reciclagem como alternativa

A vice-presidente da Comissão Especial de Divulgação e Orientação da Política de Limpeza Pública de Manaus (Cedolp) Vaneide Passos, ressalta que reciclagem é essencial para o meio ambiente e saúde da população.”A reciclagem de papéis, vidros, plásticos e metais – que representam em torno de 40% do lixo doméstico – reduz a utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil. Se o programa de reciclagem contar, também, com uma usina de compostagem, os benefícios são ainda maiores. Além disso, a reciclagem implica uma redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício de recursos naturais, através da economia de energia e matérias-primas”, conta.

Foto:Leandro Tapajós/Rede Amazônica

Diminuir a produção de lixo é um dos compromissos pessoais com o meio ambiente, e as grandes empresas já desenvolvem iniciativas como a não distribuição de sacolas plásticas de supermercados e uso garrafas de refrigerante retornáveis. Vaneide dá orientações de como podemos diminuir a produção de lixo doméstico:

– Através da realização de compostagem dos resíduos orgânicos, da separação do material reciclável e eletrônico;

– Tendo atitude consciente, planejando e refletindo sobre as necessidades de compras de produtos;

– Evitando desperdícios, como por exemplo, utilizar os dois lados do papel para uma impressão;

– Evitando o acumulo de materiais em desuso, fazendo doações não descartando junto com os resíduos sólidos;

– Optando por reutilizar as embalagens, evitar o uso de sacolas plásticas para compras em geral, utilizando sacolas biodegradáveis; e,

– Componentes como: Pilhas, baterias e eletrônicos, devem ser descartados em lugares específicos.

Iniciativas de reciclagem

startup Residuum é uma das iniciativas que trabalham a questão do lixo, a fim de contribuir de maneira sustentável com as cidades interessadas em destinar, de forma correta, seu lixo.

Foto:Divulgação/Residuum

“Nascemos com o objetivo de disseminar a cultura da #RECICLABILIDADE no Brasil, afim de resolver o problema de descarte incorreto de resíduos sólidos recicláveis no meio ambiente e nos aterros sanitários. E dessa forma, deixar que os resíduos voltem ao ciclo produtivo, fazendo com que a Economia Circular seja alavancada em nossa região”, conta Maurílio Correia, empreendedor e fundador da Residuum.

O trabalho da Residuum vai além da disseminação da reciclagem, e está preocupada também com a geração de renda e com aos problemas relacionados à aterros e lixões.

“Simplificamos, otimizamos e automatizamos a gestão e a destinação de resíduos sólidos recicláveis gerados por condomínios, empresas e órgão públicos, ou seja, destinamos esses resíduos para cooperativas de reciclagem que dão o destino ambientalmente correto para os materiais, gerando emprego, renda e trabalho humanizado, deixando de destinar para o aterro sanitário toneladas de materiais e assim ajudamos a indústria a manter a floresta em pé”, pontua.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Terra Indígena Kayapó é a mais atingida por queimadas no Brasil, informa Greenpeace

Profissionais do Ibama contam que os incêndios dentro da Terra Indígena Kayapó foram causados por garimpeiros, que estão abrindo novas áreas para exploração.

Leia também

Publicidade