O prazo da etapa inicial se encerra no dia 21 de janeiro, e a divulgação do resultado está marcada para 28 de fevereiro. A previsão é de que as visitações ao local, interrompidas em 2003, sejam retomadas em março.
Considerado unidade de conservação, o parque tem 2,25 milhões de hectares e conquistou popularidade por abranger o ponto mais elevado do país, chamado de Yaripo pelos indígenas, a 2.995 metros do solo.
Conforme estabelecido nos termos do edital, sairão à frente empresas que tenham experiência com atuação turística na Amazônia, em terras indígenas e comunidades tradicionais ou com práticas em montanhas e locais remotos. A avaliação será feita por meio da atribuição de pontos, que irão variar de acordo com o tempo de duração das operações. Desse modo, aquelas que não tiverem vivência, não pontuarão, tendo menos chance de vencer o certame.
O edital prevê ainda que a empresa apresente uma carta na qual a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca) a autorize a prestar o serviço turístico no local. As companhias que não encaminharem o documento serão desclassificadas. Esse critério se alinha com os cuidados tomados pelas instituições públicas envolvidas na reabertura do parque. Quando o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se posicionaram a favor da suspensão dos passeios, argumentaram que as agências de turismo ocasionavam danos ambientais, além de não instruir os visitantes sobre medidas de conservação. Por isso, informá-los sobre o assunto é uma das contrapartidas agora definidas pelo ICMBio.
Além disso, outro aspecto denunciado como parte do contexto da época era a reiterada violação aos direitos dos indígenas que vivem na região. Dessa vez, a proposta é de que os yanomami sejam os guias que conduzirão os turistas pelo parque. A forma como os trabalhos serão coordenados foi decidida coletivamente, por indígenas, pela Fundação Nacional do Índio (Funai), ICMBio e a Secretaria de Turismo do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), sob consulta do Instituto Socioambiental (ISA). As diretivas constam do Plano de Visitação Yaripo.
A expectativa é de que mais de 2,9 mil indígenas de seis comunidades da região sejam beneficiados, conforme cálculos da Ayrca. A entidade foi quem apresentou a proposta do projeto ao governo federal, juntamente com a Associação de Mulheres Indígenas Kumirayoma (Amyk). É também a Ayrca que irá definir a destinação dos recursos obtidos com as visitações. Tanto o ICMBio quanto a Ayrca percebem as atividades de etnoturismo e ecoturismo do parque como uma alternativa ao garimpo de ouro, que provoca graves efeitos, a exemplo da contaminação de rios por metais pesados, como mercúrio, e também o assoreamento (acúmulo de detritos).