Venezuelanos: sonho e determinação se sobrepõem ao medo

Mesmo com a apreensão causada pelos conflitos entre brasileiros e venezuelanos no último sábado (18), ainda há imigrantes que apostam no Brasil para fugir da crise política e econômica e melhorar de vida. Na estrada que liga Pacaraima (RR) a Boa Visita, um grupo de cinco jovens venezuelanos está há quase uma semana caminhando em direção à capital de Roraima.

Mais de 200 quilômetros separam a capital da cidade de Pacaraima. Com pouquíssimos objetos pessoais, o grupo anda apressadamente, na contramão da pista sem acostamento. O cansaço e a expressão de fome são visíveis.

O grupo contou que a dificuldade do percurso da Venezuela até o Brasil foi amenizada com caronas, doações de alimentos e alojamento oferecido por comunidades indígenas situadas ao longo do caminho.

Os jovens passaram por Pacaraima, depois dos conflitos, e disseram que não desviaram a atenção nem desistiram do objetivo de chegar a Boa Vista.  “Não podemos voltar, estamos migrando porque lá [na Venezuela] não tem nada. Aqui é a única maneira que temos de conseguir a comida para os filhos”, relatou Julio Cezar Astudillo.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Fome

 “Minha família estava passando fome. Na Venezuela se passa muita necessidade, não há trabalho e quando tem não dá para comprar um frango. Um salário mínimo lá não dá para nada”, disse Astudillo, ao lado da mulher.

Visivelmente exausta e com a voz cansada, a mulher de Astudillo, Paola Enriquez, de 19 anos, confessa que teme não conseguir chegar onde deseja. O casal deixou os três filhos na Venezuela com as avós.

Jesus Gualdron, 28 anos, contou que o mais difícil do trajeto é conseguir carona e comida.  Padeiro na Venezuela, ele disse que tem esperança de encontrar emprego no  Brasil. Segurando uma caixa vazia, o venezuelano afirmou que guarda o objeto para colocar os quitutes que pretende vender quando se instalar.

“Sempre confiamos em Deus e seguimos no propósito de chegar para conseguir um emprego e enviar comida para nossos filhos, minha esposa e nossas mães”, afirmou Gualdron.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Xote, carimbó e lundu: ritmos regionais mantém força por meio de instituto no Pará

Iniciativa começou a partir da necessidade de trabalhar com os ritmos populares regionais, como o xote bragantino, retumbão, lundu e outros.

Leia também

Publicidade