Queixas

Depois que se vulgarizaram as técnicas de avaliação do comportamento de eleitores e consumidores no País, ficou de fato mais difícil a vida dos candidatos a postos eletivos, gestores públicos em atividade e prestadores de serviços diretos às comunidades. Tudo hoje se avalia, nada escapa ao tirocínio da pesquisa de opinião, é raro o produto, mercadoria e serviço ficar à deriva da investigação minuciosa desses profissionais capazes de indagar mais do que os próprios agentes da segurança pública.

Daí que de vez em quando saem matérias jornalísticas nos meios sociais de comunicação, informando a posição deste ou daquele produto, desta ou daquela opinião popular sobre os serviços recebidos diretamente pela população, ora oferecidos e prestados pelos órgãos do poder Público, ora pelas empresas e firmas do circuito privado e particular. Nada escapa, conforme apontamos acima, à visão da pesquisa, ao crivo da estatística de ocasião, momentânea.

É claro que se trata, na maioria dos casos, de levantamentos fortuitos, ligeiros, feitos num abrir e fechar d’olhos, e de resultados avulsos, muitos deles sem o menor compromisso com a permanência e a duração. Hoje é uma coisa, amanhã já é outra. Malgrado estas circunstâncias caracterizadoras da pesquisa de opinião, ela funciona como a verdade de um curto momento, serve como a fotografia da ocasião, não deixando, pois, de dizer alguma coisa, de emitir algum sinal de informação.

Órgãos e entidades que mais diretamente convivem de modo assíduo e mesmo obrigatório com a população – dada a natureza da atividade a que se dedicam – passam a alvo preferencial do sistema de coleta de opiniões. Se sofrem com isto, é claro que sofrem, mas, tudo é consequência do estilo de funcionamento e da natureza do produto que oferecem.

Ainda agora final do ano, saiu o inventário das queixas da população, as reclamações dos clientes de dezenas de serviços públicos e particulares que têm a ver com a satisfação coletiva. Nesse rol, o setor que em Manaus mais terá acumulado queixas anotadas na Procuradoria de Defesa do Consumidor (Procon) é o que abriga os Planos de Saúde.

A clientela se diz insatisfeita porque as entidades do setor praticam aumentos abusivos na mensalidade por faixa etária e também porque não se tornou satisfatória a oferta para a migração do segurado de um para outro plano ou programa. A exigência de reembolso da parte dos profissionais da medicina é outro ponto que motiva o surgimento de sem-número de reclamações.

Nada menos que dezesseis empresas prestadoras do serviço complementar de saúde foram objeto de queixas generalizadas e veementes da parte da respectiva clientela. A lista do Procon coloca em segundo lugar a distribuição da energia elétrica, mas, a razão principal das queixas não diz respeito à qualidade propriamente dita do serviço, mas, à anulação do benefício tarifário de vários grupos dos consumidores de baixa renda.

É de ressaltar que nisto a decisão não é da concessionária local, sim, das autoridades com assento na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Reclamações contra o corte do fornecimento por inadimplência não têm consistência nem legal nem ética.

A telefonia móvel ficou em terceiro lugar nesse ranking desprimoroso. As queixas aí se concentram na falta de pormenorização das contas mensais e na contagem defeituosa de pulsos medidos pela franquia. Os serviços d’água e esgoto e os cartões de crédito situaram-se depois como atividades que igualmente geraram número inusitado de reclamações ao longo do exercício.

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