Onomástica brasileira

Caros leitores, aqueles que tiveram e têm o privilegio de lecionar, verificam a maior quantidade de nomes próprios de alunos que as vezes causam espanto pelo tipo de escrita ou de pronuncia. A onomástica brasileira é variadíssima. Onomástica, relembrando, é a relação dos nomes próprios ou prenomes.

Apesar de Portugal falar o mesmo idioma do Brasil, seus nomes de batismo diferem dos nossos. Existem nomes no nosso país, que jamais seriam escolhidos pelos reinóis. Os nomes podem variar de época para época, de região para região e de classe social.

Sobre o assunto, o folclorista Mario Souto Maior publicou livro Nomes próprios poucos comuns, que deve ser lido por quem estiver interessado em nomes brasileiros estranhos ou diferentes. Os nomes dizem muito. Mais que simplesmente identificar pessoas, eles carregam inúmeras conotações.

Shakespeare sabia muito bem disso e lançou a frase célebre, “O que há num nome?” Nomes de além significarem, por exemplo, perpetuação de tradições, fidelidade religiosa, etnias ou nacionalidade, querem dizer, também, anseios de mobilidade social, diferenciação, desejo de sucesso, homenagens e outros casos.

Foram muitos comuns nomes terminados em on e de origem estrangeira como Wellington e Robson e para mulher com y no final como Meiry ou Mery. Foi mania tupiniquim a utilização de sobrenomes estrangeiros, de personalidades famosas como prenomes. São o caso de Wilson, Washington, Wellinton, Hindenburg ou Mozart, personagens que tiveram seus nomes de batismo, pela ordem: Tomás, Jorge, Artur, Paulo e João.

Para se constatar a importância dos nomes, o compositor Mozart, na Europa do século XVIII, teve seus nomes modificados três vezes: “seu nome completo de batismo era “Joannes Chrysostumus Wolfang Theophilus. O pai transformou Theophilus em Gottlied, que alatinado deu Amadeu. Mozart usou também nos primeiros tempos o seu nome de confirmação que era Sigimundus”.

Os nomes bíblicos eram fortíssimos e não só identificavam como marcavam os destinos e as ações de seus portadores. Por exemplo, Abraão: quer dizer pai da multidão; Davi: amado de Deus; Eva: vida; Jesus: salvador; Cristo: ungido ou messias; Nazareno: consagrado etc. Noutras palavras, os prenomes já diziam tudo sobre o nome.

É assim também em várias culturas indígenas, onde os nomes também dizem tudo. No Brasil, além dos nomes da moda, alguns representam a junção do nome do pai com o da mãe, como Julimar e outras variações. De modo geral, quanto mais alta a classe social, maior a tendência de nomes simples, descendo para nomes mais complexos, por classe com mais usos de ipsilons, de eles dobrados e de dáblios.

Segundo empresa de consultoria que pesquisou em cartórios, os nomes mais registrados no Brasil hoje, são para homens: João, Gabriel, Lucas, Pedro, Mateus, Luís, Victor, Kauan, Guilherme e Vinicius. Para mulher: Ana, Maria, Júlia, Giovanna, Beatriz, Vitória, Letícia, Gabriela, Larissa, e Isabela. O uso de Maria antes ou após o nome de batismo continua no País e muitos nomes apresentam variações diversas, principalmente os alienígenas.

O caso de Stefania que se apresenta como: Stefany, Stefane, Sthephany, Estefani, Esteffani, Sthefanny e outras. A tradição indígena é representada na nossa onomástica com Darcys, Jacys, Jaciras, Kauan etc. A contribuição afro é menos presente nos nomes do Brasil, porém existem prenomes lusos mais frequentes para afrodescendentes. Vejam que Bolsonaro como exemplo não é um nome comum, principalmente para um Presidente da República, embora seja sobrenome.

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