É através da arte que o artista mostra a grandeza do seu talento e acaba extravasando toda sua poderosa sensibilidade.
O talento aliado à sensibilidade no campo da teledramaturgia são as autênticas armas das quais se utilizava a jovem Marília Barbosa, naturalmente, sempre conduzida por seu pai, Titio Barbosa. Este, por sua vez, é nome reconhecidamente voltado para o teatro infantil.
Apaixonado pelo que faz, como tal, tem se comportado ao longo de sua luminosa e iluminada vida artística, não apenas no que se refere às manifestações da arte interpretação, mas também na produção dos seus textos impregnados de talento e amor à arte, onde as palavras se transformam em cores e imagens, penetrando nas emoções com inigualável inspiração no verde de nossa mata, na imensidão das águas dos nossos rios e, até mesmo, nas lendas dos nossos aborígenes e nas tradições do nosso povo, em especial ao público infantil, a quem ele tanto ama.
Com argúcia artística em seu texto, o que lhe é mais caro, cujo objetivo sempre foi a conquista do sorriso de uma criança.
A teledramaturgia infantil teve como primeira fonte o rádio, de onde saiu quase que integralmente sua habilidade. Daí para os palcos foi uma questão de tempo, apenas com as modificações estritamente necessárias, porque, afinal, havia também a necessidade de levarmos a imagem.
A Rádio fornecia os profissionais que iram contribuir, como pioneiros, com suas participações com o novo veículo que acabara de chegar, a Rede Amazônica.
A Rede Amazônica começou a ser percebida como um veículo que se incorpora ao dia a dia da nossa cidade, uma espécie de companheira eletrônica, que procurava permanecer sempre perto do telespectador.
Foi neste contexto que Titio Barbosa foi convidado pelo diretor-presidente Dr. Phelippe Daou a integrar-se à família Rede Amazônica, ele, por sua vez, trouxe consigo seus filhos: Sandra Marília e Flávio Almério, que juntamente com Hélio Souto, chegaram a fazer mais de duzentos programas, cujo, título era O Mundo das Crianças, que era levado ao ar de segunda a sexta-feira, aos sábados, sua filha apresentava o programa ao vivo Viva Marília, o que, na época, já proporcionava uma expressiva audiência.
Marília Barbosa foi a primeira apresentadora de programa infantil na Rede Amazônica.
Um dos momentos mais sublimes de participação ocorreu na mininovela exibida pela Rede Amazônica, cujo, título era Sonho de Popi, que, na época, era dirigida por Rosivaldo Ferreira e era composta por quatro capítulos. Foram cameraman deste trabalho: Augusto Edson e Manoel Nazareno, o primeiro ainda faz parte do quadro de funcionário da emissora e o segundo fez parte até morrer.
Lamentavelmente, Marília Barbosa faleceu ainda jovem, no dia 3 de outubro de 1981, mas sua memória permanece viva na lembrança de todos que tiveram o prazer de assisti-la em suas apresentações.
Titio Barbosa levava para montar um espetáculo pelo menos seis meses de ensaio. O Primeiro passo após a escolha do texto era a venda dos ingressos oferecidos nas escolas públicas e particulares aí começava a via crucies, ele visitava todas as escolas de Manaus, de sala em sala, anunciando seu espetáculo, esclarecendo o que era o teatro e mostrando que o Teatro Amazonas não era só espaço de rico, mas, do povo simples também. Além dessa divulgação era enviado aos pais uma pequena carta sobre a peça e mostrando a vantagem de comprar o ingresso na escola que era vendido mais barato.
Dessa maneira ele conseguia vender para cada espetáculo cerca de mil ingressos, cuja, receptividade estava nos bairros Alvorada, São Raimundo, Cachoeirinha e alguns colégios particulares como Dom Bosco e Auxiliadora. De certa forma, seu programa diário na Rede Amazônica era uma vitrine para venda de seus espetáculos. Titio Barbosa não ganhou dinheiro com o teatro, mas dizia que valia a pena fazer teatro infantil. Seu programa na Rede Amazônica marcou uma geração.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
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