Estação tombada como patrimônio histórico pode virar comércio

A antiga sede administrativa da EFMM, conhecida como Prédio do Relógio, atualmente abriga parte da prefeitura da Capital.

Toda a extensão da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) — 366 km entre Porto Velho e Guajará-Mirim — é reconhecida pela Constituição do Estado como patrimônio histórico de Rondônia. 

A posse da área é da SPU (Superintendência de Patrimônio da União) do Governo Federal, que cedeu os diversos espaços e repartições a vários órgãos públicos nos três níveis da administração. A antiga sede administrativa da EFMM, conhecida como Prédio do Relógio, atualmente abriga parte da prefeitura da Capital.

A antiga estação do Abunã na década de 1954. Foto: Anderson Leno

Algo chocante foi noticiado recentemente. A “venda” (não se sabe por quem) da antiga estação do distrito de Abunã para um comerciante, que está reformando o imóvel de 1953 a fim de ocupá-lo. A Associação Cultural Rio Madeira pediu providências ao prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, contudo, a entidade disse em nota que “as autoridades e órgãos responsáveis e a sociedade estão fazendo vistas grossas para o roubo de peças do patrimônio histórico”.

A bem da verdade, o imóvel de Abunã estava em ruínas. Então, não adianta apenas inviabilizar sua ocupação pelo particular. É preciso revitalizá-lo e lhe darem o destino adequado. As entidades precisam, sim, se mobilizar e exigir que não haja essa usura do espaço público. Mais do que isso, que exijam também a destinação adequada de outra estação — já revitalizada — no distrito do Iata e a recuperação das demais com recursos de compensação ambiental, conforme foi pactuado pelas usinas do Rio Madeira perante o Ministério Público Federal.

Algumas das antigas locomotivas e estações estão em estado de abandono. A estação de Iata, no município de Guajará, que foi revitalizada com recursos do Ministério do Turismo há cerca de três anos, ainda não foi ocupada até hoje. Logo entrará em ruínas, a continuar como está, sem conservação e nem utilidade prática.

Outra questão correlata: Onde estão todos os achados arqueológicos promovidos pela Usina de Santo Antônio quando da construção das barragens? O governo, Iphan, instituições culturais e educacionais devem exigir a disponibilidade do material para as estações que podem e devem se tornar galerias de artes, museus, memoriais. Como ocorre com o Museu de Guajará-Mirim que não envolve apenas a preservação da memória da ferrovia, mas da de todo o seu meio. 


Interior tem mais dois novos sítios arqueológicos  

O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) acaba de homologar mais dois sítios arqueológicos na região de Buritis, constando de cerca de 300 fragmentos em cerâmica, deixados por povos indígenas, do período pré-colombiano. 

Os achados ocorreram durante a construção do “linhão”, interligando as subestações PCH Santa Cruz, Monte Negro e Buritis, realizadas pela Energisa. O trabalho arqueológico foi coordenado pela empresa Scientia Consultoria, a mesma que promoveu escavações com importantes descobertas no Vale do Rio Madeira, durante as construções das usinas de Santo Antônio e Jirau.

Fragmentos de cerâmica encontrados na região de Buritis/ Divulgação

O diretor-presidente da Energisa, André Theobald, afirma que ação de se de identificar e preservar os sítios arqueológicos é um “compromisso social, ambiental e cultural” da empresa que está instalada há três anos em Rondônia.

A Energisa faz parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e está construindo e reformando 20 subestações em Rondônia. As obras incluem a edificação de linhas de energia de alta tensão e seguem diretrizes do Pacto, que encoraja empresas a adotarem políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. 

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