A Educação em III Atos Filosóficos; ATO II: René Descartes

Neste segundo ano, quero trazer um olhar espetacular de um dos mais expressivos filósofos: René Descartes.

Neste segundo ano, quero trazer um olhar espetacular de um dos mais expressivos filósofos: René Descartes. Nascido em 1596, foi um filósofo, físico e matemático francês. Ele se tornou notável por sua forte contribuição na filosofia e na ciência, em especial na matemática, com sua análise sobre a geometria analítica e o sistema de coordenada. Foi ainda umas das principais figuras na Revolução Científica. Conhecido do o fundador da filosofia moderna, torna-se um dos principais influenciadores do Pensamento Ocidental, tornando-se inspiração para vários pensadores e filósofos que viriam em seguida. Para muitos, ele inaugurou o racionalismo da Idade Moderna.

No Texto “Meditações”, Descartes traz a análise a respeito da subjetividade, quando a ao sujeito é dada a verdade, somente com base sólida e conceitos que não gerem dúvidas. Ou seja, o empirismo não tem espaço nesse pensamento. Para isso, faz-se necessária a existência de um método rigoroso e disciplinado. Ou seja, a sistematização é um dos pontos chaves da proposta de Descartes. Nesse sentido, a Educação Tradicional atual, abraça a ideia de que, somente com método e seguindo uma linha se tem resultados, contrapondo-se a pensamentos construtivistas, por exemplo.  

Foto: Reprodução / internet

A Ciência atualmente baseia-se nesse pressuposto. Para que uma análise seja cientifica ela precisa ter comprovação científica. Abre-se aqui um questionamento, por exemplo, para saber se a Ciência da Educação é de fato uma Ciência. Ao entender que, Ciência é fruto de comprovação, por vezes, tal comprovação é fruto da análise de um ser sobre outro ser ou algo. Nesse sentido, em muitos casos, a subjetividade está presente nesse contexto, trazendo um viés importante para análise final. Se a ciência é fruto de uma comprovação e a comprovação está subjetivada, pode-se também crer que o resultado não é preciso, logo não seria científico.

Em um exemplo mais preciso, se ao se realizar um estudo com crianças de 02 a 04 anos para saber se comer na frente da televisão traz algum prejuízo para a atual geração, teríamos o fator objetivo da pesquisa: a criança comeu ou não. Mas quando se observam fatores que levaram as crianças a comer ou não, há inúmeras análises, inclusive de cunho emocional em que o pensamento do avaliador poderá exercer forte impacto no resultado da pesquisa, mesmo que o instrumento utilizado esteja o mais aproximado da objetividade.

Para Descartes, a necessidade da sistematização, base sólida e conceitos bem definidos é fundamental para a existência da ciência moderna, utilizados ainda na filosofia da educação moderna e o discurso pedagógico tradicional. Ele ainda sugere que a mente precisa ser organizada para processar o pensamento e o conhecimento de forma segura. Para ele, a razão está disponível para todos os homens. O corretor e o discernimento entre o verdadeiro e o falso é fruto dessa análise organizadamente sistêmica.

A inexistência de um pensamento único e direcionado é graças a pluralidade de pensamentos, logo opiniões, existentes. O que tornaria um ser mais racional que o outro é o direcionamento do pensamento e por estes não serem considerados com a mesma ótica por todos os indivíduos.

Nesse sentido, não se poderia então relacionar a existência de um ser mais inteligente que o outro. Para Descartes, não há um ser mais racional que o outro. Defende ele que, havendo um método a ser seguido, todos teriam a capacidade de assim o fazer, mesmo que em ritmos diferentes.

No Brasil, os tempos de aula do Ensino Médio são aproximadamente de 50 minutos e, no geral, as escolas tem cerca de cinco a sete tempos por dia. Ao se trazer para a rotina diária o pensamento de Descartes, todos os alunos, passando por um método único, com as mesmas ferramentas e possibilidades sendo dados a todos, poderiam realizar as tarefas em ritmos diferentes, mas todos conseguiriam alcançar. No entanto, o pensamento de equidade tem feito muitos educadores repensar sobre a existência de uma única fórmula em busca dos resultados.

Os alunos apresentam características e histórias que os diferem um dos outros. Por essa razão, as oportunidades dadas precisariam ser diferenciadas e, dessa maneira, um método único, com bases tradicionais e pouco flexíveis, não oportunizaram possibilidades a todos.

Por muitos anos, a educação brasileira defendeu a igualdade como um dos principais objetivos a serem alcançados. No entanto, este princípio requer oportunidades iguais a e todos. O que se considera em muitas escolas atualmente é oportunidades diferentes a pessoas diferentes, que o deixem no mesmo patamar de possíveis resultados.

Descartes tinha um pensamento bastante interessante sobre aquisição do conhecimento. Aberto às letras, ele compreendia que se era possível adquirir conhecimento sobre toda e qualquer coisa que vida o proporcionasse. No entanto, no decorrer da vida, chegou a questionar-se sobre seu próprio desejo de aquisição desses conhecimentos e de sua real capacidade de os obter.

E assim, ainda que confuso em seus pensamentos, o levava sempre a uma perspectiva de gerar mais e mais aprendizado. Acreditava ele que o aprendizado passado de geração a geração por meio de boas leituras, era uma forma coerente de que se adquirir conhecimento. Defendia a ideia de que, por meio de viagem, era possível ter contato com povos de diferentes épocas, e logo, era uma outra forma substancialmente importante de se adquirir o conhecimento. Com esta defesa, a experiência teria sim um lugar importante na jornada da aprendizagem, como hoje muitas escolas realizam, por exemplo, visitas à bosques e museus, com o intuito de experimentar, na prática, a realidade explicada na teoria. 

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