MPF diz que Rondônia não precisa de mais hidrelétricas; governo federal fala em geração de 30 mil empregos
Tabajara surgiu em função da extração do látex. Hoje com cerca de 100 habitantes, a vila de pescadores, extrativistas e pequenos agricultores mantém viva a memória dos soldados da borracha que atuaram naquelas terras durante a 2ª Guerra Mundial.
Além dos moradores identificados como descendentes dos arigós, existem também indígenas — inclusive, os de etnia desconhecidas — que não são quantificados.
Tudo pode pode ir por água abaixo em nome do “progresso”. A construção da barragem da Usina Hidrelétrica Tabajara na Cachoeira 2 de Novembro pretende gerar 350 megawatts e prevê a inundação de parte da área onde estão os remanescentes dos seringais e os povos tradicionais e indígenas, com forte impacto ambiental. O que, de pronto, gera animosidades jurídicas e acadêmicas.
O Ministério Público Federal e pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia estão questionando dados apresentados no estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA) para a obtenção de licenciamento prévio, apresentado pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte).
Rondônia já tem a usina Samuel e duas usinas do Madeira (Santo Antônio e Jirau). Em entrevista ao G1, a pesquisadora da UNIR Madalena Cavalcante afirma: “não se justifica mais uma hidrelétrica no estado, principalmente quando a gente observa que nem todo o estado é servido de energia, embora tenha todo o potencial de geração. Mesmo com a construção da usina, comunidades da região podem não ser beneficiadas”.
Por outro lado, o Governo Federal anuncia a usina como um “grande benefício para o Brasil” e que sua construção deve gerar pelo menos 10 mil empregos diretos e 20 mil indiretos.
Além da Tabajara, estão na pauta do governo as construções da usinas Castanheira (140 MW), no Mato Grosso; Bem Querer (650 MW), em Roraima; Telêmaco Borba (118 MW), no Paraná.
Bem no Dia do Ferroviário, 30 de abril, faleceu, em Porto Velho, José Bispo de Moraes, conhecido como “Seu Bispo”. Foram 86 anos bem vividos. Ele era uma “lenda” da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, onde atuou desde menino até o último apito do trem.
Nasceu na extinta cidade de Santo Antônio do Rio Madeira, que foi fundida a Porto Velho em 1943. Ultimamente, “seu Bispo” era presidente de honra da Associação dos Ferroviários da EFMM, um grande defensor da preservação da memória não somente da estrada da ferro inativa, mas também da história de Rondônia, como um todo. Sempre esteve articulando, trabalhando e emprestando sua voz em defesa da revitalização de parte do complexo ferroviário para fins turísticos.
Humilde, trabalhador incansável, grande cidadão idealista, deixou seu legado incontestável, e deve ser lembrado com respeito e carinho como personagem dos mais autênticos da história rondoniense.
Financiado com recursos da Lei Aldir Blanc, foi lançado dia 2 de maio o livro ”Florestas e rios: a encantaria amazônica” de forma online no canal Coletivo Vozes e EnCantos Amazônicos no youtube. O livro apresenta narrativas que perpassam as identidades amazônicas, tendo como personagens os sujeitos amazônicos e sua relação com as florestas e rios.
Segundo a executora do projeto, Eva da Silva Alves (foto), ”a obra é construída a partir de um texto de linguagem mista para possibilitar a leitura por partes daqueles que não tiveram acesso ao letramento. Além disso, as imagens despertam o imaginário cultural amazônico”.
A direção, pesquisa e organização da obra são da professora, pesquisadora e movimentadora cultural Eva da Silva Alves e contou com a participação da professora doutora Auxiliadora dos Santos Pinto, da Universidade Federal de Rondônia – Campus Guajará-Mirim e do pesquisador José Maiko Farias Amim; além do artista rondoniense Bruno Cruz, que assina as ilustrações.
Em tese, a Funai (Fundação Nacional do Índio) existe para proteger e defender os indígenas. Óbvio. Mas foi o órgão que pediu à Polícia Federal para abrir um inquérito e investigar a postura de Almir Suruí, um dos principais líderes indígenas do Brasil, que tem feito severas críticas ao presidente Jair Bolsonaro.
Há quatro meses, Almir Suruí, do município de Cacoal (RO), assinou um manifesto pedindo investigação contra Bolsonaro no TPI (Tribunal Penal Internacional) pelo aumento do desmatamento na Amazônia e do suposto desrespeito aos povos da floresta praticado por agentes do governo federal.
Segundo a PF, a representação feita pela Funai é consequência de uma suposta “campanha de difamação” patrocinada por Almir na Internet “para arrecadar dinheiro” e ajudar os indígenas “abandonados durante a pandemia do coronavírus”.
Almir Suruí promete revidar “política e judicialmente” a qualquer medida “arbitrária”(sic). Prestigiado, o indígena recebeu da ONU o título de “Herói da Floresta”; também foi homenageado pela Sociedade Internacional de Direitos Humanos. Durante o governo Dilma Rousseff foi protegido por conta das inúmeras ameaças de morte que ele diz enfrentar.
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