Igreja da Venezuela pede a Parlamento lei de anistia para presos políticos

Foto: EPA/Miguel Gutierrez/Agência Lusa
BRASÍLIA – A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) apelou nesta quinta-feira (7) ao novo Parlamento, composto majoritariamente por deputados da oposição ao presidente Nicolás Maduro, para promover a reconciliação nacional e materializar a promessa de criar uma lei de anistia para presos políticos.Na sessão inaugural da Assembleia Nacional da Venezuela, os opositores do governo socialista ocuparam 112 dos 167 lugares que compõem o parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes.
“São necessárias medidas que contribuam para a reconciliação nacional, como a anistia para presos políticos e o regresso dos exilados, além de leis que corrijam as políticas econômicas e castiguem a corrupção”, afirmou o presidente da CEV, monsenhor Diego Padrón.
Segundo organizações não-governamentais da Venezuela, são mais de 80 presos políticos, entre eles o politólogo luso-venezuelano Vasco da Costa, 56 anos, filho de um antigo vice-cônsul de Portugal, que está detido desde 24 de julho de 2014 e é acusado de vários delitos relacionados com terrorismo.
Além de defender a anistia para presos políticos, o presidente da CEV leu nesta quinta-feira, por ocasião da instalação da 105ª Assembleia Ordinária da CEV, em Caracas, um comunicado dos bispos venezuelanos insistindo na importância do diálogo entre as diferentes forças políticas venezuelanas, de modo a solucionar a crise local.
Monsenhor Diego Padrón também fez referência à recente instalação da Assembleia Nacional, de maioria parlamentar opositora a Nicolás Maduro, destacando que se trata de “uma vitória da vontade do povo”, que condena “o sistema representado pelo despotismo, militarismo, arbitrariedade e corrupção, que se autodenomina socialismo do século XXI”.
“É um ponto de partida para a recuperação do Estado de Direito, renovação e saneamento dos organismos do Estado, revisão das políticas nacionais e a política internacional, bem como seus acordos, convênios e negociações”, acrescentou.
Para os bispos, trata-se sobretudo de “uma vitória da vontade do povo, que reclama mudanças efetivas nos campos da liberdade e da justiça, nos direitos humanos, na saúde, segurança, economia e em tantos outros”.
A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática obteve, nas eleições de 06 de dezembro, a primeira vitória em 16 anos, conseguindo 112 dos 167 lugares que compõem o parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma virada história contra o chavismo na Venezuela.
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