Réplicas começaram a ser fabricados durante a pandemia.
Tyson Nunes, de 30 anos, nasceu em Nazaré, comunidade ribeirinha a 150 km de Porto Velho. Sempre observou as embarcações indo e vindo, e tudo o que cada qual representa à memória afetiva da população.
Com o início da pandemia da COVID-19, Tyson resolveu tornar profissão uma ativista que exercia por hobby: confeccionar miniaturas de barcos famosos e histórico nas águas do Rio Madeira e outros, como o batelão que navega o Guaporé, na fronteira do Brasil com a Bolívia, durante a Festa do Divino.
De família de artistas — seus tios são fundadores do premiado grupo musical “Minhas Raízes —, Tyson agrega ao seu currículo mais uma arte que está sendo muito bem recebida pelo público e com repercussão na mídia. Quem quiser saber mais, o contato do artesão é (69) 99375-2186.
Poesias com enredos amazônicos
Gustavo Abreu é formado em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia, e é também doutor em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, tendo feito estágio de doutorado na França, Paris-Sorbonne IV. Desde criança demonstrou dotes artísticos, é músico, compositor e poeta.
O livro “Na beira das matas” está disponível AQUI
Sempre passa batido a importância dos negros na história de Rondônia
Mas, seja como for — 13 de maio ou 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) — é importante sempre ressaltar os negros que, tantas décadas depois, ainda enfrentam incontáveis barreiras. Rondônia deve muito ao povo afro-descendente. Quando falam da História local, poucos fazem referências específicas a eles, que sempre estiveram presentes na ocupação da Amazônia.
Pensemos nas nossas raízes: os operários barbadianos que atuaram na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, os quilombolas do Vale do Guaporé, a heroína Tereza de Benguela morta na região do município do Cabixi, a Irmandade do Divino — que ainda hoje realiza a monumental procissão, uma tradição das mais remotas e significativas da Amazônia —, os caboclos e mamelucos que povoaram Rondônia desde os ciclos da borracha, os negros degredados que vieram do Rio de Janeiro e “jogados” nas barrancas do Madeira a mando do Governo Federal, os mateiros que acompanharam as muitas expedições, inclusive as protagonizadas por Marechal Rondon.
Tudo isso somos nós, apesar de tantos acharem que são “pioneiros” por terem composto a odisseia da ocupação mais intensa desde a abertura da BR-364, em 1960, se esquecendo de várias páginas da nossa cultura e da verdadeira “história de antes” — aqui não desmerecendo as mais recentes ondas migratórias, igualmente heróicas.
Pensemos também nos negros de hoje que — aos poucos e com muitas lutas — ocupam o merecido espaço e influência na sociedade, na academia, na economia, na política, na mídia. A eles, todos os vivas! Tantos, porém, ainda vivem à margem — basta citarmos que a maioria dos jovens encarcerados é negra e que poucos são os que conseguem chegar à universidade.
A segregação e o olhar de cima para baixo ainda existem, sim. E nos aviltam! Pensemos! Nos afetemos com isso! A única saída para a plena libertação dos negros das amarras todas do preconceito e do apartheid é a educação redentora. Educação para eles, os negros e negras, e para quem os oprime. Para todos!
Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com // Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia, às 13h20.