Trazendo de berço o amor pelo comércio, colocou em prática todo aprendizado que teve com os pais, trabalhando incansavelmente com seu marido.
Nazira Chamma Daou nasceu no Rio de Janeiro, no dia 27 de fevereiro de 1906. Foram seus pais José Jacob Chamma e a senhora Mariana Estevão. Seus estudos primários tiveram lugar na cidade em que nasceu, em ambiente de cultura e disciplina educacional. Na adolescência, a família resolve transferir-se para o Estado do Acre, precisamente no município de Sena Madureira. Tendo concluído seus estudos, lançou-se à vida comercial, trabalhando com seus pais. Jovem, educada e bela, marcara sua juventude participando de um concurso de beleza, tendo sido eleita na oportunidade a jovem das pernas mais belas de Sena Madureira.
Nessa época a Amazônia atravessara um bom período de prosperidade econômica e financeira, o que promoveu grande crescimento econômico e comercial a seu pai. Porém, o amor toca-lhe ao coração, ao conhecer o comerciante José Nagib Daou, próspero regatão, educado e de fino trato, que marcou época pela sua elegância e bem-vestir, o que o tornara conhecido como homem elegante e de bom gosto, de sua época. Deus foi generoso com este matrimônio, dando ao casal os seguintes filhos: Rahil Iza, Noha Linda, Phelippe Daou, Alice, Aluísio e Josephine.
Mulher de personalidade forte, logo passou a ser sustentáculo da família. Extremamente católica, ligada às raízes da igreja, destinou grande parte de sua vida para servir ao próximo, procurando fazer na prática aquela máxima de Deus: quem não nasceu para servir, não serve para viver. A família Daou resolve transferir-se para Manaus, o senhor José Nagib Daou estabeleceu o seu comércio na Rua Marechal Deodoro, em cujo sobrado a família residia, fato comum na época.
Trazendo de berço o amor pelo comércio, a senhora Nazira Chamma Daou colocou em prática todo o aprendizado que tivera com seus pais, trabalhando incansavelmente com seu marido, procurando educar os filhos nos princípios religiosos, no amor ao trabalho, na semelhança de sua educação. Em virtude das viagens do marido ao interior amazônico como regatão, Nazira Daou assumiu a responsabilidade de educar os filhos, todos estudando em escolas públicas, além de ajudar fortemente o marido na loja comercial. Trazendo de berço o amor pelo comércio, colocou em prática todo aprendizado que teve com os pais, trabalhando incansavelmente com seu marido.
O primeiro patrimônio adquirido pela família fora uma chácara na Rua Paraíba, onde está até hoje estabelecido o Colégio Ida Nelson. As longas viagens de seu esposo José Nagib Daou, como regatão, a senhora Nazira Chamma Daou ocupava seu tempo costurando para fora, onde tinha uma clientela de alto nível, neste período a cidade de Manaus tinha sua energia desligada às 23h, assim sendo, ela permanecia costurando até altas horas da madrugada, tendo como companhia seu filho Phelippe, que fazendo suas tarefas colegiais servia de companhia a sua mãe. Os recursos para compra deste imóvel foi um empréstimo a um agiota que a senhora Nazira honrava religiosamente toda semana, pagando os juros e uma parte do capital, o que concluiu com sucesso.
O tempo passa e a família resolve transferir-se para o Rio de Janeiro com os filhos: Rahil Iza, Noha Linda, Alice, Aluísio e Josephine, ficando em Manaus o filho Phelippe Daou, que nesta época já trabalhava em comunicação prestando serviços no O Jornal, no Diário da Tarde e na Rádio Rio Mar. Embora tenha ficado sozinho em Manaus, Phelippe contara na época com a proteção de seu tio, o Comendador Jorge Daou, com quem tinha encontro todas as tardes com horas de conversa.
No Rio de Janeiro, a família Daou instala a sua casa comercial, residindo na mesma Rua do comércio, no elegante Bairro de Botafogo.
Mais tarde, o destino enfraquece a família. Falece o patriarca senhor José Nagib Daou, no dia 19 de setembro de 1968, ficando a matriarca senhora Nazira Chamma Daou no controle da família e do comércio.
Novamente o destino bate a porta da família Daou, falece sua filha Noha Linda Daou. Por insistência do seu filho Phelippe Daou, na tentativa de aglutinar novamente a família em Manaus, a senhora Nazira Chamma Daou resolve retornar com seus filhos. Ligada extremamente ao comércio a ponto de dizer que fora criada atrás de um balcão, instala a Importadora NOHA, no Cecomiz, no Amazonas Shopping e Studio 5 dedicando-se ao ramo de importados.
O amor pelas crianças e a vontade de beneficiar os menos favorecidos, foram uma marca imprescindível na vida de Nazira Chamma Daou. Marca que ficou conhecida pela forma humana como conduzia o seu dia a dia, ajudando indiscriminadamente, não medindo esforços para contribuir com a felicidade do próximo, principalmente quanto ao bem estar de crianças desfavorecidas pela sorte.
Nazira Chamma Daou deixou saudades a todos quanto a conheciam e a amavam e com a certeza de dever cumprido. Tendo na criação dos filhos e das inúmeras crianças que ajudou a educar, o que contribuiu para o alicerce e para seu sucesso como mãe, profissional e ser humano.
A cada aniversário da TV Amazonas, a senhora Nazira Chamma Daou aguardava o programado mergulho no horizonte do astro sol, que despia cintilações douradas, tingindo de cores todas as nuvens encarregada de permitir a passagem de seu brilho, para aquecer com carinho seu filho Phelippe Daou.
Felizmente a providência divina presenteia a vida com algumas mulheres que trazem o coração cheio de luz e bondade. Essa mulher foi uma construtora de utopias, foi semeadora de esperança a cada troféu que entregava no aniversário da Rede Amazônica a seu filho Phelippe Daou, como se fosse um ano de conquista e o estímulo a continuar, alguns desses troféus eram entregues acompanhado de uma carta generosa que ela tinha o cuidado de ditar e seu neto Phelippe Daou Júnior ainda muito jovem à escrevia. Trabalhou pelo bem comum e ajudou a existência de seu filho ser melhor.
Às vezes, nem percebemos o brilho e a força humana dessas pessoas, afinal, pouco seres humanos reúnem os atributos que essa serva de Deus trazia consigo. Esses troféus eram guardados em um armário no gabinete do jornalista Phelippe Daou e, anos depois, cuidadosamente transferido para o Museu da Rede Amazônica. Foi com essas raízes que a senhora Nazira Chamma Daou formou o caráter de seu filho, com precisão cirúrgica de que ali haveria de ter um líder, é nesse particular que o jovem jornalista começou seu empreendimento na Rede Amazônica aos quarenta anos, com tenacidade e vontade de vencer.
Essa foi a identidade presente na vida da senhora Nazira Chamma Daou que trazia consigo a cada estante da vida a dinâmica de fazer algo, algo inovador, diferente, construtivo e com tal magnitude que outras pessoas pudessem compartilhar.
A senhora Nazira Chamma Daou entregou sua alma ao bom Deus no dia 19 de maio de 1997, abrindo uma lacuna no seio de sua amada família, porém, permanece e permanecerá sempre viva no coração e na mente de seus familiares. A senhora Nazira Chamma Daou foi homenageada In Memoriam emprestando seu nome a uma Escola Pública Municipal no Bairro de Educandos e uma Maternidade na Zona Leste de Manaus.
*Texto construído a partir de informações do seu filho Phelippe Daou.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
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