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Sexta, 19 Abril 2024

Crescimento populacional de Rondônia é mínimo, segundo Censo 2022

Rondônia foi conhecido nas décadas de 1960 e 1970 como "O Novo Eldorado". O Governo Federal estimulava a emigração para esta região, principalmente após a abertura da rodovia BR-364. Passou a receber milhares de retirantes, a maioria, gente empobrecida no Sul do país em busca de novas oportunidades de trabalho e do desbravamento da terra, distribuída pela Incra.

Dentro de um discurso nacionalista, os militares pregavam "a unificação do país e a proteção da floresta contra a "internacionalização". Em 1966, o presidente da República Castelo Branco falou em "Integrar para não Entregar". Slogan que foi bastante batido e passou a ser um mantra no processo de ocupação. A floresta foi abatida dia e noite para dar lugar à legião de despossuídos — e em meio deles, alguns latifundiários.

Rondônia cresceu. O antigo território federal tornou-se Estado instalado em 1982 e não parou de receber forasteiros vindos de todos os cantos. Surgiram muitas vilas, distritos e cidades. Nunca cogitou-se a estagnação e muito menos o declínio da população. Agora, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revela um revés histórico. Não só para Rondônia. Muitos municípios brasileiros diminuíram. Por quê?

População de Vilhena, no interior do Estado, ficou 8,6% menor. Foto: Júlio Olivar/Acervo pessoal

Vilhena, a 700 km da capital, é o município do interior que mais vinha crescendo. Surpresa: a população vilhenense encolheu; as prévias apontam 8.918 pessoas a menos do que os números estimados em 2021. Oficialmente, Vilhena passa a ter 95.599 habitantes. Entretanto, a apresentação do relatório final da contagem encerrada em 25 de dezembro passado está prevista para março. Os dados finais ainda podem sofrer alterações.

O município de Vilhena — assim como outros — decresceu. A princípio, cerca de 8,6%, e este será o impacto provável do FPM (Fundo de Participação do Município), recurso repassado pelo Governo Federal. Em 2022, o FPM local foi de R$ 51,1 milhões/ano. As informações divulgadas foram entregues pelo IBGE ao TCU (Tribunal de Contas da União) para fins de cálculo da nova distribuição do FPM. A tabela com a prévia da população para cada município foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

Vilhena mantém-se na quarta posição entre os municípios mais populosos do Estado, atrás de Porto Velho, Ji-Paraná e Ariquemes — nesta ordem. Destes, apenas Ji-Paraná evoluiu. A capital, por exemplo, foi a que mais sentiu o baque: tem menos 87.304 habitantes. No total, Porto Velho ficou com 461.748.

No geral, um grande número de cidades diminuiu de tamanho. Essa é a realidade de 40% dos 5.570 municípios brasileiros, conforme o IBGE. Ao longo da BR-364, em Rondônia, as cidades que mais cresceram foram Ji-Paraná (saltou de 131.026 para 136.825, consolidando-se como a segunda maior do Estado) e Cacoal (de 86.416 para 92.202, aproximando-se ao tamanho de Vilhena).

Os 52 municípios que formam o estado de Rondônia somam 1 milhão e 843 mil moradores; crescimento tímido de 28 mil habitantes se comparados os números da prévia do Censo de 2022 com aqueles da estimativa da 2021.

POR QUÊ?

Faz 21 anos que país cresce pouco, média de 0,7% ao ano. O fator principal para justificar o caso é a queda na taxa de natalidade. Para manter o tamanho no longo prazo, é necessário, no mínimo, uma média de 2 filhos por mulher. Em 2010, o número já estava abaixo desse patamar: 1,9.

A pandemia de covid-19 contribuiu para que o ritmo de crescimento caísse ainda mais, devido à alta na mortalidade e a queda no número de nascimentos, por motivos comportamentais, como o adiamento da gravidez e o isolamento social.

Desde o Censo de 1960, a taxa de crescimento vem caindo de forma contínua, mas nunca antes havia sido tão baixa quanto a atual. A população do Brasil agora é de 208 milhões, de acordo com a prévia.  

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