A moção que pede a queda do mandatário por “permanente incapacidade moral” recebeu 87 votos a favor e 15 contra, além de 15 abstenções. O impeachment de Kuczynski será votado na próxima quinta-feira, 22 de março.
O presidente já havia sido alvo de uma tentativa de derrubá-lo em dezembro passado, quando se livrou por apenas oito votos. Um dos que se abstiveram da votação, contribuindo para a manutenção de Kuczynski no poder, foi o deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori.
Condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos, corrupção e apoio a esquadrões da morte, Fujimori recebeu um indulto “humanitário” de Kuczynski poucos dias depois da derrota do pedido de impeachment no Congresso. “A única coisa que nos resta é invocar a seriedade do Parlamento, que não se deixe levar por interesses individuais. Isso leva a uma real destruição da imagem democrática de um país que se construiu com regras claras”, declarou a primeira-ministra Mercedes Aráoz.
Eleito em 2016, Kuczynski é acusado de ter recebido propina da Odebrecht por meio de empresas de consultoria. A própria empreiteira brasileira disse que desembolsara US$ 4,8 milhões a duas firmas vinculadas ao mandatário peruano, entre 2004 e 2013.
Quando os pagamentos começaram, Kuczynski era ministro de Finanças do Peru. Inicialmente, o presidente negou ter recebido dinheiro da Odebrecht, mas depois ele mudou o discurso, alegando que havia trabalhado legalmente como assessor. Além disso, garante não ter exercido funções na Westfield Capital, uma das empresas envolvidas no escândalo, quando ocupava cargos públicos.
O impeachment pode agravar a crise política no país às vésperas da Cúpula das Américas, que ocorrerá entre 13 e 14 de abril, em Lima, e terá a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O principal tema do encontro será o combate à corrupção. O esquema de propinas da Odebrecht atingiu diversas nações da América Latina, da Argentina ao México, passando por Brasil, Colômbia, Equador e Panamá, entre outros.