História da Medicina: Beneficente Portuguesa

De Jorge de Moraes à Eduardo Manarte

A verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo seu significado em todas as suas minucias, o que tem sido a ação dos portugueses no Brasil é fundamentalmente indispensável saber como ele aqui chegaram, como se aclimataram e de que forma exerceram sua tutela na formação do novo núcleo habitacional, quais foram os pontos de suas diretrizes no tocante a nova civilização, principalmente de que recursos se serviram para ocupar e construir o Hospital Português. Especialmente como administraram a construção de importantes casas de saúde com destaque para: a Beneficente e a Santa Casa de Misericórdia, ambas em Manaus.

Foto: Acervo Abrahim Baze

Cumpre ver como eles aqui trabalharam e continuam trabalhando no passado e no presente, médicos, enfermeiros, funcionários administrativos, presidente da diretoria e diretores. Tudo isso construído em uma cidade em plena selva amazônica, com toda escassez daquele período. Portanto, temos que fazer embora em resumo, com possível clareza, um estudo histórico da presença da medicina no Amazonas, tema muito bem estudado e explorado pelo Professor, Doutor João Bosco Botelho com vários livros publicados neste segmento, criando dessa forma a oportunidade de divulgar esses fatos históricos, destacando nomes que permanecem no esquecimento, restituindo-se o respeito às suas memórias, como, por exemplo, na pessoa do Doutor Jorge de Moraes e, como se destaca atualmente, o Doutor Eduardo Manarte Gonçalo.

O Doutor Jorge Moraes nasceu em Manaus, no dia 18 de julho de 1878, bem cedo, ainda menino revelou-se muito inteligente. Seu pai o mandou estudar na Bahia, em cuja capital, Salvador, fez o curso de Medicina, conquistando sempre notas bem altas. Depois viajou para a Europa percorrendo vários países, demorando-se em Paris para aprofundar seus estudos. 

“… O Doutor Jorge de Moraes dedicou-se à cirurgia, conseguindo ser primus inter pares, trabalhando muito e amealhando recursos para realizar nova viagem ao Velho Mundo, desta vez mais tempo na Itália. Retornando a Manaus em um dos luxuosos paquetes da Companhia Ligure Brasiliana, que fazia duas linhas de navegação mensal a capital amazonense, encontra grassando largamente em Belém do Pará a peste bubônica, fazendo numerosas vítimas. O navio, prosseguindo viagem ao passar pela cidade de Parintins, que não era porto de escala, é intimado a atracar para fazer expurgo. O Comandante desobedece e o fato é comunicado às autoridades sanitárias de Manaus. Lá chegando o navio é privado de encostar. O Doutor Vivaldo Palma lima era figura principal da ação, na qualidade de Inspetor de Saúde do Governo Federal. O paquete estava repleto de passageiros e o Doutor Jorge de Moraes, à frente de todos, berra e gesticula, protestando contra aquilo que chamava de violência e legalidade. Nada houve que demovesse do seu dever o Doutor Vivaldo Palma Lima. O navio italiano faz a manobra rumo a Parintins e ali realizou a profilaxia. E, assim desembaraçado, sobe novamente o Amazonas e o Rio Negro, atracando em um dos flutuantes do Porto de Manaus. 

Fonte: Bittencourt, Agnello. Dicionário Amazonense de Biografias: vultos do Passado. Rio de Janeiro, Editora Conquista, 1973.

Dr. Eduardo Manarte, diretor clínico da Beneficente Portuguesa – Foto: Thaís Waughan e Jane Uchôa

Vaga um lugar no Senado pelo Estado do Amazonas, o Doutor Jorge de Moraes é eleito e toma posse. Sua vasta cultura e o seu talento oratório fizeram-no um grande parlamentar.

Quando George Clemenceau, Presidente do Conselho de Ministro da França esteve em nosso país, em setembro de 1910, especialmente para trazer saudações do seu governo, dirigindo-se ao senado brasileiro, foi o Senador Jorge de Moraes o incumbido de proferir o agradecimento. E o fez com brilho e veemência em sessão de 21 de setembro de 1910. A título de curiosidade, transcrevo aqui o óxido da persa oratória no idioma usado. 

“… Monsieur George: Le Sénat Brésilien ayant I’honneur de vous recevoir comme véritable de la France Republicaine, a montré son amour por les contrastes, puisqu’il a choisi le plus obscur des ses membres pour saluer un géante de votre taille intellectuele et politique. 

Malgré cela, I’ eclat de votre nom, la lumiére géniale de votre esprit, la nobre hardiesse de vos combats, m’ont seduit de telle maniére que voici meu, surpri de tant de courage innattendu, insoupçonné” (O Dr. Jorge de Moraes, Senador pelo Estado do Amazonas, em 1999-1910, pág. 7-Paris). 

Dr. Vitor Vilhena, atual Presidente da Beneficente Portuguesa – Foto: Acervo Pessoal

Há quem construa na trajetória da vida sua própria história, o médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo pôde apresenta-se, já a partir de sua inserção no mundo do saber e ao futuro, tendo como referência a busca do conhecimento e o trabalho. O diretor clínico do Hospital Português Eduardo Manarte Gonçalo tem outra identidade presente em sua vida é a afirmação de que a cada instante da vida ele se encontra com a dinâmica de fazer algo, algo inovador, diferente construtivo em benefício do Hospital Português e com tal magnitude que outras pessoas pudessem compartilhar essa grandeza. Ele afirma a sua convicção de que o homem é mestre de seu próprio destino, o grande homem olha o mundo e percebe que há nele a presença de algo que o desafia ao uma nova missão.

Tem sido brilhante a atuação do diretor clínico, médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo, que nasceu em Manaus, no dia 20 de outubro de 1952. Filho de José dos Santos Gonçalo, natural de Moimenta da Beira-Portugal e, de Emiliana Manarte Gonçalo, natural de Manaus.

Recebeu os primeiros ensinamentos frequentando o Grupo Escolar Nilo Peçanha, no qual cursou o primário de 1960 à 1963. No Colégio Estadual do Amazonas cursou o Ginásio no período de 1964 à 1967, o colegial de 1968 à 1970. Estudou o curso de Medicina na Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Amazonas de 1971 a 1977.

Após a conclusão do curso de Medicina ingressou no Exército Brasileiro, a fim de cumprir serviço militar obrigatório, sendo destacado para trabalhar no 5° Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Porto Velho/RO, atuando com a patente de Tenente R-2, no período de 1978 a janeiro de 1979. Na ocasião, desempenhou sua profissão no Ambulatório Médico da própria Corporação e na Policlínica de Porto Velho.

Hospital Beneficente Portuguesa, em Manaus. Foto:Divulgação/HPAM

Desejando desempenhar suas atividades profissionais na sua terra natal, voltou à Manaus em Janeiro de 1979. Aprovado em concurso público para docência na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Amazonas em 1979, permanecendo na função até se aposentar.

Participou de Curso de Pós-Graduação (PICD) promovido pela Universidade do Amazonas em 1974. Foi responsável pela disciplina de Ginecologia, do Departamento de Materno-Infantil da FCS/UA, no ano 1991. Plantonista da Maternidade do Hospital Beneficente Portuguesa desde 1980.

O Luso-Brasileiro Médico e Professor Eduardo Manarte Gonçalo faz parte de plêiade de jovens médicos raro e fecundo, cuja, humildade o faz ser retraído, porém, no exercício da profissão faz transbordar inteligência e responsabilidade, podemos dizer que é um apóstolo da Medicina especialmente como professor.

O Doutor e Professor Eduardo Manarte Gonçalo é um vitorioso, pois sua vida é alicerçada na crença de que o maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento e, isso ele o fez, pois tem um filho advogado, uma filha dentista e uma filha médica. 

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