Figari, que vive atualmente em Roma, é acusado de formação de quadrilha, sequestro e lesões psicológicas graves em casos de abusos sexuais, inclusive contra menores de idade. Por conta disso, a Congregação para os Institutos da Vida Consagrada, sob ordens do Pontífice, promulgou um decreto nomeando um interventor para a SCV.
A entidade será administrada pelo padre Noel Antonio Londoño Buitrago, bispo de Jericó, na Colômbia, sob supervisão do cardeal norte-americano Joseph William Tobin, nomeado delegado e responsável pelas questões econômicas da associação.
Um relatório elaborado pela própria SCV e por especialistas estrangeiros indica que ao menos 36 pessoas, sendo 19 menores de idade, foram abusadas sexualmente por Figari e outros líderes da organização. Os crimes teriam ocorrido entre 1975 e 2002, mas o Ministério Público arquivou as denúncias por prescrição.
No entanto, os investigadores adotaram outra estratégia para reabrir o caso: passaram a cogitar formação de quadrilha para cometer os abusos e lesões psicológicas graves, crimes ainda passíveis de punição. “Me parece uma ideia inteligente”, disse em dezembro passado o advogado das vítimas, Hector Gadea.
Figari nega as denúncias e afirma que o pedido de prisão tem como meta causar um “impacto coletivo” antes da viagem do Papa por Chile e Peru, entre 15 e 21 de janeiro.
Segundo a sala de imprensa do Vaticano, Francisco acompanha “com preocupação” todas as informações sobre a situação da entidade peruana. “O Papa se mostrou particularmente atento à gravidade das informações sobre o regime interno, a formação e a gestão econômico-financeira, motivo pelo qual pediu com insistência uma atenção particular”, diz uma nota da Santa Sé.
O comunicado cita as “sérias medidas” adotadas pelas autoridades judiciárias do Peru contra Figari como determinantes para a intervenção. Composta por laicos e sacerdotes que se dedicam à evangelização, à solidariedade e à promoção da família, a SCV foi fundada em 1971, em Lima, e ganhou em 1997, do papa João Paulo II, o reconhecimento como sociedade de vida apostólica.