Um olhar sobre a eleição

Neste próximo Domingo teremos o segundo turno da eleição suplementar para saber quem vai governar nosso Estado nos próximos 15 meses. Há algumas reflexões que merecem destaque. Como forma de olhar a política, as pesquisas eleitorais dizem muito, mas falam pouco.

Foto:Reprodução

Os números que mostraram Amazonino estourando na dianteira, mais de 30 pontos à frente do segundo colocado deixam evidente que o candidato do PDT está sabendo se valer de trunfos preciosos: sua longa exposição à mídia e seu amadurecimento político, ao passo que Eduardo não teve a capacidade de capturar o difuso espírito oposicionista que parece ter tomado conta da população, ao menos no momento. Os números sugerem que há muitas dificuldades a partir de agora atormentando a candidatura de Eduardo. Além de ser pouco “simpático”, á classe média, de ter fama de gostar demais do poder e de não conseguir resolver seus imbróglios junto a Procuradoria da República, Eduardo não parece estar conseguindo contornar as resistências encarniçadas que se lhe antepõem os setores mais duros do próprio PMDB, ou seja, de sua própria base de sustentação, além da pecha ao seu vice de ter sido seu algoz na eleição passada.

Os números mesmo não tão eloquentes acabam por estimular diferentes fantasias e visões conspiratórias. A política é móvel e dinâmica, além de pouco previsível. Apesar de sabermos disto, vivemos enfeitiçados pelas ilusões das estatísticas e tendemos a confundi-las com nossos desejos e receios. Passamos a atribuir aos números o poder quase mágico de anunciar o futuro, e vamos permitindo que eles fiquem poderosos demais.

Esquecemos que bastaria um fato forte para apagar as estrelas ou pôr no céu quem estava no inferno. As estratégias se dedicam a burilar imagens, efeitos e “conceitos”, quem sabe embalagens. Os conteúdos importam menos. Os números integram-se a isto e passam a ser cotejados sofregamente. Tudo fica assim condicionado. Uma falha de comunicação, uma frase boba, uma foto inoportuna, um escorregão inesperado, um inocente aperto de mão, um detalhe esquecido da biografia, qualquer bobagem pode jogar tudo ladeira abaixo.

Em decorrência, todos tendem a não se afastar muito de um ponto “ótimo” de campanha, reforçando as estratégias mercadológicas, as frases estudadas, os sorrisos de rotina. Uma boa imagem torna-se fundamental. Um factóide bem plantado vale ouro. É a anticampanha oprimindo a campanha, o ataque aos outros se combinando com o disfarce de si próprio, as escaramuças moralistas e “imagéticas” ganhando mais peso que o debate democrático.

Por isto mesmo que cada eleição é novo aprendizado, cada prélio, uma lição que aprimora e aperfeiçoa. Da mesma forma que na disciplina a que alude o canto décimo de “Os Lusíadas”, o democrata não aprende na fantasia, somente sonhando, imaginando e estudando, mas vendo, tratando e pelejando.

Este um dos papéis salutares destas eleições. De todas as eleições. Na realidade ficamos com dois candidatos já conhecidos da população por realizações e não realizações, por empáfias e empáfias, os números de votos nulos e brancos vão mostrar o desinteresse do povo em confiar em algum deles.

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