Apesar de não ter sido feito um anúncio oficial, fontes das chancelarias de Brasil, Paraguai e Buenos Aires confirmaram a informação à diversos veículos de imprensa. É esperado que ainda nesta sexta-feira (2) seja oficializada a notícia. A suspensão de Caracas tem como base a falta de aprovação de 112 resoluções e quase 300 parâmetros solicitados como base para entrar no Mercosul. A presidência interina do bloco havia dado um ultimato ao presidente Nicolás Maduro para ajustar-se a isso até o dia 1º de dezembro.
A marginalização da Venezuela se desenhava desde que os demais sócios bloquearam, em julho passado, o acesso do país à presidência semestral do bloco. Em setembro, os quatro países fundadores decidiram ocupar o posto de forma colegiada e intimaram o governo do presidente Nicolás Maduro a adotar até 1º de dezembro todos os compromissos de adesão. Entre eles, a livre-circulação de mercadorias entre os países do Mercosul e a cláusula democrática.
Maduro, por sua vez, acusa Brasil, Argentina e Paraguai de querem dar “um golpe” de direita no bloco sul-americano e disse ser alvo de perseguição dos outros países-membros. O mandatário chegou até a convocar os sindicatos e a população venezuelana para “defender” o Mercosul.
Determinação de Caracas de permanecer no Mercosul
Na última terça-feira (29), a Venezuela se declarou disposta a aderir a um dos acordos comerciais pendentes – aquele relacionado às tarifas comuns e à livre-circulação de bens. “Finalizadas as revisões técnicas, a Venezuela se encontra em condições de aderir ao Acordo de Complementação Econômica”, afirmou a ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, em uma carta dirigida aos governos da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Rodríguez ressaltou que, atendendo aos “princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio que regem seu processo de adequação ao Mercosul, [a Venezuela] está preparada para iniciar imediatamente o processo de adesão”. “Nem saímos, nem vão nos tirar do Mercosul. (…) Fazemos um apelo aos povos das capitais do Mercosul para defenderem a Venezuela, porque isso é defender os maiores ideais de integração, união e cooperação”, declarou na segunda-feira (28), dia em que insistiu na determinação de Caracas de permanecer no bloco.
Tensões entre Maduro e governos de direita
O Mercosul foi fundado em 1991 e aceitou a Venezuela como membro em 2012. As tensões entre o governo Maduro e seus sócios aumentaram desde a chegada ao poder de governos liberais na Argentina e no Brasil.
O Mercosul atravessa uma de suas piores crise, equiparável apenas àquela gerada pela suspensão do Paraguai em 2012, depois de um processo parlamentar que destituiu o presidente de esquerda Fernando Lugo. Foi nesse período que Argentina, Brasil e Uruguai aprovaram o ingresso da Venezuela, que contava com a oposição de Assunção.