Desafios e oportunidades para a cadeia de Castanha-do-Brasil: Confira como foi o quarto encontro do ‘Meetup Acelera Amazônia- Edição Bioeconomia

Quarto Encontro do Meetup Acelera Amazônia– Edição Bioeconomia trouxe oportunidades, cases e atores do ecossistema de inovação e da Cadeia Produtiva da Castanha do Brasil, além de incentivos da Suframa à biodiversidade.

Manaus (AM)- A Fundação Rede Amazônica (FRAM), em parceria com o Impact Hub Manaus, realizou na última quinta-feira (09) o quarto encontro do Meetup Acelera Amazônia- Edição Bioeconomia. Desta vez, o tema escolhido para o encontro foi a Cadeia produtiva da ‘Castanha do Brasil’, um dos principais produtos da sociobiodiversidade brasileira cujo uso e manejo estão diretamente vinculados ao conhecimento e a cultura das populações tradicionais e dos agricultores familiares da Amazônia.

Para o debate, foram reunidos membros da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), para falar sobre boas práticas de produção, além da startup “Vem de onde?”, para compartilhar soluções em rastreabilidade; e do Observatório da Castanha-da-Amazônia, uma rede de organizações que atua para desenvolver a cadeia da castanha, a partir da pesquisa e mobilização de atores para um mercado justo que valorize os povos e comunidades envolvidas.

Tainara Tenório, engenheira de operações na Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), atualmente Coordenadora de Gestão Tecnológica, também foi uma das participantes do Meetup Acelera, durante a sua fala, ela explicou o funcionamento da Lei de Informática e seus subsídios para Amazônia Ocidental e o Amapá. “Bens de informática representam mais de 26.6% do faturamento Polo Industrial de Manaus, a maior parte, o que gerou em obrigação de investimento em Bioeconomia o montante de R$ 1,77 bilhão em 2022”, afirmou.

Os recursos previstos na Lei de Informática são destinados a aceleradoras, incubadoras, fundos de investimentos, startups, Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e programas prioritários. Toda a execução é fiscalizada pela Suframa. Para ter acesso a esse recurso, é preciso ser uma unidade credenciada pelo Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (Capda), composto por representantes do governo federal e dos governos dos estados da Amazônia Ocidental. “Manaus corresponde a 56% de unidades credenciadas, aptas a receber esse recurso, enquanto no interior do Amazonas estão outros 26%. Os demais estão nos estados que integram a região de atuação da Suframa”, afirma.

Atualmente, os programas prioritários vigentes da Suframa e que podem receber recursos do CAPDA são cinco: Economia Digital (R$ 49 milhões); Recursos Humanos (R$ 49 milhões); Bioeconomia (R$ 95 milhões); Indústria 4.0 (R$ 285 milhões); e Empreendedorismo Inovador (R$ 40 milhões). O Programa Prioritário em Bioeconomia (PPBio) é coordenado pelo Idesam desde 2019. 

Fotografias: Fundação Rede Amazônica/Leonardo Matheus e Gustavo Alves.

O advogado e empresário Átila Denys, atua diretamente com a produção da Castanha-Do-Brasil e participou do evento. Para ele, o debate é importante para que os agentes troquem conhecimentos e discutam caminhos para as melhorias da cadeia.

“A gente entende que a castanha, assim como o açaí, são os produtos mais conhecidos da região. Agora, chega o momento da gente valorizar o produto, tentando industrializar ele, gerar valor agregado, como fazer o leite de castanha. Isso exige uma indústria, uma série de preparações. Nós temos que incentivar novos investidores para a região, criar esses canais para também colocarmos nosso produto” afirma Átila.

A diretora institucional da Fundação Rede Amazônica, Mariane Cavalcante, comentou que o intuito do evento é reunir os atores de cada cadeia que são tema das edições, para que debatam o cenário e discutirem melhorias para o futuro.

“A gente entende que são muitos desafios e nosso objetivo é esse. Trazer alternativas, soluções e também fazer uma ponte entre as startups, com a própria comunidade. É muito relevante e queremos ampliar essa discussão e difundir para que as pessoas tenham mais oportunidades”, ressalta a Diretora Institucional da Fundação Rede Amazônica, Mariane Cavalcante.

Cases de sucesso

A experiência do trabalho em rede é o segredo do sucesso de outra iniciativa que desde 1992 trabalha na cadeia da castanha. Bruno Dutra de Freitas, presidente da Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru), trouxe, direto do Amapá, o case da cooperativa que passou a beneficiar o óleo desde 2021. “Juntos identificamos como processar melhor o produto – o que depende de como o armazenamos e o transportamos. A unificação das comunidades tradicionais, cooperativas e associações proporcionou um fortalecimento para conseguirmos acessar novos mercados, que pagam mais por conta dessa qualidade. Não se faz negócio na Amazônia sozinho”, afirmou.

Freitas cita o Coletivo da Castanha, que deu origem ao Observatório da Castanha-da-Amazônia (OCA), como exemplos dessa realidade de atuação conjunta. Trata-se de uma rede de extrativistas e organizações comunitárias que hoje organizam um ambiente de troca de informações sobre produção, estoques, comercialização, safras e percepções sobre a cadeia de valor, minimizando a assimetria de informações que prejudica a base produtiva da castanha-da-Amazônia.

Foi pensando em como conectar esses atores em um ambiente digital que o Instituto Certi trabalhou em uma plataforma digital para resolver os principais gargalos da cadeia: um hub de Market place da castanha onde cooperativas e associações que estão na Amazônia Legal podem entrar em negociação direta com a indústria; e o “Vende Onde?”, um software de rastreabilidade, onde se permite saber a origem do produto. “Estas são formas de agregar valor e geração de renda para as comunidades dentro do território, além de resolver o problema de saber de onde está vindo aquele produto e de prevenir a segurança do extrativista”, afirmou Rafael Gomes, representante do instituto.

Novos negócios

Para o momento voltado ao Pitch de Novos Negócios da cadeia participaram as startups Apoena (Manaus-AM), que atua no ramo de agroindústria de produtos da sociobiodiversidade com a missão de valorizar as populações tradicionais a partir de novos processos; e a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer – Coopavam (Juruena-MT), que envolve assentamentos e Terras Indígenas; e a Taberna da Amazônia, que tem conecta pequenos empreendedores da Região Norte, por meio do e-commerce, com o mercado consumidor nacional.

Agenda

O último encontro deste ano de 2023 do ‘Meetup Acelera Amazônia’ está marcado para acontecer no dia 14 de Dezembro. O tema será ‘Restauração Florestal’.

Sobre o idesam

O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia é uma Oscip com atuação na Amazônia Legal. Desde 2004, trabalha pela conservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia e suas populações. Teve o reconhecimento como uma das 100 melhores ONGs do Brasil em 2022 e como a melhor organização ambiental da Região Norte pelo prêmio Melhores ONGs 2020. Para saber mais, acesse: www.idesam.org

Sobre o Impact Hub Manaus

Atuando há 06 anos em Manaus, o Impact Hub Manaus é um centro de empreendedorismo e inovação de impacto, é parte de uma rede global de hubs que buscam impactar o mundo e suas respectivas regiões. Esse impacto se dá de diferentes formas, como através do coworking onde empreendedores se encontram, trabalham, geram novos negócios e se conectam de diversas maneiras, como em eventos com conteúdos relevantes e networking; também com programas inovadores que buscam acelerar negócios e pessoas, potencializando o desenvolvimento da região. Para saber mais acesse: https://impacthubmanaus.com.br/

Sobre a Fundação Rede Amazônica

A Fundação Rede Amazônica é o braço institucional do Grupo Rede Amazônica, comprometida com a integração e desenvolvimento da Amazônia, com a missão de capacitar pessoas, articular parcerias e contribuir para o desenvolvimento social, ambiental e científico-tecnológico da região. Para saber mais acesse: https://portalamazonia.com/fram ou  https://fram.org.br/

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