Escritor porto-velhense expõe modelos de máquinas de escrever históricos

De Graciliano Ramos a Bob Dylan: equipamentos são iguais aos utilizados por grandes autores do Brasil e do mundo.

Nostalgia: as máquinas do acervo de Hérlon. Foto: Divulgação

Em plena era da IA (inteligência artificial), o autor Hérlon Fernandes Gomes, cearense radicado em Rondônia, tomou uma decisão analógica para escrever o seu livro “Paiol de Pólvora”. Escreveu-o, em parte, com uma máquina de datilografia, engenhoca que faz parte do processo criativo do autor a ponto de ele ter se tornado um colecionador.

São 25 máquinas pertencentes a Hérlon que estão expostas no Centro de Memória do Tribunal de Judiciário, em Porto Velho. A exposição “Quando as máquinas de escrever dominavam o mundo” foi aberta dia 15 de novembro, no mesmo dia que foi lançado o livro na capital rondoniense; a mostra fica aberta ao público até o final do mês de janeiro.

Texto de Hérlon escrito à máquina. Foto: Divulgação

Além dos equipamentos fabricados na Europa e nos Estados Unidos, que por si são atrativos que chamam a atenção de quem gosta de antiquários, o expositor ainda traz referências com pôsteres e textos retratando escritores utilizando cada modelo. A máquina mais antiga de Hérlon é de 1905, igual à que era utilizada por Graciliano Ramos; a mais nova é da década de 1970. São semelhantes às de Alfred Hitchcock, Agatha Christie, Gabriel García Marquez, Jorge Amado, Clarice Lispector, Câmara Cascudo, Rachel de Queiroz, Bob Dylan, entre outros.

De natureza Nostálgica, Hérlon se apaixonou pelas máquinas de datilografia aos 14 anos – hoje tem 42 –, quando ganhou de presente a Ramington 25, uma portátil que foi muito popular nos anos 1980.

Com o tempo, ele foi aperfeiçoando seu gosto; aprecia LPs, vitrolas, dilema, livros e tudo com o toque do mundo clássico e analógico. 

Os objetos que ele tem em casa não são apenas decorativos. O colecionador “viaja” nas músicas e no barulho característico da datilografia enquanto compõe sua literatura que varia de poesias ao seu romance de estreia ora lançado.

O autor durante noite de autógrafos de seu romance de estreia. Foto: Divulgação

Sobre o livro

Por falar em história, o autor levou quase seis anos entre a pesquisa e a escrita da obra produzida de forma independente. Em Porto Velho, “Paiol de Pólvora” foi lançado durante a Mostra de Cultura de Talentos do Tribunal de Justiça de Rondônia, onde o bacharel em direito Hérlon é servidor.

O livro aborda especialmente o Coronelismo e o Cangaço, na região do Cariri, no Ceará. Os conflitos, as alianças entre coronéis e cangaceiros, durante o auge da República Velha, revelam o tempo, quando cada homem era sua própria lei. Com traços marcantes do regionalismo de 1930, à luz dos mestres que inspiraram o autor (Jorge Amado, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos), escreveu um romance de costumes do Cariri cearense, desde seu povoamento, até o auge das deposições políticas, dos crimes encomendados e quando Lampião gostava de perambular o Cariri, sob a mística do padre Cícero.

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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