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Sábado, 27 Abril 2024

Luiz Maximino de Miranda Corrêa: História e Memória de um empresário paraense em Manaus

Da esquerda para a direita: governador Ephigênio Salles e primeira dama senhora Alice no casamento de sua filha Arlete de Miranda Corrêa, oficializado por Dom Basílio e seu monsenhor-secretário Oliveira. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Luiz Maximino de Miranda Corrêa nasceu no Estado do Pará, filho de Jacundina Barjonas de Miranda Corrêa e de Inocêncio Corrêa. Bacharel em Direito e criado em Belém, formado no Rio de Janeiro, casou-se com a maranhense Haydéa Azevedo Valle, criada também em Belém. Teve oito filhos: Eunice, casada com José de Almeida Neto; Almir, casado com Nydea Barbuda; Ivete, casada com José Alves da Cunha; Déa, casada com Jorge Saladino Fox de Árgulo Silvado; Arlete, casada com Acrísio Fúlvio de Miranda Correa; Clarice, casada com Alfredo de Magalhães Beça; Haydea, casada com José da Costa Cavalcanti; e Renato Américo, casado com Tomázia Barbuda.

Tinha um número muito grande de irmãos, mas foi com três deles que fundou a sociedade da Fábrica de Gelo Amazonense em Manaus e, mais tarde, construiu a Cervejaria Miranda Corrêa S.A. Esses irmãos foram: Antônio Carlos, Deoclécio, e Altino. Altino era Almirante da Marinha, Antônio Carlos era Engenheiro, Deoclécio era Médico e Engenheiro. Somente dois tiveram uma atuação muito grande em Manaus. Antônio Carlos, o idealizador da fábrica de cerveja, mais tarde, após sua morte em Lisboa, foi substituído por Maximino Corrêa.

Dr. Maximino de Miranda Corrêa, engenheiro civil e gerente fundador. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Antônio Carlos, antes de vir para Manaus, enquanto dirigia as empresas da família, morou em Belém, onde trabalhou como assessor do Governo do Pará. Também viveu na cidade do Rio de Janeiro, onde juntamente com Freitas Bastos fundou a Livraria e Editora Freitas Bastos. Em Manaus, mais tarde, foi vendida para Sérgio Cardoso.

Com a ideia da criação da fábrica de cerveja, seu irmão Antônio Carlos viajou para a Alemanha com toda família, cujo objetivo era adquirir os equipamentos necessários para instalar a cervejaria. Homem visionário ainda nesse período tentou instalar em Nova York uma fábrica de Guaraná.

Almirante Altino de Miranda Corrêa, fundador. Esta foto foi oferecida ao seu irmão Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa no dia 29.06.1914. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Em Manaus ele tentou criar outros empreendimentos com a compra da Fazenda Brasil. Trouxe para trabalhar consigo os japoneses, iniciando uma plantação de amoreira, com objetivo de instalar uma indústria de seda, com a criação de Bicho da Seda. As características climáticas de Manaus eram propícias a este empreendimento. Nessa mesma oportunidade iniciou uma plantação em larga escala de cana-de-açúcar. Mas não encontrou incentivos governamentais para seus empreendimentos.

A família Miranda Corrêa promovia em seu castelo na Avenida Eduardo Ribeiro muitas festas que marcaram época. Também ficaram famosos os casamentos de seus filhos, normalmente no terraço da cervejaria. Vale ressaltar que estes acontecimentos eram divulgados e publicados em grandes revistas do Rio de Janeiro.

Dr. Dioclécio Carivaldo de Miranda Corrêa, fundador. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Nos carnavais de Manaus, a família Miranda Corrêa criou um concurso carnavalesco que já por si imitava o carnaval de Nice, na França, e o entrudo português, o que fez muito sucesso na época.

Luiz Maximino de Miranda Corrêa era um grande e excepcional pianista, tocava músicas de sua autoria e tinha especial predileção por Bahr e Chopin, ele afirmava que Bahr vinha primeiro e Chopin depois. Seu horário predileto para o piano era seis horas da manhã, que normalmente acordava toda casa.

Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa em momento de lazer no piano. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Em seu castelo na Avenida Eduardo Ribeiro, no andar térreo existia uma sala de estar, uma outra sala para costura, cujas vestes eram feitas em casa, sua família numerosa lhe obrigava a ter sempre costureiras e bordadeiras a sua disposição. Existia sala para estudos que fora frequentada primeiramente por filhos e mais tarde, os netos a fazer os deveres de casa. Em uma outra espécie de minilaboratório onde realizava suas pesquisas. Ainda no andar principal havia uma escada interna que levava para o hall da Rua Eduardo Ribeiro e, outra com uma espécie de gabinete. Possuía também uma grande sala de jantar com movéis considerados modernos a época.

O grande festival do Chopp no campo do Luso Sporting Clube onde hoje se encontra uma revenda de carros e Grupo Escolar Solón de Lucena, a Colônia Portuguesa reunia-se no 5 de outubro para suas festividades.

Dr. Antonino de Miranda Corrêa, engenheiro civil e fundador Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

A Fábrica de Gelo Cristal nasce a rojada para sua época, com a capacidade de cinquenta tonelada de gelo por dia e em pouco tempo ampliada para cem toneladas. Sua inauguração foi no dia 21 de fevereiro de 1905, com um capital de mil e seiscentos contos de reis. A fábrica de cerveja foi inaugurada no dia 20 de fevereiro de 1910, cuja, pedra fundamental foi sedimentada com uma colher de prata, encomendada especialmente para este evento, com 500 gramas.

O mais famoso ponto de venda de chopp em Manaus ficava na Rua Eduardo Ribeiro ao lado do antigo Cine Odeon, espaço que já não existe mais. A cerveja produzida e engarrafada em Manaus eram embarcadas em navios que regressavam à Europa. A mais famosa marca de cerveja era a XPTO. Foi uma obra de grande envergadura para época, a moderníssima construção para os padrões até então conhecidos, o espírito pioneiro do empreendimento, aliado a condição de única empresa de grande porte na época, provocou a vinda do então Presidente da República Washington Luiz para sua inauguração. 

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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