Uma iniciativa portuguesa, uma realidade brasileira, uma tradição do Norte.
O fundador da firma Mattos Areosa & Comp. Ltda. sr. Antônio Duarte de Mattos Areosa, incontestavelmente, era umas das figuras de maior realce e prestígio, não apenas em Manaus, mas em todo o Amazonas. O seu nome era tradicional. A irradiação da sua simpatia espalhava-se entre todas as classes sociais. Muito fino, muito bem educado, muito inteligente e instruído, era um verdadeiro fidalgo no trato. A sua conversação sempre espirituosa e profunda, quer tratasse de assuntos banais, quer abordasse problemas de ordem social, comercial ou mesmo literária, era sempre encantadora. Foi, sem dúvida, uma das maiores e mais ilustres figuras da colônia portuguesa em todo o norte do Brasil.
Antônio Duarte de Mattos Areosa nasceu em Coimbra, onde cursou Humanidades. Muito dedicado às atividades culturais, ainda em Portugal, fundou e dirigiu os jornais Notícias de Coimbra e Lisboa-Coimbra. Seu nome está também ligado ao Teatro Garret no qual coordenou espetáculos artísticos. Tratava-se de um homem de larga visão econômica e financeira. Em certa ocasião pensou em estabelecer nas proximidades de Manaus, uma usina de açúcar, para evitar as constantes faltas deste produto em Manaus. Precisava de um empréstimo relativamente pequeno fornecido pelo Governo do Estado do Amazonas, sob a responsabilidade da fábrica de cerveja, cujo edifício teria um valor superior a pelo menos cinquenta vezes do valor financiado.
Foi sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Liga Naval Portuguesa (Sessão Geográfica Dom Carlos I). Na Sessão de Arqueológica do Instituto de Coimbra, existem peças valiosas do tempo inquisição por ele oferecidas. Antônio Duarte de Mattos Areosa, casou-se em primeiras núpcias com Dona Mathilde das Neves de Mello, da família dos Condes de Alvalade e Rêgo Botelho, muito vinculada à Universidade de Coimbra. Foi poetiza destacada, colaborando assiduamente na imprensa de Lisboa, Coimbra, Funchal e Manaus.
No início do século Antônio Duarte de Mattos Areosa se transferiu para o Rio de Janeiro onde permaneceu durante alguns anos. Nessa cidade, tornou-se secretário do Retiro Literário Português, entidade na época de ativa participação cultural.
Já em 1908, retornou à Manaus onde se radicou definitivamente, suas atividades comerciais, fora no setor bancário e de seguros. Fundou aqui a Casa Bancária Mattos Areosa com Agências de Seguros Aliança da Bahia e Sagres. Vale ressaltar que, naquela altura ainda muito condicionada a participação da rede bancaria nacional na economia amazônica, a Casa Mattos Areosa participou com intensidade no giro financeiro da vida comercial em Manaus, em apreciável volume de operações cambiais com Portugal, Espanha e Itália.
No que concerne à atividade secundária, foi o Comendador Antônio de Mattos Areosa quem praticamente deu a estrutura válida ao seu funcionamento, o que permaneceu ativa por um longo período. O Comendador Mattos Areosa fundou o Comitê Amazonense de Seguros, órgão consultivo e de relevantes subsídios ao interesses do setor.
Foi presidente da Associação Comercial do Amazonas. Prestou em caráter permanentes contribuições efetivas a entidades portuguesas como a Real Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas e a Sociedade Lusitana Repatriadora. Casou-se em segunda núpcias Carlota Vera Cruz de Mattos Areosa, deste casamento nasceu os seguintes filhos Danilo de Mattos Areosa que foi Governador do Amazonas em 1967, Fernando, Maria de Lourdes, Antônio e Manuela.
O Comendador Antônio Duarte de Mattos foi incontestavelmente uma das maiores figuras de realce e prestígio, não apenas em Manaus, mas, em todo Estado do Amazonas. O seu nome era tradicionalmente vinculado a vida comercial de nossa cidade. Homem extremamente educado espargia simpatia em todas as classes sociais. Muito fino e inteligente, foi de fato um verdadeiro fidalgo no trato. Era reconhecidamente homem espirituoso e de profunda dedicação a sua religiosidade.
No meio empresarial no Amazonas, foi sem dúvida uma das mais ilustres figuras da colônia portuguesa, cuja, empresa que fundou marcou uma época na economia, quando se ausentava de Manaus para suas longas viagens a Portugal entregava administração da empresa ao seu sócio gerente senhor Prudente Barreiro Garcia. Entre outras empresas do mesmo grupo tinha a representação das Companhias Seguradoras da Aliança da Bahia, Sagres, Aliança da Bahia Capitalização, além de ter na época outras representações tanto nacional como internacional e principalmente a Pan American Line, companhia de navegação que a época teve a sua importância no desenvolvimento do comércio da Amazônia, ligando Manaus e Belém com vários países da Europa.
Faleceu em Lisboa para onde se tinha retirado com sua exma esposa, no dia 5 de Dezembro de 1939.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
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