Acadêmico Ivanildo Ferreira Alves, presidente da Academia Paraense de Letras

Entre tantas obras já publicadas destaco sua mais recente, o romance ‘Mãe Terra: Crônicas do latifúndio na Amazônia’, o que destaca o autor ser uma obra das mais expressivas imagens da moderna literatura na Amazônia e do Brasil.

Jurista consagrado, Ivanildo Ferreira Alves tem uma trajetória de conquistas de vários prêmios nos seus trabalhos literários, toma assento na Cadeira n.1º da Centenária Academia Paraense de Letras. Nasceu na cidade de Maracanã no ano de 1961, no Estado do Pará. Formou-se em Direito, a busca do conhecimento na área da jurisprudência o levou a fazer mestrado e mais tarde doutorado em Ciências Criminais. É especialista em Direito Penal e Processo Penal. Homem generoso, logo dedica-se ao Magistério, a fim de partilhar seus conhecimentos com os mais jovens, atuando como professor em três importantes universidades do Estado do Pará e também como professor adjunto e professor auxiliar na Universidade Federal do Pará.

Homem de formação militar, é Capitão da Reserva da Briosa Polícia Militar do Estado do Pará. Pessoa de fácil comunicação, logo enveredou para a política, foi Vereador e Deputado Estadual pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará.

Foto: Ricardo Lima/TJPA

O Pedreiro da Arte Real 

Um autêntico e dedicado à causa maçônica. Pertence a velha guarda dos trabalhadores da Arte Real, que muito se entrega e contribui para o crescimento de sua loja mãe e da maçonaria paraense. De seus inúmeros afazeres como professor dedica seu precioso tempo para desempenhar suas obrigações maçônicas, ocupando sempre, o primeiro lugar da fila, quando é solicitado a contribuir sempre na vanguarda com sua participação efetiva e dedicada. Estudioso dos ensinamentos da Arte Real é conhecedor da legislação e como jurista guardião da constituição.

Como bom soldado da Arte Real não poupa esforços para ser útil a seus irmãos e as lojas que frequenta. Procura pôr em prática de todas as formas exprimindo conceito de que a maçonaria não é apenas um motivo de encontro entre irmãos, mas, um trabalho voltado aos menos favorecidos.

Homem respeitado no seio da maçonaria paraense, ainda crê nos altos desígnios de Deus que o homem sobre a face da terra tem o trabalho a fazer, esse bom obreiro quer ainda acreditar na sua capacidade que possa promover uma ação civilizadora nos destinos da humanidade. Ivanildo Ferreira Alves se esforça e é um exemplo dos mais belos e mais sublimes dos irmãos que atuam no oriente do Pará.

Foto: Acervo Academia Paraense de Letras

Nestes tempos de intensa vida e de desamor, em que por assim dizer o homem, no conjunto de todas suas faculdades, absolvido no dia a dia pela busca da sobrevivência que o domina por inteiro, não saindo do seu egoísmo se não para se mover na direção que lhe é indicada pelos seus interesses individuais, este mestre maçom constitui um caso raro e digno de menção.

A maçonaria do oriente de Belém do Pará o consagrou com o melhor de sua existência, como um incansável soldado a serviço constante, ininterrupto, todos os dias emprega sua atividade de forma incansável crente e fervoroso sem desanimar, mesmo quando peso da fadiga possa lhe abater sem jamais desertar ou abandonar a sua causa.

Não são poucas as pessoas neste mundo de meu Deus que realizam essa experiência, ser um pai dedicado por decisão da vontade de Deus. Podemos chamá-lo de guerreiro, pois ele soube chamar para si o altar ecumênico para cuidar de sua família.

Foto: Acervo Academia Paraense de Letras

Academia Paraense de Letras, um pouco de sua história 

[…] A Academia Paraense de Letras (APL) foi fundada a 3 de maio de 1900, em sessão presidida pelo então governador Paes de Carvalho, no Teatro da Paz. Naquela ocasião, fundava-se, também o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (LHGP). Falaram, pela APL Passos de Miranda, e, pelo IHGP Barroso Rebelo. Infelizmente não ficou ata da fundação, registrada, tão só, pelos jornais da época. Eram 30 sócios efetivos e perpétuos. A 10 de agosto de 1913, na sede do Ateneu Paraense, Luiz Barreiros presidiu sessão que incorporou mais um membro ao quadro de associados. Na oportunidade recebeu o colar e o diploma a primeira mulher a ter acesso a uma Academia de Letras, Guili Furtado.

A entidade passou por longos períodos de apatia, vez em quando ressurgindo das próprias cinzas (em 1920, em 1928, em 1936), afinal retomando sua caminhada em 1940 com a reforma dos estatutos e a filiação à Federação das Academias de Letras do Brasil.

Oswaldo Viana foi o grande impulsionador nessa fase, reconstituindo a história da Casa com dados e elementos da imprensa.

Em 1946 empossava-se o mais jovem de todos os acadêmicos do mundo, Jurandyr Bezerra, eleito com apenas 18 anos. Georgenor de Souza Franco elegia-se um pouquinho mais velho, 23 anos de idade.

O decano da APL, mais de quarenta anos (40) anos de vida acadêmica, Thoríbio Lopes, era aceito nessa safra.

Sem sede sua até 7 de setembro de 1976, quando o Governador Aloysio Chaves fez a doação por permuta, do prédio onde hoje se acha instalada, sito à Rua João Diogo, 235, em Belém do Pará, o sonho de instalações próprias quase se realiza em 1940 com Eduardo Azevedo Ribeiro na presidência e em 1954 presidida por Ernesto Cruz.

A 7 de agosto de 1955, diretor de biblioteca, Bruno de Menezes viu aprovada proposta de aluguel de uma sala ao menos para agasalhar os livros postos à sua guarda e “viviam um pouco…” (Georgenor Franco – A maior vitória da Acadêmia – separata da Revista da APL – 1977-1978)” … na casa de cada acadêmico e outro tanto numa estante da antiga Escola Normal”.

Alugou-se o primeiro andar de um edifício na Rua Santo Antônio, 49, onde funcionaria, depois, o escritório de Otávio Mendonça. No auditório ali preparado é que foi recepcionado, a 29 de dezembro daquele ano, o presidente da Academia Brasileira de Letras, Peregrino Júnior. Cattete Pinheiro e Magalhães Barata, na chefia do governo estadual, tentaram, cada um a seu tempo, doar uma sede que abrigasse, em definitivo, aqueles de quem se diz que são detentores da imortalidade acadêmica.

Foto: Acervo Academia Paraense de Letras

 A 29 de janeiro de 1959, doente e com febre alta, ao que se sabe a última cerimônia a que compareceu como governador constitucional, Barata inaugurava como sendo a sede da Academia, o primeiro andar do prédio da Rua 13 de Maio,47, um edifício antigo, com dois enormes apertados lances de escada.

Afinal a pretensão foi formalizada na administração de Moura Carvalho, em Lei de 19 de agosto de 1960.

A doação por permuta, da sede definitiva, esta que hoje abriga a APL, se deu por decreto legislativo, editado no dia 6, no Diário Oficial do Estado, datado de 3 de dezembro de 1975, com obras de recuperação arquitetônica e de adaptação física, efetivadas em dez meses, orçadas em 950 mil cruzeiros.

Uma placa de bronze foi aposta à entrada do número 235 da Rua João Diogo, perpétua a gratidão dos acadêmicos a Aloysio da Costa Chaves.

A Academia Paraense de Letras objetiva concorrer para o desenvolvimento cultural do Pará, no setor artístico e científico. Promove anualmente Concursos Literários. Mantém ótima Biblioteca denominada Dr. Acilino de Leão, em homenagem ao médico, escritor, jornalista, professor de Medicina e ex-presidente da APL, por três (3) vezes. Atualmente a “Biblioteca Dr. Acilino de Leão” tem por seu Diretor o Dr. Denis Cavalcante, médico e acadêmico ocupante da Cadeira no. 15 da APL.

A Academia Paraense de Letras publica revistas e obras literárias; apoia atividades culturais e mantém correspondência com suas congêneres no Brasil e de outros países.

Do seu quadro associativo fazem parte 40 sócios efetivos e perpétuos que são eleitos pelos associados. Estes analisam os candidatos e suas obras literárias e elegem quem deverá ocupar a cadeira vaga pelo falecimento do seu último ocupante.

Por fim, vale ressaltar que foi Domingos Antônio Raiol – o Barão de Guajará –conceituado e ilustrado intelectual vigiense, quem fundou nossa Academia Paraense de Letras, a terceira mais antiga do Brasil, antecedida apenas pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia Cearense”.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Toda nova geração forja novos padrões, valores e atitudes sobe a vida, sobre a sociedade e o mundo da literatura. Esses caminhos que descortinam resultam do entusiasmo, da fé e na esperança de dias melhores e naturalmente são construídos com doação, dedicação e muito trabalho na presidência da Academia Paraense de Letras. A existência é fruto do diálogo com o passado e das projeções em relação ao futuro, mas, é no presente que seu atual Presidente Ivanildo Ferreira Alves forja os alicerces desta centenária casa para o amanhã.

As vitórias nos trazem contentamento, mas as derrotas nos fazem refletir e nos acrescem experiência necessária para os empreendimentos futuros de sua administração. A história é uma atividade científica que nos dá conhecer o passado da humanidade: “É certo que não podemos compreender o presente sem conhecermos o passado”. Este conceito é atribuído à Aléxis de Tocqueville (1805-1859), celebre magistrado e pensador francês.

Essas considerações me ocorrem enquanto constato, que nesta centenária casa de escritores e promotores do conhecimento e da literatura serão utilizados como pátina no cinzelamento de excelentes livros publicados por seus acadêmicos.

Entre tantas obras já publicadas destaco sua mais recente, o romance ‘Mãe Terra: Crônicas do latifúndio na Amazônia’, o que destaca o autor ser uma obra das mais expressivas imagens da moderna literatura na Amazônia e do Brasil.

Trata-se de uma obra pioneira no movimento literário paraense e na Amazônia. O que permite o autor embrenhar-se na floresta enfocando fatos e circunstâncias da realidade vinculada a um momento real e expressivo da nossa Amazônia na imensidão da floresta. A escolha do tema para produção do romance foi de enorme felicidade o que permitirá o leitor sair do mundo das comunicações e buscar esta realidade através da literatura.

O acadêmico Ivanildo Ferreira Alves a mais de vinte anos ocupa a cadeira n.º1 da Academia Paraense de Letras, de parabéns o ilustre confrade por mais esta obra. 

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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