Brasileiro segue preso na Venezuela; já são 6 dias

Nesta quarta-feira (3) completam seis dias da prisão de Jonatan Moisés Diniz. O catarinense de 31 anos foi detido no dia 28 de dezembro pelas forças de segurança da Venezuela, no estado de Vargas. Segundo a agência oficial de notícias do governo, ele é acusado de manter atividades desestabilizadoras contra o regime de Nicolás Maduro.
O anúncio da prisão foi feito pelo parlamentar socialista Diosdado Cabello no programa que dirige no canal estatal VTV. Além de Jonatan, foram presos outros três venezuelanos. Eles fariam parte da Organização Não Governamental Time to Change the Earth (“tempo de mudar a Terra”, na tradução em português).
Para o governo, a entidade seria uma “organização criminosa com tentáculos internacionais”, que distribuiria alimentos e bens a moradores de rua com o objetivo de obter recursos em moeda nacional com vistas a promover ações contra o governo.
“Sabemos que esse tipo de ações da CIA (Agência Central de Inteligência), em outras ocasiões e em outros países, são fachadas para percorrer o país, identificar objetivos estratégicos, financiar terroristas e outros”, afirmou Cabello em seu programa.

Foto: Reprodução / Facebook
Negociações
O governo brasileiro tenta, por meio do Ministério das Relações Exteriores, negociar a libertação de Jonatan. O Itamaraty informou à Agência Brasil que o consulado do Brasil em Caracas mantém tratativas com o governo venezuelano “para prestar a assistência consular cabível”, mas explicou que não divulgaria informações pessoais “em respeito à privacidade do brasileiro”.
A interlocução é feita pelo corpo diplomático que permaneceu no país, uma vez que nenhum dos dois chanceleres estão no exercício de suas funções. No dia 23, a Assembleia Nacional Venezuelana declarou o embaixador Ruy Pereira pessoa não grata, o equivalente no campo diplomático a uma expulsão, por considerar que houve uma ruptura constitucional com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Em resposta, o governo brasileiro adotou a mesma medida no dia 26 do mesmo mês em relação ao principal dirigente da representação venezuelana, Girard Antônio Maldonado.
Doações e críticas  Em seu perfil no Facebook, Jonatan Diniz publicou diversos pedidos de doações para a organização, que seriam revertidas para ações de caridade a crianças de baixa renda. O catarinense morava nos Estados Unidos, mas viajava à Venezuela para essas iniciativas. Antes, residiu alguns meses em Quito, no Equador, e autuou com a produção de vídeos para um canal no YouTube.
Em uma publicação de 19 de junho, Diniz critica o governo Maduro. “A Venezuela chega a seu dia número 80 de luta nas ruas contra a ditadura. O governo, ao invés de comprar medicamentos para seu povo morrendo nos hospitais e de fome pelas ruas, acaba de gastar mais dinheiro em tanques de guerra para usar contra seu próprio povo que luta por sua liberdade”, comentou.
ONG
A ONG Time to Change the Earth não tem website. Suas contas no Facebook e Instagram foram criadas há alguns meses. A página no Facebook começou a ter publicações no dia 26 de novembro de 2017, sem nenhuma mensagem além de logomarcas. A entidade se define como uma organização que “conecta outras ONGs do mundo distribuindo comida, medicamentos, brinquedos e uma filosofia de vida nova”.
  No Instagram, a conta também é recente, com 24 posts, repetindo os chamados para doações. O repasse dos recursos era feito por meio de um número do mensageiro Whatsapp, e não por meios de pagamento, normalmente usados por outras entidades assistenciais.
Família
O pai de Jonatan, Luiz Francisco Diniz, divulgou diversas mensagens nas redes sociais pedindo às autoridades providências sobre o caso. “Jonatan e sua família pedem ajuda: liberte esse brasileiro”. A mãe do brasileiro, Renata Diniz, disse em entrevistas à imprensa que acredita na libertação por considerar que não há motivo para a prisão.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Saneamento é inclusão: indígenas contam como acesso à água em Manaus muda o conceito de cidadania

Universalização do saneamento básico no maior bairro indígena de Manaus, o Parque das Tribos, é meta para 2030, segundo concessionária.

Leia também

Publicidade