Filme destaca o cineasta porto-velhense que surgiu inspirado em Mazzaropi e Chaplin

Pistolino produz curtas à moda antiga, do jeito que era no cinema mudo.

Foto: Divulgação

Acaba de ser lançado um documentário interessante sobre o cineasta mambembe Jair Rangel de Souza, de 55 anos, que incorporou o nome artístico do personagem ‘Pistolino’. Ele produziu 13 filmes, sendo 11 curtas-metragens.

Em novembro de 2021, sua saga de criador e criatura também virou documentário produzido em Manaus (AM): ‘Pistolino e o filme que não acaba nunca’ (roteiro e direção de Anderson Mendes; 1:19:28), contemplado por edital do Governo Federal. 

Autêntico

Pistolino é um artista genuíno. Queria ser cineasta desde muito pequeno, quando vivia na roça no Paraná. Entremeio à ajuda que tinha que dar ao pai na lavoura de café, o menino que só fez o antigo primário (4º ano do grupo escolar), mas sonhava com o mundo do cinema.

Sua sagacidade e caráter inventivo transcendem o conhecimento acadêmico; igual o emblemático Amácio Mazzaropi. São predicados que desenvolveu observando e fazendo.

Jair costumava “filmar” com uma caixa de papelão. Suas produções imaginárias versavam o mundo caipira, inspirado nos filmes do seu maior ídolo: Mazzaropi. Depois, o cineasta conheceu outros gênios e ficou encantado com Charles Chaplin. “Como ele pôde ter feito tudo aquilo se não havia nada parecido antes?”, indaga, maravilhado.

Em 1986, aos 20 anos, Jair migrou para Rondônia, vivendo sempre em Porto Velho. Atuou como fotógrafo. Tinha um cavalinho de fibra, que ele mesmo fez, posto que é engenhoso com trabalhos manuais. Ia de porta em porta fotografando crianças montadas em seu invento.

Quando apareceram as fotos digitais, seu negócio foi prejudicado e ele migrou para as esculturas. Faz belíssimas peças em resina retratando, em miniaturas, animais, monumentos como o Forte Príncipe da Beira e locomotivas da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

Continua

Figura considerada “cult” em Rondônia, Pistolino continua sua batalha, fazendo arte e ganhando sorrisos. Além do reconhecimento dos meios de comunicação, em 2018 recebeu a maior comenda do Estado: a Medalha do Mérito Marechal Rondon.

Como é que surgiu o Pistolino?

PISTOLINO — Mazzaropi tinha a ver com circo, eu me inspirei nele. Existia o Circo Pistola. Então foi uma mistura. É uma cultura de Jeca.

Ao todo, você produziu ou participou de quantos filmes?

PISTOLINO — Foi um longa, ‘Pistolino, um viajante em presepada’, o média-metragem ‘Pistolino e o lobisomem mineiro’ e onze curtas. É cinema à moda antiga, filmes mudos e em preto e branco, como nos tempos de Chaplin. Sou autodidata, nunca fiz nenhum curso, projeto meus equipamentos. Hoje, uso IPad para filmar.

Você já apareceu na mídia nacional e ganhou destaque também em Rondônia. Quais as homenagens mais relevantes?

PISTOLINO — Fui homenageado em vários eventos. Inclusive no Fest Cineamazônia (Festival Latino Americano de Cinema Ambiental), mais significativo festival de cinema de Rondônia. Houve dezenas de reportagens a meu respeito, a produção do documentário do cineasta de Manaus.

De todos os filmes, qual o que mais repercutiu?

PISTOLINO — “O curioso matuto” (14:33).

O que te leva a fazer filmes?

É um sonho de criança. Não é para ganhar dinheiro.

Jair Rangel de Souza, o Pistolino

Assista o curta ‘Pistolino e Posotóia em O Ribeirinho’ (apresentação do FestCine Amazônia) que insere a lenda do Mapinguari, protetor da floresta amazônica do Brasil e Bolívia, inimigo dos caçadores: 

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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