As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciaram nesta terça-feira (13) a entrega à Missão da Organização das Nações Unidas (ONU) de um segundo lote de armas que constituem 30% de seu arsenal, em um ato na zona rural de La Elvira, no departamento de Cauca, no Sudoeste do país. As informações são da Agência Brasil.
“Esta é uma mostra do 30% que está sendo feito no dia de hoje e continuará amanhã em todo o território colombiano”, disse um observador argentino da ONU após receber e descarregar as armas, entre as quais havia fuzis, pistolas, lança-granadas e lança-foguetes, que depois depositou em um contêiner sob custódia do organismo internacional. Na quinta-feira (8) as Farc já tinham anunciado a entrega à ONU de um primeiro lote equivalente a 30% do seu armamento.
Desta forma, ao final do procedimento iniciado nesta terça, a guerrilha terá entregado 60% das suas armas à ONU, em uma processo que deve terminar no próximo dia 20 de junho com o 40% restante.
O ato não foi presenciado pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, devido ao mau tempo na região que impediu a aterrissagem do helicóptero em que Santos viajava na companhia do ex-presidente de governo da Espanha, Felipe González, e do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.
Por essa razão, a comitiva presidencial retornou a Cali, capital do departamento (a Colômbia se divide em 32 departamentos e um distrito-capital) vizinho de Valle del Cauca, de onde acompanhou o ato pela televisão ao lado dos dois ex-governantes que lideram o mecanismo de verificação e acompanhamento internacional para a implementação do acordo de paz.
O chefe da Missão Especial da ONU, Jean Arnault, destacou durante o ato em La Elvira o passo dado pelas Farc rumo à vida civil e declarou que “a política sem armas é possivelmente o melhor símbolo deste processo”. “Somos testemunhas hoje da etapa final do processo de entrega de armas individuais, com 30% destas armas já armazenadas nos contêineres da Missão”, disse.
Arnault disse que, apesar de o processo de paz não ter sido isento de “episódios de desalento” e “momentos de ceticismo”, no futuro “haverá outros momentos difíceis”. “No entanto, algo que caracterizou o processo de paz da Colômbia é a determinação do governo da Colômbia e das Farc de persistir e de superar uma e outra vez os desafios no caminho da paz”, comentou.
Por sua parte, o comandante guerrilheiro Jorge Torres Victoria, codinome ‘Pablo Catatumbo’, principal representante das Farc no ato, declarou que “o cessar-fogo evitou mais de 2.500 mortos, soldados, policiais e guerrilheiros filhos de famílias colombianas”. Ele destacou que é hora de “construir pontes” e lembrou que a entrega das armas por parte da guerrilha está sendo “cabalmente” realizada, cumprindo assim com o seu compromisso.
“Esperamos que os guerrilheiros tenham garantias jurídicas e econômicas para a sua reintegração à vida normal do país”, disse ‘Catutumbo’, ao mesmo tempo em que exigiu a instalação da comissão especial de combate ao paramilitarismo, segundo ele “a principal ameaça que paira sobre a paz”.
Ao final do ato, os guerrilheiros de La Elvira receberam o documento em que a ONU certifica que deixaram sua arma para que possam empreender seu caminho para a vida civil.