Em sua coleção valiosíssima de fotos autorais constam imagens impressionantes da fauna e da flora rondonienses.
Rosinaldo Luiz de Abreu Machado, de 70 anos, assina as fotos que ele faz como R. Machado. É uma grife entre os que apreciam as “coisas” de Rondônia.
Em sua coleção valiosíssima de fotos autorais constam imagens impressionantes da fauna e da flora rondonienses. Contudo, o material ganha verdadeiro valor documental ao registrar eventos políticos do Estado ao longo de mais de quatro décadas.
R. Machado é paraense de Santarém, mas foi criado no Rio de Janeiro, onde trabalhou na revista Manchete e na produtora de filmes de Hugo Carvana (1937-2014). Ele chegou a Porto Velho acompanhado pelo coronel Jorge Teixeira de Oliveira (1921-1987), que se tornaria o mais popular governador da história de Rondônia. Na época, Teixeirão – como era conhecido – tinha a missão de fazer a transição do Território Federal para Estado. A cada passo que dava o coronel,Machado estava junto, clicando tudo.
O decano da fotografia recorda: “Depois de compor todo o secretariado – a maioria era seus assessores em Manaus, de onde Teixeira havia sido prefeito –, o gestor começou as visitas pelos municípios promovendo o programa Governo Itinerante.Vilhena foi o primeiro a receber a comitiva. Depois vieram os outros ao longo da BR-364”.
A primeira preocupação do coronel-governador foicom as péssimas condições da rodovia, coluna dorsal de trânsito humano e de cargas e que, naquela época, estava recebendo um fluxo de migrantes vindos de todo o Brasil, atraídos pela propaganda oficial: “Integrar para não entregar”.
De tão amigos, o governador e o fotógrafo tornaram-se compadres. Teixeirão com sua esposa Aida foram padrinhos de Catarina Cintya, filha de Machado.
MACHADO CONTA
“Fotografei toda extensão da BR e os pontos mais críticos (entre Vilhena e Pimenta Bueno). Um álbum fotográfico com as impactantes imagens foi levado ao presidente João Batista Figueiredo. Após olhar atentamente as imagens, Figueiredo chamou ministros efoi enfático: ‘Quero a 364 asfaltada o mais rápido possível’.Também fotografei a criação de vários municípios, instalação dos tribunais e do Ministério Público, posse dos primeiros deputados estaduais e, principalmente, a instalação do Estado de Rondônia, que foi o marco maior da nossa História”.
APOSENTADO, MAS ATIVO
R. Machado aposentou-se há cerca de dez anos como servidor público estadual, tendo servido a diversos governadores. Paralelamente, produziu quase 100 mil cliques de pessoas, acontecimentos e paisagens. Por conta de sua paixão pelo Baixo Rio Madeira, tem registrado o modo de vida dos ribeirinhos, sua cultura e tradições.
ALTO MADEIRA
Além de ter fotografado tantos momentos importantes de Rondônia, R. Machado continua contribuindo de modo ímpar à nossa memória. Ele está digitalizando todo o acervo do extinto jornal Alto Madeira – desde a sua fundação, em 1917, até 1990. Foi primeiro jornal impresso de Porto Velho escrito em língua portuguesa. À época da fundação deste noticioso nossa capital era apenas uma cidadezinha do sul do Amazonas com três anos de fundação.
Amigo muito próximo do falecido Euro Tourinho – jornalista falecido, em 2019, aos 97 anos –, Machado considera a digitalização dos jornais uma forma de homenagear o saudoso ex-diretor do Alto Madeira. O material será disponibilizado para pesquisas no Centro de Documentação Histórica.
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