João Carlos Antony, um nome na história do Amazonas

O engenheiro João Carlos Antony, que assinava seu nome como J. Carlos Antony foi uma das figuras mais representativas do Amazonas.

O engenheiro João Carlos Antony, que assinava seu nome como J. Carlos Antony foi uma das figuras mais representativas do Amazonas, nascido de família ilustre. Nasceu em Manaus no dia 19 de março de 1833, tendo falecido também em Manaus, a 2 de novembro de 1918.

Foram seus pais o comerciante Henrique Antony nascido em Ajácio, na llha de Córcega, na Itália, e da senhora Leocádia, nascida no Amazonas, filha de Antônio José Brandão de nacionalidade e irmão do celebre Arcebispo de Braga e de Lisboa, Dom Frei Caetano Brandão. 

João Carlos Antony foi amigo próximo de Ramalho Ortigão e de Arthur Napoleão no mesmo colégio onde estudou. Continuando seus estudos, seguiu para Florença, onde diplomou-se em Arquitetura. Logo após, regressou a Belém do Pará, em julho de 1876, na ocasião, em que transitava, rumo aos Estados Unidos da América, o Imperador Dom Pedro II. Integrou a comissão receptora dos festejos e homenagens à Sua Majestade.

“… Prosseguindo para Manaus, aqui deu início aos seus trabalhos profissionais, juntamente com o engenheiro inglês John Moreton, organizou a empresa de abastecimento de água de Manaus, em cujo, aparelhamento além da rede de distribuição havia também, o Reservatório da Castelhana e a Casa de Máquinas do Bombeamento. Era um serviço grande e de muita responsabilidade. Com a chegada da República afirma Antony & Moreton liquidou seu contrato com o Governo do Amazonas entregando-lhe toda a obra”.

J. Carlos Antony. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

João Carlos Antony ingressara na política tendo sido eleito para compor a Assembleia Legislativa Provincial o que ocorreu no biênio de 1874 à 1875. Conviveu na Assembleia com outros nomes não menos ilustres tais como: o doutor Luiz Carneiro da Rocha, Tenente Coronel Clementino José Pereira Guimarães e o Coronel Francisco Antônio Monteiro Tapajós.

Ao terminar seu mandato legislativo deu continuidade da sua vida profissional, ingressando como engenheiro chefe da Prefeitura de Manaus, em cujas funções, permaneceu por 45 anos. Foi João Carlos Antony um dos mais importantes profissionais da engenharia na época. Tendo sido o engenheiro que projetou a primeira planta do Hospital Beneficente Portuguesa em 1873, lá no Largo da Uruguaiana.

Homem honesto e pobre que nunca pode construir uma casa para residência da família. Antes de se aposentar já cansado e idoso, após ter juntado algumas economias, começou a construir uma pequena residência no bairro de Nazaré, o que acabou não concluindo, mesmo assim, serviu-lhe de residência até sua morte.

Família Antony. Da esquerda para direita, sentados: Lucano Antony e Greijalva Antony. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

Em 45 anos de dedicação à Prefeitura de Manaus, João Carlos Antony deu grande contribuição para a modernização da nossa cidade, construindo obras que entraram para a história como o Cemitério São João Batista.

“… João Carlos Antony foi casado com a professora Maria de Lima de Amorim, filha do importante comerciante português Alexandre Paula de Brito Amorim, primeiro Cônsul de Portugal em Manaus e o primeiro introdutor da navegação estrangeira de bandeira inglesa no Amazonas. Desse casamento tiveram os seguintes filhos Dinari, Raul Antony, engenheiro especializado em Cartografia, casado com a funcionária do IMPA e Américo Antony, poeta e membro da Academia Amazonense de Letras”.

João Carlos Antony foi um importante membro da Maçonaria Amazonense tendo participado efetivamente do processo abolicionista do Amazonas em 1884. Durante meio século emprestou seu nome para a Rua J. Calos Antony, no Bairro de Cachoeirinha. Infelizmente, nos tempos modernos, foi proposta a retirada de seu nome da referida rua que hoje chama-se Rua Japurá, que tem início na Praça 14 e termina no Bairro de Cachoeirinha.

BITTENCOURT, Agnelo. Dicionário Amazonense de Biografias: Vultos do Passado. Editora Conquista: Rio de Janeiro, 1973. Pág. 277,278.

BAZE, Abrahim. Escravidão – O Amazonas e Maçonaria edificaram a história. Editora Travessia: Manaus, 2001. Pág. 269, 270. 

Antiga Rua Luiz Antony, em homenagem à um familiar de J.Carlos Antony. Foto: Reprodução/Acervo Prefeitura de Manaus

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Fundação Rede Amazônica realiza doação de kits utilizados no projeto “Pipoca em Cena”

A Fundação Rede Amazônica promoveu, nesta terça-feira (22), a doação dos kits de gravação utilizados pelos alunos durante o...

Leia também

Publicidade