Duque e Petro disputarão presidência da Colômbia em 17 de junho

Os colombianos voltarão as urnas no próximo dia 17 de junho, para o segundo turno das eleições presidenciais. A disputa será entre dois candidatos, representando os dois extremos, com duas propostas de economia diferentes: o advogado Iván Duque, da direita, e o ex-guerrilheiro Gustavo Petro, da esquerda.

Seis candidatos disputaram o primeiro turno neste domingo (27), mas nenhum conseguiu a metade mais um dos votos necessários para vencer. Com 99% das mesas apuradas, Iván Duque alcançou 39,11% dos votos e Gustavo Petro 25,09%. Os resultados dos dois candidatos mais votados ficaram próximos ao previsto pelas pesquisas de opinião.

Quem surpreendeu, com um desempenho melhor que o esperado, foi o matemático Sergio Fajardo, que ficou em terceiro lugar, com 23,77% dos votos. German Vargas, de centro-direita, ficou em quarto lugar com 7,25% dos votos.

Mais da metade dos 36 milhões de eleitores colombianos votou nesta eleição presidencial. É a primeira desde o acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) –  a maior guerrilha do pais, hoje convertida em partido politico, com a mesma sigla. Os dois candidatos favoritos representam polos opostos.

Foto: Reprodução/Google

A votação ocorre no momento em que a Colômbia está sentindo o impacto da crise na vizinha Venezuela: meio milhão de venezuelanos cruzaram a fronteira, fugindo da hiperinflação e do desabastecimento.

O país enfrenta o desafio de acolher os refugiados, ao mesmo tempo em que tenta incorporar à sociedade civil os sete mil rebeldes das FARC, que aceitaram depor as armas depois de meio século de conflito com as forcas de segurança colombianas.

Acordo de paz

O resultado dessa eleição pode definir o futuro do acordo de paz. Duque – que foi funcionário do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e senador – é candidato do ex-presidente Álvaro Uribe, que foi padrinho politico do atual presidente, Juan Manuel Santos, antes de se converter em seu opositor.

Uribe liderou a campanha contra o acordo de paz, assinado em 2016 por Santos, que lhe valeu o premio Nobel da Paz. Ele argumenta que o presidente foi demasiado generoso com os ex-guerrilheiros, que usaram o tráfico de drogas para financiar suas atividades.

Se for eleito, Duque promete rever algumas concessões. “O narcotráfico não é um crime político e não deve ser anistiado”, disse. Além da anistia, as FARC obtiveram dez cadeiras no Parlamento ate 2026.

Na Colômbia, Uribe é uma figura polêmica: amado por muitos e odiado por outros tantos. Durante seus dois mandatos (2002-2010), ele realizou uma ofensiva contra os rebeldes das FARC (que mataram seu pai) e do Exército de Libertação Nacional (ELN), que começaram a negociar a paz com Santos.

Muitos colombianos atribuem a ele o enfraquecimento das guerrilhas, que chegaram a ter mais de 20 mil homens armados, controlando boa parte do país. Mas seu governo também é associado a violações de direitos humanos, cometidas pelas forcas de segurança e paramilitares, além de escândalos de corrupção.

O economista Gustavo Petro – que vai disputar com Duque o segundo turno – representa a prova de que o processo de paz pode dar certo. Antes de ser legislador e prefeito de Bogotá, ele pertenceu à guerrilha Movimento 19 de Abril (M-19), que depôs as armas em 1990 e se transformou em partido politico.

Ele promete combater os paramilitares e latifundiários, que se opõem ao acordo com as FARC. Para muitos colombianos, cansados dos governos conservadores, ele é associado à mudança – e não apenas porque seria o primeiro presidente de esquerda.

Foto: Reprodução/Facebook

Economia

Apesar do acordo de paz ter sido tema desta campanha e dividido os candidatos entre os que estão a favor e contra, o eleitorado colombiano está preocupado com outros temas: o desemprego e segurança. Duque e Petro tem propostas de pais diferentes.

O candidato da direita quer reduzir impostos para atrair investimentos, inclusive na área petrolífera e de mineração. Já Petro diz que a Colômbia precisa mudar seu modelo econômico – deixando de investir em petróleo e carvão – para ficar tao dependente quanto a Venezuela. A crise no pais vizinho começou em 2014, quando o preço do petróleo (responsável por 95% de suas exportações) despencou.

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