Os dois grandes mitos das campanhas eleitorais andam juntos. O primeiro deles são as pesquisas de intenção de voto. Importante instrumento de análise política e campanha eleitoral, as pesquisas não ganham nenhuma disputa. Também não representam algum tipo de bola de cristal capaz de dizer com certeza o que acontecerá no futuro. Os analistas estão cansados de dizer que pesquisas são o que são, retratos de um momento político. Elas os influenciam e por eles são influenciadas. Fazem parte de um processo dinâmico e, por isso, são tão esperadas, mesmo muitos meses antes da eleição. O outro mito das campanhas políticas são os marqueteiros. Publicitários dedicados a fazer os programas de televisão dos candidatos. Alguns são tão ou mais venerados do que os candidatos, considerados mágicos capazes de destruir ou alavancar candidaturas. Como todo mágico, mestres em ilusionismo. A arte de mostrar e esconder, de acordo com os interesses dos candidatos. O prestígio dos marqueteiros justifica-se pelo peso que a televisão adquiriu nas campanhas eleitorais. Num país de grandes dimensões e muitos analfabetos, a maior parte da população se informa pela televisão. É por isso que os candidatos vivem repetindo que o jogo eleitoral só vale quando começa a propaganda gratuita na televisão. É também por causa da televisão que alianças são fundamentais para alguns candidatos. Juntando-se a outra legenda, aumentam o tempo de propaganda na TV a que têm direito. Os marqueteiros, em geral, não se limitam aos programas de televisão. Palpitam em tudo, desde a roupa com a qual o candidato deve se apresentar em determinado compromisso até sobre o que pode ou não falar. Como as pesquisas de intenção de voto, os marqueteiros são instrumentos importantes de campanha. Mas não são eles que ganham as eleições, embora alguns acreditem que sim. Como não existe nenhum tipo de pesquisa para se saber por que os eleitores votaram neste ou naquele candidato, fica fácil atribuir à mágica dos marqueteiros o sucesso ou fracasso de uma eleição. A verdade é que a vitória de um candidato é resultado de um conjunto de coisas, como apoios políticos, propostas de governo convincentes, momento eleitoral propício e, claro, uma boa estratégia de marketing eleitoral. A supervalorização da participação dos marqueteiros deixou as campanhas mais artificiais. Nem sempre se pode fazer distinção entre as cenas melosas de uma propaganda eleitoral e uma trama de Glória Perez para a novela das 8. Ou os programas populares como Casa dos Artistas e Big Brother. Todos têm muito choro, muita música e quase nada de conteúdo. Os estrategistas que pululam em época eleitoral criam mitos, idéias falsas sem correspondente na realidade, e muitas vezes a linguagem deles influencia profundamente o grande público e daí as distorções maléficas ao regime democrático, que fica comprometido não apenas pelo jogo dos políticos, mas também pela política do jogo daqueles que confundem o eleitorado. Sexta teremos a ultima pesquisa e domingo veremos quem realmente chegou mais perto.
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