Acesso à vila de 600 habitantes é feito pela hidrovia do Rio Madeira.
A vila de Nazaré foi fundada em 1966 seminarista Manoel Maciel Nunes, já falecido. Ele tornou-se líder religioso e professor da comunidade amazônica. O distrito — a 150 km do centro de Porto Velho — é a partícula mais amazônica de Rondônia, pois conserva a magia e a simplicidade dos velhos tempos, além de ser cercado por matas intocadas.
Tem cerca de 600 habitantes, um povo hospitaleiro e peculiar pelos seus costumes e identidade. Economicamente, vive da pesca, turismo e agricultura familiar — produz farinha de mandioca e melancia.
Oferece uma culinária sensacional. Comida boa com frutas, sucos e doces quem vêm da floresta, peixes de muitos tipos e farinha de mandioca [dizem que Nazaré produz a melhor de todas]. Conheci em Nazaré um novo prato à base de caparari — o salmão do Rio Madeira, o rio com maior quantidade de espécies de peixes do Planeta, cerca de 900. Mas tem de tudo: pintado, pirarucu, tambaqui… uma infinidade de pescados.
Música como característica
Nazaré é uma localidade muito musical. Muitas crianças participam dia festejos e experimentam as iniciativas culturais desde os tempos de Maciel Nunes. Muitos dos instrumentos de percussão são feitos pela própria comunidade.
O fundador constituiu família e os filhos dele criaram o grupo “Minhas Raízes”, referência da cultura amazônica, com músicas que retratam as histórias e lendas do lugar. Eles são a sequência das atividades culturais iniciadas há mais de 50 anos pelo grupo musical “Velha Guarda”, que sobrevive até hoje — é um trio de seresteiros.
Exaltando as belezas localizadas no Vale do Rio Madeira, a música “Vem passear de barco”, de Minhas Raízes, é um convite para se curtir a vida como um legítimo “beiradeiro” (como os moradores se definem). Veja:
Turismo e contato com a natureza
Músicas, danças folclóricas, artesanatos, culinária, tudo da melhor qualidade para quem curte simplicidade e rusticidade, em meio à natureza majestosa e a energia indescritível de sua gente e suas histórias. O frio de todas as noites, a rede sempre à disposição nas varandas das casas de madeira. É o paraíso!
Com celular e internet “off”, a vida ganha outros contornos em Nazaré. Vi as crianças “confabulando” traquinagens, avós contando causos, os quintais continuam sem cercas, muitas pessoas se beijam nas mãos e se chamam de parentes, a prosa é mais demorada e o riso é franco.
Ali, a vida é tranquila demais, mas também festiva, lúdica e mágica; o acesso à vila é feito só pela hidrovia do Rio Madeira; não existem carros dentro da localidade. Em todo o povoado há apenas três motos.
Tem pousadas, restaurante e todos se conhecem e se cruzam nas ruas estreitas de terra. Na época do Festejo de Nazaré, em junho, aparecem mais de 500 turistas, inclusive internacionais, com o desejo do “viver amazônico”. O evento anual é organizado pelo Instituto Cultural e Socioambiental Minhas Raízes.
Influência indígena
A presença e a influência indígenas são muito marcantes. Há artesanatos do povo Mura à venda na comunidade.
Há passeios de barcos pelo lago Peixe-Boi, até o balneário Tabuleiro, onde em ocasiões especiais o turista é recepcionado e passa por uma integração cultural com ritual Mura Ananã, encenado pelo pajé Lucas Mura.
Tudo é lindo e grandioso porque tem alma. A simplicidade é sempre o ápice da sofisticação.
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