Rio Branco/Acre: A edificação da Terceira Emissora

Até a primeira metade da década de setenta, a população do hoje Estado do Acre não tinha nenhuma tipo de acesso a qualquer sistema de recepção de sinal de televisão

Até a primeira metade da década de setenta, a população do hoje Estado do Acre não tinha nenhuma tipo de acesso a qualquer sistema de recepção de sinal de televisão. Aquela altura, no restante do país, apesar dos avanços tecnológicos neste segmento, as transmissões ainda a toda sorte esbarravam-se na precariedade. Uma das grandes dificuldades era a ausência das transmissões via satélite. Por sua vez, o Brasil sequer dispunha de um satélite próprio para as transmissões de TV.

Este fato nos obriga a recorrer ao uso de equipamentos de países já detentores desta tecnologia, entre eles os Estados Unidos da América.

Naturalmente, o uso de satélites internacionais pelas emissoras brasileiras era extremamente caro, sem considerar a sua ação limitadora na distribuição de sons e imagens, ficando em prejuízo os Estados mais distantes e menos desenvolvidos.

No início da década de setenta, no Brasil, já havíamos incorporado o conceito de ampliação de Rede de TV. Aliás, diga-se passagem, a Rádio TV do Amazonas já nascera impregnada com a filosofia deste conceito. Naquele momento, já operavam em sistema de Rede, duas grandes emissoras, a Rede Tupi e a Rede Globo, ambas em pleno funcionamento e procurando expandir-se, particularmente a Rede Globo.

Cerimônia de inauguração da TV Acre. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Vale a pena afirmar que muitos Estados ainda não tinham sido agraciados com o sinal destas emissoras e, embora ocorresse um esforço grande, ainda tínhamos transmissões um tanto quanto precárias. Considerando o esforço do Governo Federal em propiciar a criação e expensão de novos canais de televisão em todo território nacional para romper o círculo vicioso da desinformação e da pobreza, naturalmente diminuindo o atraso de tais localidades, o que podemos afirmar é que, para isto, fazia-se mister, em primeiro lugar, o forte desejo do Dr. Phelippe Daou e de toda diretoria conquistar tais espaços e progredir.

Eventualmente, uma causa fortuita pode suscitar as condições favoráveis as forças que impulsionam o progresso. O grande boom da Amazônia, baseado na produção da borracha, já estava definitivamente morto e sepultado, embora tenha sido um exemplo de prosperidade. Nesta hora, seria insensatez esperar que este fenômeno se repetisse.

O desenvolvimento, agora teria de ser necessariamente provocado pela grande vontade de realizar. Este fato importunava o Dr. Phelippe Daou, que buscava incessantemente o objetivo de combater a pobreza e o atraso, imbuído do forte propósito de expandir, pagar impostos e oferecer empregos.

Ministro Euclides Quandt de Oliveira participa da inauguração da TV Acre. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Temos de admitir que a opção pelo desenvolvimento implica, sucessivamente, em uma tomada de consciência dos problemas e dificuldades, mas implica, também, na vontade de enfrentá-los e resolvê-los, tendo como meta o acionamento coerente dos meios que haveriam de concretizar o sonho, encontrando soluções para os problemas.

No Estado do Acre tornou-se visível o desenvolvimento no setor das comunicações a partir da década de setenta.

Os primeiros momentos que proporcionaram este desenvolvimento no setor das comunicações passam a acontecer entre os anos de 1971 e 1972, com a chegada da Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações – e, notadamente com a criação da Teleacre – Empresa de Telecomunicações do Acre S/A.

O surgimento dessas duas empresas é visto como sendo o marco inaugural da

(…) integração do Acre ao restante do país e a outros países

possuidores de serviços de comunicação internacional

notadamente Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental,

Japão, etc. A exemplo da Teleacre, a Embratel está ligada à Telebras.

Sua instalação em Rio Branco, que foi autorizada pela Resolução 323/70,

decorreu da necessidade técnica de ligar o tronco de micro-ondas

por tropodifusão, Rio Branco/Porto Velho.

por Calixto et. alli, 1985:162

O Governo Federal, atendendo a política de desenvolvimento e expansão no setor das telecomunicações, abre a concorrência para a concessão de um Canal de Rádio e Televisão no Acre, através do Edital n.° 018/73, publicado no Diário Oficial do dia 17 de agosto de 1973.

Inauguração da TV Acre

No dia 16 de outubro de 1974, o diretor-presidente da Rádio TV do Amazonas, jornalista Phelippe Daou, leva a efeito a inauguração da terceira emissora de Rádio e Televisão, a TV Acre. A partir daquele momento, era dado mais um importante passo na ampliação e na consolidação do projeto de expansão da Rádio TV do Amazonas.

Naquela ocasião, fora convidado para dirigir os destinos da TV Acre o senhor Tufic Assmar, um empresário descendente de desbravadores libaneses e que, naquela oportunidade, já atuava no ramo comercial.

Na verdade, as transmissões da nova emissora começaram quatro meses antes de sua inauguração oficial, com muitas dificuldades e poucos equipamentos. Vale ressaltar o apoio dado, na época, pela Igreja Católica local, na pessoa do Bispo D. Moacy Grecchi, que estando o arcebispo em um local privilegiado, permitiu que fosse instalada, provisoriamente, a antena da nova emissora.

As primeiras imagens geradas e mostradas aos telespectadores no Acre foram de esporte, notadamente de futebol. Em junho de 1974, a TV Acre fez sua primeira transmissão, apresentando imagens gravadas, ou seja, ainda através de fitas, oriundas de Manaus, da Copa do Mundo de Futebol.

A façanha só foi possível, graças a utilização de um pequeno transmissor que fora usado provisoriamente, com potência que não passava de 100 watts.

O primeiro funcionário contratado na época foi o radialista Pedro Paulo Menezes Campos Pereira, que mais tarde assumiria a função de repórter e ancora do primeiro telejornal, tendo apresentando, também, o programa esportivo A Bola é Nossa.

Além da contratação de Pedro Paulo Menezes Campos Pereira, mais dois importantes profissionais fizeram parte da primeira equipe: Natal de Brito, que comandaria mais tarde o telejornal e Martir Rocha, que assumiria o programa esportivo A Bola é Nossa.

Um fato curioso e ao mesmo tempo histórico que merece registro foi a improvisação que fora implantada para alcançar os telespectadores. A chegada da nova Rede de Televisão surpreendeu a população local, que na sua maioria, não possuía aparelho de televisão. Para difundir mais rapidamente, a emissora que acabara de chegar, criando, ainda, o acesso de maior número de pessoas. As primeiras transmissões tiveram como palco a praça pública. O diretor, senhor Tufic Assmar, e o radialista Pedro Paulo Menezes Campos Pereira, transportavam e instalavam dois aparelhos de televisão na esplanada do Palácio Rio Branco, onde os receptores ficavam ligados para o público, sendo exibidos, desta forma, os tapes dos jogos da Copa do Mundo de Futebol, sempre do dia anterior.

Diretor-presidente jornalista Phelippe Daou e o ministro Euclides Quandt de Oliveira. Foto: Acervo/Abrahim Baze

O desafio de fazer televisão no Acre

A TV Acre, nos seus primeiros anos de existência, era uma emissora afiliada, à Rede Bandeirantes de Televisão. O primeiro programa da Rede, veiculado no Acre, foi o telejornal da referida emissora, que por sua vez era exibido para o telespectador, sempre com um dia de atraso.

Para manter a programação da Rede Bandeirantes no ar, na época, a TV Acre era obrigada a manter um universo de aproximadamente trezentas fitas. Os programas eram exibidos sempre com um dia de atraso, devido ao tempo de transporte das referidas fitas, que eram enviadas de São Paulo e, depois de exibidas eram devolvidas a seu local de origem.

Esse processo frenético de transporte de fitas perdurou até 1978, quando ocorreu a instalação de uma antena rastreadora em Rio Branco, fazendo com que as transmissões passarem a ser diretas de todo país.

Transcorridos os quatro anos da fundação da pioneira TV Acre, a referida emissora já havia passado por grandes transformações, inclusive sob o ponto de vista do alcance de sua grade de programação.

O tempo diário de permanência no ar fora ampliado, passando para dezesseis horas diárias, tudo isso graças a formidável comodidade que representavam as transmissões via Embratel. Vale ressaltar que tais avanços proporcionaram a transmissão da Copa do Mundo de 1978 ao vivo.

Àquela altura, alguns municípios já haviam ingressado no grupo de abrangência, servido pela Rádio TV do Amazonas, naturalmente, graças às repetidoras de televisão como Cruzeiro do Sul, Tarauacá e Brasiléia.

Nesta fase de criação das repetidoras, podemos afirmar que a TV Acre foi a pioneira, procurando instalar, rapidamente, antenas parabólicas e pequenos transmissores de televisão. Estes fatos ocorreram em praticamente todos os municípios do Acre, já no final dos anos setenta.

No início da década de oitenta, a TV Acre passa a receber o sinal como nova afiliada da Rede Globo de Rádio e Televisão. Com a nova parceria, que por sua vez, forneceria praticamente toda a programação, pois a mesma era em nível nacional, oferecendo uma programação mais diversificada, um telejornal mais abrangente, com destaque para as telenovelas que já eram, na época, total audiência nos seus horários.

Natal de Brito um dos primeiros funcionários da TV Acre. Foto: Acervo/Abrahim Baze

A capital Rio Branco, possui um fuso horário com diferença de duas horas e, certos momentos do ano, até de três horas com relação a Brasília, o que obrigava a TV Acre a gravar as programações e exibi-las duas horas depois. A TV Acre tem, ainda, como emissora associada do mesmo grupo, a Rádio Acre FM.

Falar da TV Acre e omitir a figura do diretor Tufic Assmar seria, no mínimo, faltar com a verdade, pois ele deu importante contribuição como diretor na criação e manutenção da emissora por quase quinze anos de intensa dedicação.

Nascido em solo acreano a 25 de fevereiro de 1919, tendo dedicado toda sua vida ao desenvolvimento socioeconômico do Estado que lhe serviu de berço. Homem de personalidade forte e, verdadeiramente apaixonado pela cidade onde nasceu, tendo marcado a sua vida pelo trabalho e dedicação aos negócios e à família.

Extremamente ligado ao diretor-presidente Dr. Phelippe Daou, logo fora convidado a assumir a diretoria da emissora que acabara de ser instalada, tendo, inclusive, cedido seu prédio para a referida instalação da TV Acre.

Jose Ayres de Souza Rocha, apresentador da TV Acre. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Discurso proferido pelo diretor-presidente Dr. Phelippe Daou na inauguração da TV Acre em 16 de outubro de 1974.

Exmo. Sr Ministro Euclides Quandt de Oliveira.

Pelo Decreto n.º 73.981, de 24 de abril deste ano, foi-nos outorga a concessão para o estabelecimento da TV Acre.

A 18 de junho, assinamos o contrato para efetivar a concessão e, posteriormente, pela Portaria n.° 2.319/74, de 04 de outubro em curso, merecemos a aprovação do local e respectivo projeto técnico, o que permitiu a sua inauguração nesta data, mediante prévia vistoria e licença de n.° 01404.

Da outorga do Canal e este ato, é decorrido exatamente 5 meses e 22 dias, um sexto praticamente do prazo que a lei nos assegure para realizar o empreendimento.

Esse recorde na história da televisão brasileira, embora a modéstia da estação, só não supera a velocidade daquele ato de Vossa Excelência, que consentiu, a título precário, que transmitíssemos os jogos da Copa do Mundo, a princípio apenas envolvendo Rondônia e Acre, de que eramos e somos concessionários e, depois, estendendo-se a Roraima e Amapá, a pedido de seus governadores, tudo isso para que as populações amazônicas, igualmente como os demais brasileiros, pudessem assistir, como assistiram em cores, as partidas de futebol na Alemanha.

A sua decisão ocorreu também a 18 de junho, minutos antes da lavratura de contrato da TV Acre, em seu gabinete em Brasília. Mal terminávamos de formular o pleito e, já vossa excelência o deferia, numa forte e clara demonstração de que entende.

1) que se impõe “fazer andar o relatório amazônico, que muito se atrasou ou ficou parado no passado” – como pregava o Presidente Médici, conclamando a união de todos os brasileiros para enfrentarem esse desafio;

2) e que também entende vossa excelência que não podemos adotar, – nem o Brasil, nem a Amazônia – “uma posição de imobilismo em fase das angustias políticas e econômicas do mundo moderno”, como recomenda o Presidente Geisel, donde o recente lançamento do Poloamazônia, que objetiva ocupar racional e decididamente o imenso vazio, através de formas novas de prosperidade, acelerando o desenvolvimento da nossa região e a sua efetiva integração ao país.

Aí está, senhor Ministro, a justificação da rapidez com que Vossa Excelência decide as questões que lhe são submetidas e, que no caso da Amazônia, sempre tem merecido a tensão carinhosa, porque são de seu conhecimento as dificuldades que todos aqui enfrentamos, para realizar as tarefas que nos competem dentro desta região. A sua presença entre nós, acompanhado de sua excelentíssima esposa, nestes confins gloriosos da pátria é testemunho eloquente disso.

A TV Acre, senhor Ministro, como já referimos, é uma modesta emissora. É a caçula da também modesta Rede Amazônica de Televisão, que mais é idealismo que empresa, vem tentando implantar-se em toda a área, desde 1972, primeiro com a TV Amazonas em Manaus, depois com a TV Rondônia, em Porto Velho e, agora com a TV Acre, sob a sua honrosa presidência. Queremos ir adiante, atingindo outras capitais e outros polos amazônicos, na realização das metas traçadas. Pois entendemos que a televisão é infraestrutura de plano de desenvolvimento.

Esta emissora, como toda a Rede, constitui a nossa pequena contribuição, a nossa participação no processo acionado pelo Governo Federal para arrancar a Amazônia do secular abandono em que se encontra mergulhada e, atesta a nossa crença e fé inabalável de que chegou realmente a hora e a vez da nossa região e que haveremos de ser muito em breve um dos bons suporte da economia nacional.

Não pretendemos tirar o lugar de ninguém. Mas tão somente ocupar os claros existentes na nossa região, somar esforços com aqueles que acreditam na grandeza da Amazônia, que lutam e sofrem por ela, que desejam o seu crescimento ordenado preservando-a enfim, para os brasileiros livre da cobiça internacional.

Miriam de Moura Magalhães, apresentadora da TV Acre. Foto: Acervo/Abrahim Baze

Chegamos as aspirar, como repetidas vezes tendo dito, um centro de produção amazônico, onde seja possível a formação de profissionais de todos os níveis e setores para a televisão da Amazônia Legal, desta outra metade do país e, para realização de programas através dos quais seja possível mostrar ao Brasil, notadamente do centro-sul, as cores vivas da Amazônia, os seus usos, os seus costumes, a sua vida e o seu progresso. Seria uma entidade não tão grandiosa, como a que já existe na Guanabara, porém em condições de poder realizar a sua missão partindo por exemplo, do que já existe na TV educativa em Manaus. O que está na Guanabara, mostraria, digamos o centro-sul aos amazônidas. O da Amazônia mostraria esta aos brasileiros de outros rincões e assim, todos ficariam conhecendo bem o seu país. Não haveria maior dispêndio para a exibição compulsória dos programas porque seriam utilizados os horários que lei já reserva para fins educativos.

O Governo Federal particularmente através desses programas, poderia conscientizar toda a nação sobre o que vem fazendo, o por que vem fazendo pelo desenvolvimento brasileiro.

No que diz respeito à Amazônia, que é o assunto mais empolgante da atualidade, esses programas valeriam como plena e eficiente justificativa de suas realizações arrojadas e gigantescas, como a Transamazônica, a Perimetral Norte, as telecomunicações e agora o Polo Amazônia.

Senhor Ministro,

O Acre é terra nossa. Há mais de setenta anos, os nossos maiores andaram por aqui. Os Daou, os Chamma, os Assmar, são dos primeiros tempos desta terra. Prosseguiremos, como irmãos e sob a proteção de Deus, vivendo unidos e com entusiasmo, por um Acre sempre mais pujante vigoroso.

A instalação desta emissora reafirma a nossa disposição de continuar servindo à causa desenvolvimentista acreana. Neste sentido e nesta direção, dentro desses princípios, todos os homens de boa vontade nesta casa, a devida atenção, o necessário apoio e a mais cordial acolhida.

Permita-nos agora, Senhor Ministro registrar os nossos agradecimentos ao Senhor Governador Wanderley Dantas, à Força Aérea Brasileira pela Base Aérea de Manaus, ao Exército Brasileiro, pela 4ª Companhia de Fronteiras, à Prefeitura de Rio Branco, ao Departamento de Estradas de Rodagem do Acre, à Elotroacre, ao Excelentíssimo Senhor Bispo de Rio Branco, à Polícia Militar do Estado, enfim, a todo povo acreano. Aos dirigentes da Maxwell – fabricante de nossos transmissores, aos homens que trabalham nesta obra, aos funcionários da nossa Rede, à imprensa acreana, a que temos a honra de nos incluir, pela imensa ajuda, apoio e solidariedade que nos emprestaram em todos os momentos, pois sem isso não estaríamos podendo realizar esta festa.

Permita-nos, também, tributar agradecimentos à fraternal solidariedade de nossos irmãos do Amazonas, aqui presentes, através do Senador Flávio Brito, que representa também o governador eleito Prof. Hennoch Reis, Dr. FranK Abrahim Lima, Prefeito de Manaus e dos companheiros da imprensa amazonense.

Senhor Ministro, para terminar, queira receber o nosso reconhecimento e a nossa gratidão pela honra que nos dá, presidindo ao início das operações da TV Acre e, a segurança de que tudo faremos, como temos feito, para não desmerecer a sua e a confiança que o Governo Federal nos tem depositado, por isso que a Rede Amazônica de Televisão continuará, sempre que possível expandindo-se e crescendo, para servir melhor a Amazônia a ao Brasil, usando a imaginação criadora, para superar as dificuldades e os vendavais das crises que provocam o imobilismo.

Nós acreditamos no Brasil e na grandeza da Amazônia e, com graças do senhor, haveremos de realizar bem a nossa missão.

Muito obrigado. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade