Serão oito episódios apresentando um monumento histórico da capital com audiodescrição (AD). Projeto foi viabilizados com recursos da Lei Aldir Blanc via edital da Secel
Uma cidade intensa como Cuiabá aflora os sentidos e o projeto ‘Capital – Circuito Monumental Audiodescrito pela Inclusão, Tradução é Autonomia e Liberdade’ vem para aguçar a audição. Em oito episódios, cada um apresentando um monumento histórico da capital de Mato Grosso, o projeto de audioguia garante a acessibilidade de pessoas com deficiência visual ou intelectual ou com Transtorno do Espectro Autista, disléxicas e idosos.
O projeto de audiodescrição (AD) foi contemplado em edital executado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), com recursos da Lei Aldir Blanc. Atualmente em fase de gravação, a iniciativa tem seu lançamento previsto para todo o público, gratuitamente nas principais plataformas de streaming a partir do dia 10 de abril.
Monumento do Índio Pescador, Monumento aos Bandeirantes ou Monumento à Cidade, Busto do Almirante Augusto Leverger, estátuas de Mãe Bonifácia e Maria Taquara, Monumento Ulisses Guimarães, Escultura da Chacina do Beco do Candeeiro, representação da cultura popular com o Monumento à Viola de Cocho, Cururueiros e Dançarinos de Siriri são as personagens escolhidas para contar, de forma cronológica, parte da história regional, que por meio da audiodescrição, vai tomando forma no imaginário do ouvinte.
As palavras ganharão textura de aço, bronze, contornos de rostos e instrumentos musicais que representam uma realidade social que moldou a identidade cuiabana.
“O Projeto Capital é um convite para visitar e se relacionar com a cidade através de um Audioguia com Audiodescrição. Conhecer monumentos e personagens que estão presentes e próximos de nós, mas nem sempre são reconhecidos. Queremos propor não apenas uma visita, mas a criação de um vínculo de afetividade com essas obras e essas personagens, com a nossa história e ao mesmo tempo, discutir a acessibilidade. A segregação das pessoas com deficiência dos espaços e experiências é a regra até o momento, por isso o projeto quer também suscitar o debate sobre a inclusão que precisamos buscar como sociedade. Pretendemos acessibilizar para amplificar a informação e estimular o engajamento da comunidade e de pessoas com deficiência visual, que muitas vezes, não são sabedoras do recurso e do direito. Queremos, ainda, sensibilizar e estimular o início da cadeia produtiva para o olhar inclusivo de fato, os gestores, produtores, artistas e educadores, por exemplo”, explica Thayana Bruno, audiodescritora e comunicóloga, proponente do projeto.
O projeto de audioguia com audiodescrição (AD) propõe refletir para transformar, e assim mudar o mundo, começando por Cuiabá. Provocar uma mudança na forma como a cidade se apresenta para as pessoas com deficiência visual, com a discussão sobre a acessibilidade dos lugares que se dizem públicos. No Brasil, mais de 500 mil pessoas não enxergam, enquanto que 3,5 milhões tem alguma deficiência visual, de acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A consultora em audiodescrição (AD), Cida Leite, perdeu totalmente a visão aos 9 anos de idade e acrescenta ao projeto toda sua experiência com o tema acessibilidade e também sua sensibilidade na composição das informações fundamentais para orientação das pessoas com deficiência no material audiodescritivo.
“É muito importante que a gente localize o máximo que puder, se uma região oferece mais riscos, se uma região é acidentada, se eu não sei se aquela região tem uma escadaria, se é de pouco movimento para dar autonomia as pessoas com deficiência visual. Se eu digo com clareza e segurança que eu quero chegar ao Monumento Ulisses Guimarães, eu só posso ter essa autonomia se ele for acessível, e ai que entra a acessibilidade comunicacional. Isso encoraja as pessoas a serem mais audaciosas, mais interessadas em conhecer e reconhecer esses espaços históricos, que muitas vezes tem o anseio em conhecer, mas não frequenta, porque tem medo. A importância desse projeto é essa, é trazer acessibilidade física”, compartilha Cida Leite.
Com linguagem fluida, descontraída e sonoridade autoral exclusiva, a proposta é alcançar o público, com deficiência visual, mas não unicamente, e sem distinção de idade.
“Além de lançarmos o material pela Internet, vamos distribuí-lo para instituições e entidades que atendem especificamente pessoas com deficiência visual, escolas públicas, Institutos Federais e Universidades Públicas. A Baixada Cuiabana é nosso foco inicial, depois, as demais regiões de Mato Grosso, outros estados, países de língua portuguesa e porque não, contatos intergalácticos”, como narra Thayana, a proponente e voz do projeto, no material de apresentação do audioguia no instagram.
Nas mídias sociais do projeto (@circuitocapital), é possível acompanhar o processo de desenvolvimento do material e participar do diálogo sobre acessibilidade.