Grupo de Manaus desenvolve plataforma para auxiliar o tratamento de crianças autistas

O ALLtism contribui para o desenvolvimento e tratamento de crianças autistas, integrando pais e profissionais de saúde nos cuidados á criança

O termo autismo vem do grego “autós” que significa “de si mesmo”. Em 1906, o termo foi introduzido na literatura psiquiátrica pelo psiquiatra suíço Plouller. Durante os anos, especialistas foram estudando os Transtornos do Espectro Autista (TEA), e ajudado os autistas e familiares a entenderem mais sobre o transtorno. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmam que o TEA afeta uma em cada 160 crianças no mundo.

Em Manaus, uma das maiores dificuldades é a inclusão dos autistas nas escolas. Pensando nessa problemática, uma equipe de programadores e designers de Manaus criaram o ALLtism, que contribui para o desenvolvimento e tratamento de crianças autistas, integrando pais e profissionais de saúde nos cuidados á criança.

Para os pais, o ALLtism oferece uma plataforma de atividades que os guia no dia a dia com a criança. E, para os especialistas, como psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, o ALLtism possibilita o acompanhamento das atividades desenvolvidas pela criança no ambiente domiciliar. 

Reprodução/Shutterstock

De acordo com Juliane Silva, formada em Engenharia da Computação pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a ideia surgiu durante um curso de capacitação no Ocean Lab. “Teríamos que criar algo voltado para a saúde, então, durante um workshop da Agência Nacional de Saúde (ANS), ficamos sabendo sobre três doenças que estavam se destacando, a obesidade, depressão e o autismo. A partir deste momento, escolhemos pesquisar mais sobre a depressão”, explicou.

Além de Juliane, atuam no projeto: Raphael Maquiné (negócios); Katiane Cavalcante e Geizon Nascimento (programação) e Isabelle Teixeira eCristiano Ferreira (design). A equipe participou do programa de aceleração de empreendimentos de base tecnológica da Samsung. Foram nove meses de mentoria e treinamento.

“Foi muito importante, a samsung nos ajudou com o conhecimento, e claro, a parte financeira. Mas, em cada parte do projeto, a gente recebeu o apoio dos especialistas. Ainda estamos desenvolvendo o ALLtism e esperamos que ele possa ajudar todos as crianças autistas”, afirmou Juliane. 

Luta pela informação

Criado em 2011, o Instituto Autismo no Amazonas (IAAM) tem o objetivo de tirar as dúvidas de pais, cuidadores e profissionais que lidam diariamente com autistas. O grupo realiza reuniões para troca de experiências com o intuito de buscar melhores alternativas de atendimento ás pessoas com transtorno globais do desenvolvimento, além de lutar pelos direitos dos autistas no Amazonas.

Quem ajudou na criação do IAAM, foi a pedagoga Danielle de Lima, que é mãe do jovem autista, João Pedro, de 14 anos. Ao Portal Amazônia, Danielle afirmou que houveram muitas mudanças no atendimento aos autistas. “Hoje temos mais acesso a informação, muitos estudos sobre metodologias aplicadas para o ensino/aprendizagem”, disse.

Danielle se formou em Pedagogia para auxiliar na alfabetização de João Pedro, e garante que a tarefa é gratificante. Ela destaca que Manaus não conta com tantos recursos para a capacitação de profissionais. “O instituto sempre traz cursos para capacitar nossos profissionais, mas é tudo muito caro, e contamos com emendas parlamentares”, destacou a profissional.

A tecnologia foi uma grande aliada de Danielle no desenvolvimento educacional de João Pedro. O pequeno é averso a lápis e caneta, então, a pedagoga optou por fazer uso da digitalização. “Estamos introduzindo lápis para iniciar a escrita, mas é um trabalho delicado”, ressaltou a pedagoga.

Aos pais de autistas, Danielle alertou sobre a necessidade específica da criança. “É necessário sondar a criança, saber o que funciona ou não. Por exemplo, o meu filho não gosta da lápis, e outros aceitam escrever sem problemas. Quando se trata de uma criança com autismo toda tentativa é válida. O mais importante é tratá-los como seres humanos típicos, respeitando os limites e dificuldades”, acrescentou. 

Equipe que desenvolveu o ALLtism. Foto: Reprodução/Facebook

 Graduação

A Samsung realizou no início deste ano, a cerimônia de graduação das 12 startups da quarta edição do Samsung Creative Startups. As empresas foram selecionadas em abril do ano passado e desde então passaram por um processo de mentoria e treinamento para aprimorar os projetos. Além do ALLtism, a cidade de Manaus contou com a participação de mais três startups; confira:

KEEPSMILING (Manaus-AM)

A startup KeepSmiling criou uma solução que monitora a escovação de crianças através de jogos educativos utilizando técnicas de inteligência artificial e diversão. O dispositivo plugado em qualquer escova coleta os dados e mostra o desempenho aos pais e dentistas.

NAVEGAM (Manaus – AM)

A NavegAM é uma empresa que iniciou suas atividades automatizando a venda de passagens fluviais. A atuação evoluiu para um e-commerce e, desde então, têm sido adicionados serviços voltados para soluções dos problemas hidroviários amazônicos. Um dos mais recentes é o acompanhamento logístico fluvial e rodoviário na Amazônia; a plataforma também permite a gestão de serviços e operações financeiras pelas transportadoras locais. Além disso, está em desenvolvimento um sistema de acompanhamento de cargas integrando as comunidades do interior do estado e suas cadeias produtivas aos grandes centros econômicos da Amazônia.

REALVM (Manaus – AM)

A Sensus Creation desenvolveu o Real VM baseado na necessidade dos alunos da área de saúde em terem acesso a uma forma segura e eficiente de aprendizado sobre ventilação mecânica, uma técnica terapêutica utilizada em pacientes graves que não conseguem respirar espontaneamente. O Real VM é um simulador em realidade virtual onde o aluno imerge num ambiente hospitalar e pode programar um aparelho de ventilação mecânica conectado a um paciente virtual. A cada alteração na programação há respostas fisiológicas no paciente conforme a conduta executada. O aluno também encontra casos clínicos que precisa resolver conforme analisa os dados e informações fornecidas sobre o paciente. Ao final o simulador informa se a programação executa foi adequada ao caso apresentado.

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