Espécie invasora ameaça peixes nativos em área de proteção ambiental no Amapá

A criação de peixes exóticos é um dos fatores cruciais para o crescimento dapiscicultura no Brasil. No entanto, se o manejo não for realizado de forma adequada, pode trazer consequências ruins para espécies nativas, como acontece hoje no Amapá. No Estado, a tilápia-do-nilo compete com outros peixes na região da Bacia Igarapé Fortaleza.


Área de várzea no Igarapé Fortaleza. Foto: Divulgação/Embrapa

Um levantamento realizado pelo biólogo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Amapá (Embrapa Amapá), Marcos Tavares Dias, atualmente, 72% dos peixes capturados no local são da espécie tilápia-do-nilo. “Um aumento significativo em relação aos dados de 2001, quando a espécie chegou ao Amapá. Ela conseguiu se adaptar muito bem ao ambiente”, diz. Em 2011, a tilápia-do-nilo, junto com as carpas, foi responsável por quase 64% da produção peixes produzidos no País.

Segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) Cecile de Souza Gama, 15 nos, mais de 70% dos produtores de peixes utilizavam áreas de várzea para produzir as tilápias em tanques. Isso pode ter favorecido a introdução da tilápia-do-nilo nos rios da região.


A tilápia-do-nilo se adaptou muito bem ao ecossistema da bacia do Igarapé Fortaleza, no Amapá. Foto: Reprodução/Agência Pará

Além do aumento da população da espécie exótica invasora, que pode levar a competição por alimento e até pela própria vida, Dias chama a atenção para parasitas que acompanham a espécie. “Eles podem se reproduzir e infectar os peixes nativos, que não estão adaptados para o hospedeiro. Pode haver troca de parasitas da tilápia para os peixes nativos e vice-versa”, explica o pesquisador.

“Verificamos que os peixes nativos não transmitiram espécies de parasitas para tilápia-do-nilo, no entanto, essa tilápia trouxe parasitas que foram passados para algumas espécies carás da região. Até o momento, estes parasitas não parecem causar problemas nos carás”, revela.

Solução

Reverter a situação é praticamente impossível, dizem os pesquisadores. Para Marcos Tavares Dias, seria necessário eliminar todas as tilápias existentes na bacia. “Entretanto é possível mitigar os problemas de superpopulação da espécie usando despescas das tilápia nas áreas de várzeas da bacia Igarapé Fortaleza, que é área de preservação ambiental”, opina.

“E o uso de redes e tarrafas além de técnicas mais modernas como pesca elétrica, que utiliza eletrochoque para realizar a captura do peixe”, acrescenta. Mas, acima de tudo, Dias destaca que é necessário monitoramento intenso da espécie e do impacto ambiental causa pela sua presença, para que seja o menor possível.

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