“Tenente João de Azevedo Cruz filho de Manuel Azevedo Cruz e Genuína Guedes de Azevedo Cruz nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 26 de Junho de 1898.”
Estas verdades históricas, quase esquecidas resultam do espírito de luta deste bravo oficial que muito contribuiu para nossa história. Há quem construa na trajetória da vida, sua própria história. O oficial João de Azevedo Cruz enquanto viveu entre nós interpretou sua grande causa cívica, trabalhando com maestria toda a sua passagem em terras amazônicas. Sua obra é de tão magnitude pelo significado de avanço nas formas de pensar e agir com a problemática amazônica, sua passagem determinou rumos no desenvolvimento das ações militares em Roraima. Como narra seus familiares, ele nunca encontrou dúvida no sentido de defender a soberania nacional e, sua ação foi absolutamente importante naquele período.
Outra identidade presente na vida deste militar era na determinação que a cada instante ele se encontrava com a dinâmica de construir algo que pudesse marcar a presença de um batalhão naquele período. Homem de convicção forte foi mestre do seu próprio destino, na verdade o homem olha o mundo e percebe que há nele a presença de algo que o desafia a uma nova missão.
A trajetória desse militar foi e, é, porque deixou exemplos de seus múltiplos compromissos com a possibilidade de construção de uma sociedade fundada no respeito na hierarquia e nos valores humanos ao estado de direito e com profunda consciência do valor da cidadania. Esses fundamentos o Tenente João de Azevedo Cruz trouxe de berço.
“… Tenente João de Azevedo Cruz filho de Manuel Azevedo Cruz e Genuína Guedes de Azevedo Cruz nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 26 de Junho de 1898. Foi nos sertões da Paraíba que viveu a sua infância e a sua adolescência e onde floresceu a sua vocação para as armas que contou com o apoio e o estímulo de seus pais.
A chegada do 45° Batalhão de Caçadores na cidade de Manaus, em 1915, deu origem ao 27° BC, Quartel de Infantaria, onde iniciou sua carreira e onde hoje funciona o Colégio Militar de Manaus. Casou-se na Paris da Selva com Adélia Maia do Rego, em 1922 e nesta cidade foi promovido a Cabo e Sargento.
Por sua conduta exemplar foi destacado para comandar o 1° Pelotão de Fronteira, sediado em Boa Vista, Roraima, então município do Estado do Amazonas, onde permaneceu por dois anos. Nesse período construiu o primeiro quartel da cidade, sem onos para a República, que até hoje se queixa da falta de recursos. Diante de reiteradas negativas das autoridades militares superiores para o envio de recursos financeiros necessários a obra, ele decidiu por conta e risco, construí-lo com os materiais disponíveis e a usar a tropa como mão de obra.
No calor das agitações políticas da Revolução de 1930, foi transferido para Juiz de Fora, Minas Gerais, onde recebeu a missão de comandar tropas. Pelo seu desempenho, seus superiores registraram elogios de reconhecimento na sua caderneta militar. No final daquele período turbulento foi promovido a Tenente. Por problemas de saúde, teve de interromper a sua carreira no Exército. Foi reformado com todos os direitos e vantagens em 5 de fevereiro de 1934.
Apaixonado pelos campos de Roraima, escolheu Boa Vista para viver, faleceu na capital do lavrado, em 12 de setembro de 1961 e deixa viúva sua amada Adélia. Seus filhos: Ruberval, Rubeltide, Rubeldimar, Rubelmar, Rubilmar, este falecido com um ano e meio, Ruzimar, Ruzival, Dorgeval, Zilma Maria e a filha Wapixana, a inesquecível Regina de Azevedo de cuja alma coração e vida nasceu o amor maior que abraçou quatro gerações da família.”¹
O Tenente João de Azevedo Cruz foi um vitorioso, pois sua vida foi alicerçada na crença de seus pais. No passeio de sua existência ele colecionou amigos e admiradores, pessoas com as quais ele conviveu, especialmente familiares e os amigos de farda e deixou impresso nesses corações sua marca de uma fraterna amizade.
Ele soube pintar com as cores da alma generosa, usando as tintas do coração quando escolheu sua profissão, Tenente João de Azevedo Cruz, foi a beleza do servir o Exército Brasileiro e a Amazônia que se ocultou por trás da simples dimensão do seu corpo material, soube compreender o milagre do servir que é o enigma e condição indispensável para uma existência enriquecedora e feliz.
Na verdade ele foi a essência do verbo. Foi um jovem que acreditou nas entranhas da Amazônia que o destino lhe houvera reservado. Trabalhou duro, deu sua juventude, entregou sua velhice com a soma do mais alto cometimento humano. Seu corpo foi aquecido pelo sol da Amazônia, o que provocou um encontro da energia com o trabalho, na busca de promover a presença militar nos confins de Roraima, soube a luz incandescente no sol da Amazônia.
¹ Jornalista Francisco Cândido. Boa Vista – Roraima.
* Este texto foi construído com informações da senhora Janete Santos de Azevedo Cruz.