BRASÍLIA – O governo colombiano e lideranças da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) retomaram, na última sexta-feira (2), as conversações de paz em Cuba. O novo ciclo de negociações, o 42º desde o início do diálogo na capital cubana, Havana, em novembro de 2012, deverá ocorrer até 8 de outubro. Há previsão de que o acordo de paz definitivo possa ser assinado dentro de seis meses.A retomada das negociações acontece uma semana após o anúncio de um acordo judicial entre as duas partes, um avanço decisivo para um acordo de paz definitivo. O texto, assinado em 23 de setembro, define as medidas que devem ser aplicadas aos indiciados por crimes de guerra. O documento constitui um ponto crucial das conversações de paz destinadas a acabar com mais de meio século de conflito armado, o último que ainda ocorre no continente americano.“Trata-se de um modelo de Justiça para a paz, com um nível incomparável de detalhes e de progressos”, disse Ivan Marquez, chefe da delegação das Farc em referência ao acordo judicial.A delegação governamental colombiana optou por uma abordagem menos entusiasmada, ao referir-se a um “documento em construção” e que ainda deve ser concluído. “Vamos aguardar que os advogados [das duas partes] terminem o seu trabalho, respeitando o que foi decidido sobre temas-chave, como o da extradição”, declarou uma fonte da delegação do governo colombiano. O acordo prevê o fim das extradições de guerrilheiros para os Estados Unidos onde se encontra, entre outros, o líder rebelde Simon Trindad, condenado em 2004 a 60 anos de prisão.O texto completo, que inclui 75 pontos, ainda não foi divulgado, mas em 23 de setembro foi distribuído um resumo com dez pontos. “O acordo deve ser publicado o mais rápido possível para evitar especulações sobre o seu conteúdo”, disse Ivan Marquez.
