Por um placar de 75 votos a zero, o Senado colombiano ratificou o novo acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), após uma sessão de mais de 12 horas.
O partido conservador Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, se retirou do plenário no momento da votação em forma de protesto. Segundo o antecessor de Juan Manuel Santos, o Congresso não tem competência para referendar esse tipo de tratado.
O acordo anterior entre Bogotá e as Farc foi rejeitado pelo povo em referendo no início de outubro, e Uribe foi o principal cabo eleitoral do “não”. “Reconhecemos que houve avanços [no novo acordo], mas em outros pontos ainda há diferenças”, declarou o ex-presidente.
Pelo novo tratado, os membros da guerrilha terão cinco cadeiras garantidas no Senado e na Câmara dos Deputados nos próximos dois ciclos legislativos. Além disso, o narcotráfico só ficará isento de anistia caso o combatente o tenha usado para enriquecimento pessoal, item que não estava detalhado no pacto anterior.
O documento também tira a possibilidade de participação de magistrados estrangeiros no Juizado Especial da Paz e determina que bens e ativos em poder das Farc sejam usados para indenizar vítimas do conflito. O grupo de Uribe é contra a possibilidade de as Farc entrarem para a política e pede o enquadramento do narcotráfico como crime de lesa humanidade, não passível de anistia em nenhuma hipótese.
Desta vez, o acordo não será submetido a referendo, apenas ao Congresso. Com a ratificação pelo Senado, agora é a vez da Câmara dos Deputados votar o tratado de paz, o que deve acontecer nesta quarta-feira (30).