Ano começando e o problema do desemprego afeta a muitos. A saúde afeta a todos. Na realidade amazonense, mas sobretudo manauara, depender da saúde pública deixou de ser muito perigoso, como assegurava Riobaldo, o Tatarana, de Guimarães Rosa. Tornou-se lotérico. Não é preciso ser um especialista para analisar com profundidade os fatos. Não pretendo neste espaço, propor nenhuma reforma ou medida das inúmeras que os especialistas conhecem melhor do que eu. O que estou enxergando é um enorme espaço político desperdiçado; o vazio da saúde pública. O estado de emergência provocado pelo surto do zika, expõe a fragilidade do sistema de saúde, e isso é muito antigo, o problema é no Brasil todo.Cuidamos mais da doença do que da saúde. O secretário de saúde do Estado, com muita competência mostra a disposição de implantar um sistema moderno, no desafio de termos um plano de saúde efetivo. É relevante essa iniciativa, mas não depende só de sua capacidade gerencial. A área de avaliação em saúde no Brasil se encontra em estágio incipiente, com pouco interesse dos gestores em saber os efeitos e impactos produzidos por suas políticas e projetos, e pouco conhecimento dos profissionais sobre métodos avaliativos.Portanto, aí está uma vaga que preenchida por alguém que devolva a saúde à população certamente se tornará um dos nomes mais populares da cidade, o que pode significar uma candidatura imbatível para as próximas eleições. Até as eleições de outubro, há tempo de sobra para tomar medidas que garantam este retorno.Não será necessário investir somas fabulosas em jingles na mídia. A mídia fará de graça o renome dos que devolverem a saúde aos eleitores amazonenses O que se diz a respeito da saúde pode-se repetir a propósito do problema do desemprego. Estamos fartos de assistir a programas de partidos políticos explorando o desemprego e debitando sua existência a outros políticos. Não precisamos que político nenhum nos fale do que esse problema significa. Nem o desempregado tira benefício algum de ter sua dificuldade exposta pela tevê. Não consta que paguem cachê para exibi-la. O que não vemos é ninguém fazer nada pelo emprego. Não nas dimensões que o problema exige e comporta. Há sem dúvida um número incontável de organizações oficiais dedicadas a atacar o problema do desemprego, gastando certamente milhões e empregando dezenas ou centenas de tecnoburocratas bem remunerados. Também aqui, no problema do emprego, há um imenso espaço vazio que não pode ser preenchido com discursos políticos nem com jingles de publicidade. Um vazio político-eleitoral formidável, capaz de eleger quantas figuras metessem a mão na massa com a criatividade que os recursos modernos proporcionam e com a seriedade e coragem que o problema exige. Mas a vontade de assumir e resolver problemas exige vocação de liderança. E ela não se fabrica mercadologicamente e pouco tem a ver com campanhas eleitorais e fúteis ambições de poder.
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