O cemitério que virou lavoura

No interior de Rondônia, destruíram o espaço onde foram sepultados muitos pioneiros

Verdadeiros desbravadores de Vilhena (sul de Rondônia, a 700 km de Porto Velho) foram encerrados no Cemitério Rondon. Inclusive, a índia Sebastiana Latundê, parteira antes da criação da vila, na década de 1960, que deu origem à cidade.

A foto aqui publicada é de 1980. Até naquela época o cemitério estava bem conservado. As cruzes podiam ser identificadas, claramente, como se constata na imagem. E tudo foi sumindo pela falta de manutenção.
Nos anos 2000 foi cometida uma arbitrariedade. O cemitério foi destruído por um plantador de soja, que gradeou tudo para cultivar grãos no terreno localizado no Planalto dos Parecis.
O antigo cemitério indígena ficava a 500 metros da lendária Casa de Rondon, como é conhecido o Posto Telegráfico Álvaro Vilhena transformado em museu (está no momento sendo revitalizado).

A área do antigo cemitério, assim como o Casa de Rondon, fica dentro da Base Aérea. Portanto, é do Governo Federal. Mesmo diante da notícia que saiu na imprensa nacional, há duas décadas, criticando a falta de bom senso no cuidado com a memória do estado de Rondônia, o governo nunca se manifestou e não fez nada para recuperar o cemitério indígena que precedeu a criação do município de Vilhena. 

Foto: Arquivo Júlio Olivar


JOVEM FAZ O PAPEL DO ESTADO E DESCOBRE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM OURO PRETO 

Hesnefero Rodrigues tem apenas 18 anos de idade e acabou de terminar o ensino médio, em Ouro Preto do Oeste (323 km de Porto Velho). O jovem tem feito um trabalho voluntário de pouca visibilidade, mas de muita importância versando os desafios da preservação do bem arqueológico em Rondônia. O assunto pouco interessa ao Estado.

Autodidata, o rapaz de nome difícil está produzindo o seu primeiro artigo científico, com o apoio de professores. “Eu tenho sentido na pele como é difícil não ter recursos e respaldos para atuar na criação desse artigo em que ressalto a destruição de sítios arqueológico devido o crescimento urbano desordenado em áreas aqui do município. O estado ainda não tem noção sobre o trabalho desenvolvido, mas também não garanto que o mesmo faria alguma coisa para salvá-lo, caso soubesse. Então, o que me resta é registrar o que sobrou dos sítios arqueológicos”, pondera Hesnefero, com muita maturidade e conhecimento de causa.

A falta de gestão e politicas públicas de preservação e registro têm colocado os sítios de Ouro Preto do Oeste no rol das “extinções patrimoniais”.

Os sítios apresentam grandes concentrações de material sendo cerâmico, lítico, ósseo e biológico, provavelmente locais de habitação de tribos extintas.

Atuando há mais de sete anos nas pesquisas de arqueologia na região, totalizando a descoberta de oito sítios em Ouro Preto do Oeste, além de dois em Teixeirópolis, Hesnefero conquistou poucos colaboradores na divulgação e conscientização dos moradores que residem sobre as jazidas arqueológicas do município.

“É um trabalho árduo, mas que vale a pena. Em minhas expedições, quer seja no perímetro urbano ou rural passo por situações de risco. O mais recente sítio encontrado, que está em fase de registro no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), batizado por mim de Complexo das Onças, como o próprio no sugere, eu me deparei com a fera do outro lado do rio, foi uma situação de medo; tudo em nome da ciência e registro”.

São quilômetros percorridos em cada expedição, na grande maioria das vezes sozinho. O rapaz foi acompanhado em três ocasiões pela responsável técnica do Museu Regional de Arqueologia de Rondônia (sediado em Presidente Médici), doutora Maria Coimbra, que pôde constatar a veracidade e a riqueza de tais sítios e trabalhar na fase de registros dos mesmos.

Em tempo: Ouro Preto do Oeste é reconhecida oficialmente como estância turística. Lá estão o Vale das Cachoeiras e o Morro Chico Mendes onde há a prática de voo-livre. A arqueologia é um um ingrediente a mais nos atrativos. E dos mais importantes.

Foto: Divulgação


O ADEUS AO PADRE LEILSON 

José Leilson de Souza Alfredo, ou simplesmente Padre Leilson, foi um sacerdote diferenciado. Era, sem dúvida, a maior liderança do município de Alto Paraíso (207 km de Porto Velho). Sua morte precoce, aos 51 anos, dia 8 de abril, deixou uma lacuna na região em que atuava.

O religioso construiu junto com a comunidade o templo católico mais bonito e de bom gosto de todo o estado, pensada em cada detalhes, sem esquecerem os clássicos vitrais que reportam às antigas igrejas europeias. Foi lá que ele acabou sepultado.

Era muito ligado em cultura, arquitetura, gostava de música secular; o padre dava assistência psicológica à população pois graduara-se nesta área. E, principalmente, se envolvia em diversos projetos sociais, com ênfase àqueles que implicam o amparo aos dependentes químicos. Também atuava como radialista, revelando-se comunicador excepcional.

Foto: Divulgação


PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES 

Sempre que pode, a artista plástica Angella Schilling, moradora em Porto Velho, sai pela cidade e cercanias fotografando flores. O que era hobby virou uma pesquisa interessante. Ela conseguiu identificar centenas de espécies e seu trabalho chamou atenção até de um jornalista português. Veja aqui.

Foto: Divulgação

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com // Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia, às 13h20. 

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